Maioria dos quase 5.700 médicos reformados que se disponibilizaram ainda não foram mobilizados.
A Ordem dos Médicos considerou esta sexta-feira que os 140 médicos reformados que se ofereceram para ajudar no combate à pandemia merecem "mais respeito" e lamentou que a maioria dos quase 5.700 que se disponibilizaram ainda não tenham sido mobilizados.
O bastonário dos médicos, Miguel Guimarães, falava à Lusa depois de ter conhecimento de que o primeiro signatário da carta assinada por 140 médicos, a oferecerem-se como voluntários para ajudar o SNS, o cirurgião Gentil Martins, ter recebido um e-mail a questionar se teria interesse em colaborar com o SNS 24 em serviços de telessaúde.
No e-mail a que a Lusa teve acesso pode ler-se: "o Ministério da Saúde recebeu, através da Ordem dos Médicos, a sua manifestação de interesse em participar de forma voluntária no esforço de resposta à pandemia covid-19, contribuindo assim para reduzir a elevada pressão a que o Serviço Nacional de Saúde está sujeito".
Neste âmbito, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde referem que se o médico estiver interessado em colaborar no SNS 24, deve preencher um formulário até 20 de fevereiro, ficando numa bolsa de voluntários. Contactado pela Lusa, Gentil Martins, 90 anos, disse que se dispôs a ajudar, mas dentro das suas competências e não para uma função para a qual não está preparado.
"Eu quero ajudar naquilo em que sou competente, não é ser telefonista, dar conselhos pelo telefone sobre patologias que nem sequer conheço", disse o cirurgião, que realizou várias operações de separação de gémeos siameses. No seu entender, o Estado tinha que fazer "um levantamento das qualificações das pessoas, o que foi a sua vida", para poder aproveitar as suas especificidades "e não uma coisa geral igual para todos". "Consultas pelo telefone é a última coisa que a gente quer, a gente quer o contacto com as pessoas, o diálogo e a observação", sublinhou Gentil Martins, lamentando que venham médicos estrangeiros quando "há milhares de portugueses a querer ajudar".
Por seu vez, Miguel Guimarães disse que ficou "um bocadinho chocado" quando ouviu a ministra da Saúde a falar sobre a lista dos médicos reformados, em que se limitou a dizer que a enviou para a Administração Central do Sistema de Saúde e para as Administrações Regionais de Saúde (ARS). "Isto causa alguma confusão porque não é uma lista de produtos farmacêuticos ou uma lista de amendoins. É uma lista de médicos e a forma como os responsáveis políticos falam destes médicos obviamente que merece mais respeito", vincou.
Segundo o bastonário, perto de 5.700 médicos que trabalham fora do SNS responderam aos dois apelos da OM, entre março e novembro, para ajudarem no combate à pandemia, mas Miguel Guimarães disse não saber quantos foram aproveitados. "O facto de o Ministério da Saúde não os ter até agora mobilizado, ou seja, ter aceitado aquilo que foi a oferta que os médicos fizeram, seja como voluntariado ou não, é uma situação no mínimo estranha e que obviamente não honra também a resposta que o país está a dar", sublinhou. "Alguns dos médicos têm-se dirigido a mim a lamentar que, apesar de ser terem oferecido para ajudar, o Ministério da Saúde não tenha utilizado, numa fase tão difícil para o país, a sua capacidade da sua área específica", contou.
Estes médicos podiam ser utilizados nos hospitais, na saúde pública e nos centros de saúde para "libertar os médicos de família para ver os seus doentes e para a porta principal do SNS continuar aberta e não a fechar". "Um país que não consegue organizar as coisas em condições (...) estando nós com falta de pessoas, tendo a senhora ministra da Saúde falado nisso várias vezes, não utilizar os recursos humanos que temos é lamentável", sublinhou. Por outro lado, rematou, "é oferecida ajuda dos estrangeiros e nós aceitamos".
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