Pessoas mais "tranquilas, otimistas e bem-dispostas" têm maior capacidade para continuarem sexualmente ativas.
1 / 3
A situação de isolamento social causada pela pandemia de covid-19 tem diferentes impactos sobre a sexualidade dos portugueses, segundo três especialistas consultadas pela agência Lusa, sendo esperada a redefinição dos conceitos de intimidade e de espaço pessoal.
"O conceito de intimidade, de espaço pessoal e de intimidade sexual serão necessariamente redefinidos", afirma Patrícia Pascoal, presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica (SPSC), apontando também para a "revisitação da noção de contágio, de proteção e de sexo seguro".
Como os comportamentos sexuais diferem muito de pessoa para pessoa, em tempos de normalidade, a situação de exceção causada pelo surto do novo coronavírus também tem efeitos muito distintos sobre a população sexualmente ativa, e de acordo com os diferentes contextos das relações amorosas.
"Há inúmeras situações, temos os solteiros, os casais sem filhos, os casais com filhos (de diferentes idades), os que acabaram de ser pais, os casais separados, os casais que moram com avós, e todos vão ter diferentes oportunidades, e reações, perante esta situação específica, em que há um dever de confinamento", realça a sexóloga Marta Crawford, vincando que há várias realidades também em função das especificidades profissionais e das personalidades.
Segundo a sexóloga, em geral, as pessoas mais "tranquilas, otimistas e bem-dispostas" têm maior capacidade para continuarem sexualmente ativas, mesmo em períodos mais difíceis, enquanto as pessoas "mais receosas, mais medrosas e mais preocupadas, até com a questão do emprego", têm menos disponibilidade para sexo. Algo que, sublinha, é agora ainda mais provável devido à "ansiedade extra que esta doença trouxe".
Por seu turno, Joana Almeida, psicóloga clínica e terapeuta sexual, assinala que, por causa da pandemia, vai haver um aumento das dificuldades financeiras e das dificuldades emocionais, com influência negativa sobre os comportamentos sexuais.
Entre as dificuldades emocionais, a especialista destaca o luto de pessoas próximas que tenham falecido com covid-19, e as consequências negativas do isolamento social, que podem amplificar problemas psicológicos preexistentes.
"Secundariamente às dificuldades gerais que esta situação impõe, as relações e a intimidade, e as relações sexuais no contexto de relações amorosas, surgem e acontecem no contexto de vida geral em que as pessoas vivem e não podem ser analisadas isoladamente", frisa.
Certo é que a capacidade de adaptação de cada um ao novo contexto vai ser decisiva ao nível da sexualidade, e as novas tecnologias vão ser muito úteis, sobretudo, para as pessoas que estão sozinhas neste período.
"O 'sexting' [mensagens de conteúdo sexual] pode ter um aumento e ganhar força, especialmente, nas relações sem coabitação, assim como a sexualidade e relação sexual mediada pelos computadores", salienta Patrícia Pascoal.
Também Marta Crawford considera expectável haver um aumento do consumo de pornografia, dos "jogos virtuais", e da masturbação, sobretudo, para as pessoas que estão sozinhas.
Quanto aos casais que estão juntos em casa, podem aproveitar para passar um "tempo de qualidade, de descoberta do outro, de criação de novos hábitos e de exploração da criatividade para dar resposta a uma situação tão trágica", afirma Joana Almeida.
E acrescenta: "Sozinhos ou em casal, este isolamento traz tempo para olhar para dentro e para nos conhecermos mais a nós próprios. As fragilidades e a resiliência".
Sobre a possibilidade de haver um aumento do número de divórcios, as especialistas "jogam à defesa", considerando que ainda é prematuro antecipar esse cenário.
"Na China houve uma subida da taxa de divórcios. Mas os chineses são diferentes dos ocidentais. Se num casal já havia vontades de seguir caminhos diferentes, é mais provável que aconteça. Os que já tinham problemas, e os que tinham mas tentavam ignorá-los, vão discutir mais, até porque estão mais tensos", lança Marta Crawford.
Já Joana Almeida refere que, "talvez, muitos casais tomem decisões que estavam pendentes, adiadas, pensadas, mas ainda não processadas" para romper a relação, mas vinca que, durante a última crise económica, por "precariedade e dificuldades financeiras", muitos casais não se divorciaram.
E remata: "Alguns casais podem sair mais fortes desta crise, outros sairão mais fragilizados, depende do funcionamento prévio. Tal estará mais relacionado com a vida de casal anterior à pandemia de covid-19 do que com a própria pandemia".
Em Portugal, segundo o balanço feito na segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 535 mortos de covid-19.
Dos infetados, 1.187 estão internados, 188 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 277 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.