Manifestantes mostravam as mãos pintadas de vermelho e usavam um microfone e colunas de som para ler testemunhos de profissionais de saúde palestinos.
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Duas dezenas de manifestantes, entre os quais profissionais de saúde, juntaram-se este sábado para protestar contra a participação da Associação Médica Israelita na Assembleia Geral da World Medical Association (WMA), que está a ocorrer na cidade do Porto.
Nas traseiras do hotel onde tinha lugar o evento médico, na zona do Freixo, os manifestantes mostravam as mãos pintadas de vermelho [a simular sangue], vestiam batas hospitalares e usavam um microfone e colunas de som para ler testemunhos de profissionais de saúde palestinos.
Para a médica e ativista Lokas Cruz é importante começar por esclarecer que o cessar-fogo anunciado nos últimos dias "não implica que qualquer tipo de justiça tenha chegado à faixa de Gaza" onde há "uma destruição completa do sistema de saúde em ataques intencionais de Israel às instituições de saúde e a profissionais".
Uma investigação "séria" sobre o "envolvimento de profissionais de saúde israelitas como atores de tortura nas prisões", a expulsão da Associação Média Israelita da WMA, o apoio à reconstrução de toda a infraestrutura médica destruída em Gaza, a constituição de uma associação médica palestiniana e a criação de um canal anónimo para que médicos israelitas possam fazer denúncias são as "exigências" destes ativistas, naquele que é já o segundo dia de ações.
Na quarta-feira, especificou Lokas, também se juntaram em frente à Câmara Municipal do Porto para protestar contra o evento de abertura desta convenção médica, que junta representantes de todo o mundo.
"Não há lugar para o genocídio na medicina", "1.500 profissionais de saúde assassinados" e "os médicos israelitas têm sangue nas mãos" eram algumas das frases inscritas em cartazes dos manifestantes.
Inês Mendonça, que ajudou à organização do protesto, especificou à Lusa que já vários profissionais de saúde que participam no evento lhes deram uma "palavra de apoio", como a delegação da Finlândia, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Sudão.
"O bastonário da Ordem dos Médicos [Carlos Cortes] disse que não tinha recebido o nosso mail [de protesto] e depois deu-nos a oportunidade de escrever uma carta com as nossas ideias e com os nossos pedidos para esta Assembleia e foi isso que fizemos", acrescentou.
O mesmo foi corroborado pela médica Beatriz Matos, que lamentou "a ausência de qualquer tipo de resposta" por parte da Ordem dos Médicos portuguesa.
"Já não é a primeira vez que dirigimos alguma carta ou alguma ação à Ordem dos Médicos para falar sobre a Palestina e sobre o genocídio que está a acontecer em Gaza. E já a primeira vez foi em 2023, mas não houve qualquer resposta", garantiu, dizendo que "desta vez" acusaram a receção da carta enviada.
Mesmo que esta ação possa não colher frutos, as ativistas congratulam-se com a discussão que têm conseguido gerar "tanto dentro como fora de portas".
"Há esta ideia de que a medicina é neutra. Mas a partir do momento em que existem instituições públicas que servem o Estado de Israel - que é um Estado colonial, um regime de apartheid, uma ocupação - tudo isso deixa de existir, ou seja, não existe neutralidade. Estamos a ser cúmplices de um sistema que assassina e tortura", concluiu Lokas Cruz.
Desde que, na sexta-feira ao meio-dia (hora local), entrou em vigor o cessar-fogo acordado entre Israel e o Hamas, milhares de pessoas estão a regressar dos seus abrigos no sul para a cidade de Gaza, onde permaneceram apenas cerca de 250.000 dos mais de um milhão de residentes, devido à operação israelita para invadir a cidade.
Já morreram mais de 67 mil palestinianos desde que Isarel lançou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza, desencadeada por um ataque do Hamas em Israel há dois anos, que causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
Israel enfrenta acusações de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, que nega.
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