Para o sindicato, não é também admissível que as unidades técnicas da PJ sejam dirigidas por pessoas vindas da carreira de investigação criminal.
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A greve nacional dos peritos forenses da Polícia Judiciária (PJ) que esta sexta-feira decorre regista uma adesão a rondar os 80%, segundo o sindicato, que reivindica uma carreira própria e acusa a direção nacional de subalternizar estes profissionais.
Em protesto em frente à sede nacional da PJ, dezenas de peritos forenses vindos de vários pontos do país reuniram-se em torno de uma ideia que justifica a concentração e que podia ler-se nas t-shirts pretas que envergavam "Especialistas de 1.ª; Carreira de 2.ª".
Em causa, explicou o presidente da Associação Sindical dos Peritos Forenses da PJ (ASPF-PJ), estão questões de diferenciação de carreiras dentro da própria PJ, tendo José Gonçalves afirmado que a complementaridade de serviços" entre investigação criminal e ciência forense "está sob ataque" pela direção nacional desta polícia.
Os peritos forenses reivindicam uma carreira própria, que os diferencie de outros profissionais não especialistas incluídos na carreira de Especialista de Polícia Científica, onde se incluem, por exemplo, administrativos.
Criticam também um sistema de avaliação diferenciado entre as carreiras da PJ -- Segurança, Investigação Criminal, Especialista de Polícia Científica -- e a diferenciação no suplemento de missão, alterado em 2023, que motivou aumentos salariais elevados na PJ, que provocaram a contestação e pedidos de equiparação de outras forças de segurança, mas que não foram iguais para todos os profissionais da PJ.
José Gonçalves referiu, a título de exemplo, os colegas de laboratório que lidam com explosivos instáveis e que correm riscos maiores do que muitos inspetores da investigação criminal.
"Estas diferenças artificiais foram criadas pela Direção Nacional. Nós não compreendemos onde é que eles foram arranjar as diferenças de conteúdo. Durante 32 anos recebemos o mesmo suplemento de risco", criticou José Gonçalves.
Para o sindicato, não é também admissível que as unidades técnicas da PJ sejam dirigidas por pessoas vindas da carreira de investigação criminal.
"As unidades policiais têm autonomia técnica e científica. Não podem estar sujeitas a pressões da parte de quem investiga. É certo que estes dirigentes, neste momento, não estão a investigar, mas eles são sempre dessa área de investigação", alertou.
Essas unidades eram tradicionalmente dirigidas por peritos forenses e "agora, de repente, as três estão a ser dirigidas por pessoal de investigação criminal", disse o dirigente sindical, lamentando o que classificou como uma "desvalorização constante".
"Vemos uma subalternização da nossa carreira perante a carreira de investigação criminal", criticou.
José Gonçalves diz que os pedidos de reunião à direção nacional da PJ estão sem resposta, assim como o pedido dirigido ao Ministério da Justiça e à ministra Rita Alarcão Júdice. Já foram também pedidas reuniões aos grupos parlamentares.
"Nós estamos aqui porque ao fim de cinco anos não tivemos qualquer resposta às nossas reivindicações. Nada. E muito pelo contrário. Vemos uma vontade desta direção nacional (...) de ainda nos querer prejudicar mais", disse José Gonçalves, explicando que a greve de hoje "é o último recurso".
A greve nacional de um dia terá tido uma adesão média a rondar os 80%, segundo dados recolhidos até 13:00, hora em que se iniciou a concentração, com pontos onde era de 100%, com apenas os serviços mínimos a serem cumpridos, e outros onde a adesão se fixou nos 50%.
"Hoje o trabalho não se faz. Segunda-feira cá estaremos a fazer o nosso trabalho. Mas hoje inicia-se também uma greve ao trabalho suplementar. E com essa greve ao trabalho suplementar, algum trabalho, principalmente no exterior, como buscas que são feitas mais cedo, uma hora mais cedo, esse trabalho vai ficar seriamente comprometido", disse o presidente do sindicato.
Os peritos em protesto iram ainda hoje concentrar-se frente ao Ministério da Justiça, no Terreiro do Paço, com início previsto para as 15:00.
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