Cerca de 300 crianças e jovens fugidos da guerra na Ucrânia inscreveram-se nas escolas portuguesas desde o início do conflito.
A Ordem dos Psicólogos defende que a integração das crianças refugiadas nas escolas deve ser feita com a maior brevidade possível, para que possam criar rotinas e até novos amigos.
Cerca de 300 crianças e jovens fugidos da guerra na Ucrânia inscreveram-se nas escolas portuguesas desde o início do conflito, segundo um balaço feito na quarta-feira pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.
Para os psicólogos, o primeiro objetivo deverá ser "estabelecer o mais rapidamente possível algumas rotinas mínimas, que passam por receber estas crianças nas escolas", disse à Lusa Tiago Pereira, membro da direção da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP).
Ali, vão encontrar mais um suporte social, podem "criar uma rede de amigos e brincar com outras crianças". Numa primeira fase, o currículo não será uma prioridade.
A OPP já está a trabalhar para vir a apoiar estas crianças e garante que as escolas portuguesas têm profissionais disponíveis, disse Tiago Pereira.
Os psicólogos esperam, no entanto, poder contar com elementos da comunidade local que falem ucraniano para que a língua não seja um entrave à sua intervenção.
"Estamos a fazer um levantamento dos psicólogos falantes de ucraniano em Portugal que possam ser integrados nas equipas e também temos incentivado as autoridades portuguesas a que recorram a quem possa servir de mediadores nas escolas", avançou Tiago Pereira.
Nos casos em que tal não se revele possível, o psicólogo acredita no poder de outras formas de comunicação: "A língua pode ser um obstáculo, mas as emoções são universais e as crianças têm uma grande capacidade de adaptação".
A intervenção dos psicólogos vai variar consoante a vivência de cada criança. Cada um transporta consigo uma história que condiciona a abordagem dos psicólogos.
Tiago Pereira lembrou que há quem tenha saído do país antes do início do conflito, enquanto outros abandonaram as suas casas já em plena guerra. Quase todos deixaram familiares para trás -- irmãos, pais, avós ou tios - mas há quem tenha escolhido Portugal porque também tem cá família.
A tudo isto, soma-se a idade das crianças e a forma como os familiares os conseguiram proteger dos impactos do conflito armado.
"Na escola será possível trabalhar algumas competências, mas as crianças que vivenciaram experiências muito traumáticas terão que ser encaminhadas para a psicologia clínica para trabalhar essas questões mais traumáticas", explicou Tiago Pereira.
A chegada de crianças ucranianas às escolas portuguesas será benéfica para elas, mas também para os alunos que as recebem, acrescentou o representante da OPP.
"A perspetiva de virem a ter colegas vindos da Ucrânia será positivo no sentido de se conseguir promover a empatia, a compaixão e envolver as crianças, que têm acompanhado a situação através das notícias e até das conversas em casa", lembrou.
Juntos, vão descobrir que, apesar das diferenças e da língua que os separa, têm muitos interesses em comum: "Ambos gostam do Frozen, do Harry Potter ou do Tiktok", exemplificou Tiago Pereira.
O ministro da Educação voltou a garantir esta semana que as escolas portuguesas - algumas até com aulas de ucraniano - estão preparadas para receber estes alunos.
Todos os refugiados beneficiam da ação social escolar, disse o ministro, acrescentando que o setor social e solidário também está "a trabalhar" para que os mais novos possam frequentar as creches.
Portugal concedeu até hoje 12.642 pedidos de proteção temporária a pessoas chegadas da Ucrânia em consequência da situação de guerra, segundo a última atualização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
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