Intervenções cirúrgicas deixam de ser realizadas em sete unidades de saúde, a partir de abril.
A Ordem dos Médicos considera que a decisão de restringir o tratamento cirúrgico ao cancro da mama em sete Unidades Locais de Saúde terá um impacto negativo no acesso da população e pode pôr em causa a formação médica.
Em declarações à Lusa a propósito da decisão da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) de retirar cirurgias ao cancro da mama de sete unidades de saúde a partir de abril, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, lamenta que a instituição que representa não tenha sido consultada e alerta para os efeitos adversos a vários níveis.
"Nós concordamos com a concentração de recursos para uma maior diferenciação, mas isto tinha de ser estudado de outra forma. Tem de ser estudado neste aspeto da acessibilidade, em primeiro lugar. (...) Muitos dos casos são hospitais do interior do país e isso é mais um fator de desertificação e de não apoio, em termos de cuidados de saúde, às mulheres que estão no interior do país", afirmou Carlos Cortes.
Além disso -- continuou -- "há a questão da diferenciação, que se perde nessas unidades".
"Obviamente que os médicos não vão querer ir para áreas que não têm diferenciação e, não havendo a áreas mais diferenciadas, (...) esses locais vão ter dificuldades em dar resposta aos médicos internos, portanto, a formação aí vai ser posta em causa", explicou.
Na deliberação que altera a rede de referenciação para a cirurgia da neoplasia da mama, cujo conteúdo foi divulgado na quinta-feira pelo jornal Público, a DE-SNS define que, a partir de dia 1 de abril, só podem realizar operações ao cancro da mama as unidades locais de saúde que façam pelo menos cem cirurgias por ano e que tenham dois ou mais cirurgiões dedicados.
Esta sexta-feira, em comunicado, a Ordem dos Médicos (OM) diz que esta "relevante decisão técnico-científica" surpreendeu os presidentes dos colégios de especialidade de Cirurgia Geral, Jorge Paulino, de Ginecologia / Obstetrícia, José Furtado, e de Oncologia Médica, Luís Costa, e alerta para possíveis dificuldades de resposta nas unidades que vão receber os doentes daquelas que deixam de fazer cirurgias.
"Embora não tenha conhecimento do documento, a OM alerta para a necessidade de garantir a capacidade das unidades hospitalares para onde serão encaminhados estes doentes, para os receber e tratar, muitas delas atualmente com dificuldades de resposta atempada nesta área", considera.
Além disso -- sublinha --, "o tratamento do doente oncológico não se limita à cirurgia. Há um conjunto de consultas de acompanhamento, de técnicas terapêuticas e de diagnóstico que têm de ser acauteladas".
A OM considera igualmente que a decisão contribui para reduzir a acessibilidade das populações, em particular em zonas mais periféricas, "onde o acesso a cuidados de saúde diferenciados já é mais reduzido" e "penaliza ainda estas populações, obrigando os doentes a deslocações desnecessárias".
Sublinhando que se trata de uma decisão surpreendente "numa área em que Portugal é um exemplo internacional pelos bons resultados obtidos", Carlos Cortes destaca ainda um "aspeto curioso" na decisão da DE-SNS: "São três hospitais da região centro que estão junto uns dos outros - Castelo Branco, Guarda e Covilhã - e poderia haver aqui outra solução".
"Se há poucas cirurgias, [a opção devia ser] concentrar a atividade dos três hospitais num dos três e não obrigar a fazer aquilo que este documento está a fazer, que é colocar ainda mais pressão sobre, por exemplo, os hospitais de Coimbra", afirmou o bastonário.
Na nota esta sexta-feira divulgada, a OM salienta ainda que algumas destas ULS "já apresentam limitações em vários serviços e dificuldades em reter médicos", uma situação que diz poder agravar-se com esta decisão.
A deliberação da Direção-Executiva do SNS, presidida por Fernando Araújo, refere que as Unidades Locais de Saúde do Oeste, Cova da Beira, Guarda, Castelo Branco, Baixo Mondego, Barcelos/Esposende e Nordeste vão deixar de fazer estas cirurgias.
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