"É um sacrifício que vale a pena, lava a alma", dizem os peregrinos.
Edson Gomes trocou Cabo Verde por Portugal durante cinco dias para viver a experiência de ser peregrino num país desconhecido. Rumou ao Santuário de Fátima e aí, por duas noites, dormiu ao relento na companhia de outros fiéis.
"Via sempre a peregrinação na televisão, decidi que um dia tinha que vir a Fátima e este ano arrisquei e aqui estou", afirmou o peregrino que, desde segunda-feira, tem por cama uma toalha estendida no chão em frente ao edifício da reitoria do santuário.
Natural de Cabo Verde, Edson Gomes, de 31 anos, não trouxe na bagagem promessas para cumprir, nem "pedidos especiais" que queira ver atendidos pela Virgem.
"Vim à aventura, sem conhecer o caminho e com algum receio de me perder, porque os caminhos deviam estar melhor sinalizados", recorda, aludindo à peregrinação iniciada no dia 05, depois de aterrar em Portugal.
De mochila às costas, arrancou de Entrecampos (Lisboa) para uma caminhada que antevia solitária e que culminou às 11:30 da manhã de segunda-feira com a chegada ao santuário.
O percurso acabou por ser, afinal, menos solitário, dado ter encontrado "a companhia de alguns grupos de peregrinos" e, na reta final, ter sido feita em conjunto com "um senhor que faz peregrinações há oito anos e conhece bem o caminho".
Já no santuário, de novo entregue à sua sorte, foi no chão em frente ao edifício da reitoria que encontrou abrigo por duas noites passadas ao relento para assistir às celebrações de 12 e 13 de maio.
"Adormeci aqui sozinho, mas quando acordei, por volta das seis da manhã, já isto estava cheio de gente em sacos cama", declarou.
Seis deles, três homens e três mulheres, tinham chegado às 03:00 e ocupado o recinto que nos últimos anos lhes tem servido de abrigo em todas as peregrinações.
Do grupo oriundo de Azambuja, só Teresa Duarte, de 59 anos, ali pernoitou pela primeira vez.
"Há 29 anos que venho e fico sempre em hotéis, mas estas amigas falavam de dormir na rua com tal comoção que quis experimentar", afirmou.
Ao fim de duas noites poucas dúvidas lhe restam de que "é um sacrifício que vale a pena, lava a alma e ajuda a recarregar baterias para o ano inteiro".
O cenário de peregrinos em sacos-cama ou tapados com cobertores repetiu-se, nas duas últimas noites, por vários espaços nas alamedas laterais do santuário ou sob a cobertura da Basílica da Santíssima Trindade.
Aí dormiu, na última noite, António Jacinto, de 47 anos, e dois sobrinhos, de 21 e 27 anos, estes últimos "estreantes nestas andanças", mas "fascinados com o ambiente de fé" que encontraram no santuário.
Ao contrário dos sobrinhos, António sabe bem "os riscos de dormir ao sabor dos caprichos da natureza".
"Numa peregrinação de outubro choveu toda a noite e acabei ensopado, mas nem por isso deixei de cumprir a minha promessa e de só voltar para casa [em Aveiro] no fim de todas as celebrações", acrescentou.
Comum a todos os peregrinos que escolheram o chão do recinto para passar a noite é o sentimento de que "o importante é estar presente e fazer as orações".
Com quarto marcado ou preparados para dormir ao relento, todos garantem que, em maio do próximo ano, voltarão.
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