Estudo conclui que situação cria riscos éticos e operacionais relevantes para profissionais e organizações.
Quase metade dos profissionais de comunicação e relações públicas usa IA de forma massificada, mas falta formação e governança, segundo o relatório do Observatório Social para a Inteligência Artificial & Dados Digitais que esta terça-feira é divulgado.
"O estudo, baseado em 123 respostas de profissionais de agências de comunicação e departamentos corporativos, revela que quase metade dos comunicadores utiliza IA diariamente e mais de 90% afirma ter já algum nível de familiaridade com estas tecnologias", lê-se no "Profissionais de Comunicação e Relações Públicas & Inteligência Artificial".
No entanto, a adoção da tecnologia "não é acompanhada por formação qualificada nem por políticas internas claras, o que cria riscos éticos e operacionais relevantes para profissionais e organizações", conclui o estudo.
"A generalização do uso da IA na comunicação aconteceu mais depressa do que a capacidade das organizações para a enquadrar do ponto de vista ético e estratégico", afirma Alda Telles, investigadora do ICNOVA e coordenadora do estudo, citada em comunicado.
Segundo o estudo, a IA tem uma adoção elevada, mas a maturidade é baixa. Ou seja, a inteligência artificial é usada maioritariamente em tarefas de tradução automática, produção de texto, pesquisa e transcrição, mas "continua a ser pouco explorada em áreas mais técnicas como distribuição de conteúdos, análise de dados, mensuração ou gestão de redes sociais".
Apesar da maioria dos profissionais reconhecerem os ganhos de eficiência e rapidez da tecnologia, "o potencial estratégico da tecnologia continua largamente subaproveitado".
O estudo identifica falhas na formação e nas políticas internas.
"Quase 50% dos profissionais declara nunca ter recebido formação em IA" e, paralelamente, apesar de "97% considerar essencial a existência de políticas internas para o uso de IA, apenas cerca de 30% das organizações disponibiliza diretrizes formais, um desfasamento que evidencia um problema de governança".
A larga maioria dos inquiridos (92%) apontam "impacto ético significativo ou muito significativo do uso de IA nas práticas de comunicação", onde o rigor dos factos, plágio e responsabilidade profissional surgem como os temas mais críticos, segundo o estudo.
Quase metade dos profissionais "teme a substituição da função por entidades externas mais capacitadas tecnologicamente".
"A ética e o rigor continuam a ser a base estrutural do trabalho das agências. A IA pode potenciar produtividade, mas exige regras claras para que nunca comprometa a integridade dos conteúdos nem a confiança dos clientes", afirma a presidente da Apecom - Associação Portuguesa das Empresas de Comunicação, Domingas Carvalhosa, citada no comunicado.
"O estudo conclui que o setor está, por agora, a beneficiar sobretudo de ganhos táticos decorrentes da IA, mas que é necessário evoluir para um uso mais estratégico e responsável, ancorado em políticas de transparência, revisão humana sistemática e formação contínua", lê-se no documento.
O relatório apresenta um conjunto de recomendações às empresas, associações profissionais e entidades públicas, entre os quais a "criação de 'guidelines' de ética e uso responsável de IA, com rotulagem obrigatória de conteúdos gerados ou assistidos por IA e colaboração entre empresas e associações setoriais" e a "formação contínua e criação de percursos avançados para perfis especializados ('champions de IA') nas equipas".
Inclui ainda a "revisão de currículos académicos para integrar IA, ética e pensamento crítico de forma transversal" e "incentivos públicos a PME para adoção segura de IA".
A inteligência artificial, pelo seu impacto, "deve ter, pelas organizações, um modelo claro de governança que incorpore ética, transparência, responsabilidade e sobretudo critério humano. Prova desta preocupação é a APCE ser signatária do Venice Pledge da Global Alliance sobre IA", afirma António Rapoula, vice-presidente da APCE - Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa, citado no comunicado.
O questionário esteve em campo durante 70 dias, entre março e maio de 2025, com distribuição realizada em parceria com a APECOM e a APCE. Foram validadas 123 respostas, analisadas com nível de confiança de 95%.
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