Anunciantes contra fim da publicidade na RTP alertam para saturação do mercado

APAN refere que já existe uma saturação dos blocos publicitários nos principais meios privados.

11 de outubro de 2024 às 14:45
RTP Foto: Pedro Catarino
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A Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN) manifestou-se esta sexta-feira contra o fim da publicidade na RTP e alertou para a saturação do mercado e possível desvio de verbas para plataformas digitais internacionais.

"Somos contra a medida, claramente somos contra a medida, porque achamos que esta medida tem consequências diretas negativas para todo o mercado", afirmou o secretário-geral da APAN, Ricardo Torres Assunção, em declarações à agência Lusa.

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O responsável da entidade que representa mais de 95 anunciantes e 80% do investimento publicitário em Portugal começou por lamentar que o Governo tenha tomado uma decisão destas sem consultar quem investe nos órgãos de comunicação.

"E não é uma parte qualquer, é a parte onde está o dinheiro", sublinhou.

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A APAN alertou que já existe uma saturação dos blocos publicitários nos principais meios privados, que esta medida vai acentuar, podendo dar origem a uma "pressão inflacionária" nos espaços publicitários em horário nobre.

"Hoje em dia, sabemos que os consumidores estão em múltiplos meios e as análises dos investimentos de 'media' são ponderadas e controladas e avaliadas até ao último cêntimo", apontou Ricardo Torres Assunção, alertando que poderá deixar de ser atrativo para os anunciantes continuar a investir na televisão, com risco de desvio daquelas verbas para plataformas digitais.

Para a associação, as marcas têm também um papel fundamental na sociedade, porque são elas que, por vezes, começam a abordar questões 'tabu', como, por exemplo, saúde mental, ou a menopausa.

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"Estamos a tirar o acesso a esse conteúdo a quem vê a RTP", apontou o secretário-geral da APAN.

A associação disse que quer ser ouvida e vai contactar o Governo, para que a discussão se faça "a três, e não a dois", envolvendo o executivo, os órgãos de comunicação social e quem investe neles.

"Esperamos que o Governo perceba que desprezar 80% do que é o investimento publicitário em Portugal - e como sabemos os meios de comunicação social estão muito dependentes do investimento publicitário - não me parece que tenha sido muito pensado esquecer uma parte importante nesta negociação", realçou o responsável.

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A associação disse que os anunciantes que o com o modelo atual de distribuição do mercado publicitário nas televisões, em que a RTP tem menos espaço do que os privados, é equilibrado, apesar de alguma saturação, mas manifestou-se disponível para discutir outras soluções.

O fim da publicidade na RTP, que será um processo gradual, é uma das 30 medidas do Plano de Ação para a Comunicação Social que foi apresentado, na terça-feira, pelo ministro da tutela, Pedro Duarte, e uma das quatro relativas à empresa.

Esta medida vai ter um impacto na redução de receita anual nos próximos três anos de aproximadamente 6,6 milhões de euros, segundo o plano para os media a que a Lusa teve acesso.

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O presidente da RTP, Nicolau Santos, considerou que o fim da publicidade "significa perda de relevância" da empresa e recordou que esta muitas vezes serviu de estabilizador do mercado publicitário.

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