Autores "ameaçados" debatem IA "sem filtros"
José Jorge Letria denunciou preocupações do setor e alertou para a necessidade de criar legislação e formas de vigilância para responder adequadamente aos novos desafios.
José Jorge Letria, presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, manifestou ontem, na abertura do encontro ‘Entre a Arte e o Algoritmo: Do Medo à Descoberta’, a sua preocupação sobre o impacto da IA no trabalho dos criadores.
“Quase diariamente recebo queixas de autores que se sentem ameaçados e vilipendiados pela intromissão dos mecanismos da IAnos seus específicos domínios criativos”, começou por denunciar.
“Precisamos de estar atentos e bem guarnecidos com legislação e vigilância para responder adequadamente”, instou, considerando “necessário e urgente criar os mecanismos jurídicos que permitam conciliar interesses contraditórios e por muitos tidos como não articuláveis”, alertou.
Por considerar que quanto mais se fala do problema mais ‘treinadores de bancada’ vêm “ver o que se passa e dar palpites e opiniões” havendo muitos “disparates misturados coma abordagem técnica e científica da realidade”, a SPA lançou ontem um podcast com uma série de conversas com criadores portugueses sobre a IA. Pode ser visto e ouvido nas plataformas digitais da cooperativa a partir de dia 12.
O encontro de ontem contou com a intervenção de Arlindo Oliveira, presidente do Instituto de Sistemas e Computadores (INESC), do escritor Gonçalo M. Tavares e do compositor Pedro Abrunhosa. Diversos outros autores foram ouvidos via web, como Tozé Brito, Paulo Furtado ou Rita Redshoes. Arlindo Oliveira explicou o funcionamento dos mecanismo da aprendizagem automática e a forma como são treinados para extrair e catalogar informação de tudo aquilo que já foi produzido nas mais variadas áreas, da ciência à literatura. Todavia, deixou uma nota de esperança: "o facto da tecnologia produzir não quer dizer que nós não continuemos a escrever e a compor com a nossa particular sensibilidade". Mais complexa será "a sobrevivência do jornalismo" ou o "destrinçar dos direitos de autor".
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