José António Saraiva escreveu a última crónica uma semana antes de morrer

Jornalista referiu não saber se aquele era um ‘adeus’ ou um ‘até já’: “Não quero dizer uma despedida, o tempo o dirá se tiver condições para voltar a escrever”.

06 de março de 2025 às 16:09
José António Saraiva Foto: Duarte Roriz
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José António Saraiva, ex-diretor do ‘Expresso’ e fundador de ‘O Sol’, que morreu esta quinta-feira aos 77 anos, já tinha anunciado na sexta-feira passada um interregno nas suas atividades, por razões não especificadas, mas apanhando desprevenidos os leitores e muitos dos que o seguem. Numa extensa missiva pessoal nas primeiras páginas da edição da semana passada do ‘Nascer do Sol’, com o título ‘Não é Uma Despedida’, o fundador e conselheiro editorial da publicação recordou a forma como, apesar de ser arquiteto de formação, entrou nas lides dos jornais, com apenas 17 anos (no ’Diário de Lisboa Juvenil’).

Ao longo do texto, falou dos principais projetos por onde passou (‘Expresso’, ‘O Inde- pendente’ e ‘O Sol’), da sua relação com a escrita e com o jornalismo, e recordou os muitos que foi conhecendo ao longo do seu percurso nos jornais - como Mário Castrim, Vicente Jorge Silva, Vítor Rainho, Ana Paula Azevedo ou Henrique Monteiro -, ou gente das letras com quem se cruzou por intermédio do pai (António José Saraiva, historiador de literatura), como os escritores Alexandre O’Neil, Ferreira de Castro ou José Cardoso Pires.

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Apesar de dizer que nunca se sentiu jornalista, diz ter vivido tempos privilegiados. “Senti-me na charneira de uma época que viveu tempos gloriosos, de vacas gordas, e que vive hoje tempos difíceis, onde só os jornalistas corajosos vão resistindo às pressões económicas e das influências. Felizmente, sempre pude escrever com independência e fidelidade às minhas ideias. Nesse aspeto, os leitores podem confiar no que escrevi. Nunca fiz nada por encomenda para promover interesses obscuros. Bem hajam os que confiaram em mim”, escreveu.

José António Saraiva referiu não saber se aquele era um ‘adeus’ ou um ‘até já’: “Não quero dizer uma despedida, o tempo o dirá se tiver condições para voltar a escrever”.

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