Morreu Baptista-Bastos, o artista das palavras
Marcou história do jornalismo português nos últimos 60 anos.
"Onde é que você estava no 25 de Abril?". Foi com esta célebre pergunta, satirizada por Herman José, que Armando Baptista-Bastos se tornou um dos mais populares jornalistas portugueses das últimas décadas. Morreu ontem, aos 83 anos, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde estava internado há várias semanas.
Nasceu a 27 de fevereiro de 1934, na capital. Iniciou a carreira no diário ‘O Século’, passando depois, com 19 anos, a subchefe de redação de ‘O Século Ilustrado’. Trabalhou depois na RTP, sob o pseudónimo Manuel Trindade. Nos anos seguintes foi presença habitual em boa parte da imprensa, como jornalista, colunista ou crítico. Entre outros, passou por ‘O Diário’, ‘República’, ‘Europeu’, ‘Seara Nova’, ‘Época’, ‘Sábado’, ‘Diário Popular’, ‘Jornal de Notícias’, ‘A Bola’, ‘Jornal de Letras’, ‘Expresso’, ‘Jornal do Fundão’, ‘Económico’, ‘Público’, ‘Diário de Notícias’, ‘Jornal de Negócios’ e, mais recentemente, Correio da Manhã
Foi ainda correspondente da agência France-Presse, leu crónicas na Antena 1, Comercial, Rádio Clube Português e TSF e apresentou ‘Conversas Secretas’ e ‘Cara a Cara’, na SIC.
Ao jornalismo aliou uma prolífera obra literária. Entre ensaios, romances e crónicas, publicou, entre 1959 e 2008, mais de 20 livros, que lhe valeram distinções: Prémio Literário Município de Lisboa e Prémio P.E.N. (1987), o Prémio da Crítica do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários (2002) e o Prémio de Crónica João Carreira Bom e do Clube Literário do Porto (2006).
"Foi um grande prosador, cronista, jornalista e escritor de muita qualidade. Um brilhante polemista, um homem de esquerda, acentuadamente, um combatente", recordou o escritor Mário Zambujal, seu amigo há mais de 50 anos.
O velório realiza-se hoje, a partir das 16h00, na Sociedade Portuguesa de Autores. O funeral é amanhã, em local e hora a definir.
SAIBA MAIS 6
anos era a idade que tinha quando perdeu a mãe. Talvez por isso as mulheres foram tão importantes na sua vida.Entrevistou McCartney
Entre os momentos que gostava de lembrar, contava que entrevistou Paul McCartney, em Vila Franca de Xira, em 1965.
Amor para sempre
Conheceu Isaura quando estava desempregado, aos 26 anos. Casaram-se em 1965 e foi para sempre. Com ela teve os três filhos: Pedro, Miguel e Filipe.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt