Anders de la Motte: "Na internet não há segredos”
Anders de la Motte deixou a polícia para se dedicar à escrita e analisa os perigos que o universo online coloca a todas as pessoas.
Correio da Manhã – Após anos a trabalhar na segurança, porque é que se dedicou à escrita?
Anders de la Motte – Foi uma decisão ponderada. O meu trabalho obrigava-me a viajar e a passar muitas horas em aeroportos e hotéis e pensei se poderia começar a escrever. A minha mulher incentivou-me e aqui estou.
– Porque escolheu a segurança na internet como tema?
– Queria falar sobre as experiências que conhecia, por isso os três primeiros livros são centrados nesta temática.
– Porque é que as pessoas se expõem tanto na internet?
– A maioria gosta de ser vista e validada como parte do grupo, e as publicações que fazemos no Facebook são uma forma rápida de sentirmos que pertencemos ao grupo.
– Aquilo que guardamos na internet está seguro?
– Nada do que colocamos na internet está 100% seguro. Para a maioria, é suficientemente seguro, para as pessoas com maior risco – como as celebridades que guardam fotos de si nuas nos telemóveis – não é. A internet foi concebida para a partilha, não para guardar segredos. Se querem manter algo em segredo, não coloquem na internet.
– Quando guardamos as fotos, não as estamos a partilhar...
– Pois, mas fazemos cópias de segurança na nuvem e com fotos é sempre complicado. Portanto, se querem manter algo privado, não coloquem na internet.
– Para onde caminhamos com a partilha de tudo o que fazemos?
– Caminhamos para um estado em que esperamos que tudo seja mesmo muito rápido e que tenhamos as coisas ainda antes de saber que as queremos. Daqui a cinco anos, vai ser interessante ver o que aconteceu, provavelmente ninguém usará Facebook.
– Esta digitalização do Mundo é prejudicial às novas gerações?
– As gerações futuras terão toda a vida na internet desde que nasceram: a primeira foto, as parvoíces que fazem e dizem. Mesmo que não sejamos nós a partilhar, haverá outros a fazê-lo, e será embaraçoso quando nos candidatarmos a um cargo importante. Podemos ‘afogar’ a informação com coisas positivas, mas isso não a eliminará, e alguém acabará por a encontrar.
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