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Chego a ser patética no amor

Foi graças a ‘Donas de Casa Desesperadas’, a série de televisão mais popular dos últimos tempos, agora em exibição na SIC e no canal FOX da TV Cabo, que Teri Hatcher voltou à ribalta.

17 de junho de 2005 às 00:00

Conhecida da série ‘Lois & Clark’, a actriz esteve afastada da TV durante seis anos e só regressou ao estrelato neste peculiar e bem sucedido formato norte-americano, premiado com os Globos de Ouro em 2004. Nesta ficção, sobre as vidas de um grupo de mulheres num subúrbio americano, Hatcher interpreta Susan Mayer, uma mãe separada, autora e ilustradora de livros infantis que luta para encontrar o amor, enquanto tenta sobreviver a uma vizinhança peculiar.

- O que fez enquanto esteve afastada da TV?

- Estive a tomar conta da minha filha. Fui mãe 24 horas por dia. Criei a minha filha e isso foi uma escolha que assumi. Queria muito fazê-lo, pois a minha mãe trabalhou desde os meus três meses e não queria, de todo, fazer o mesmo. Era muito assustador pensar como me iria sentir quando fosse trabalhar. Mas isso prova também o quanto gosto desta série, pois por ela decidi correr este risco.

- E o que a fez aceitar a série?

- É um grande argumento.

- Costuma dizer-se que não há grandes personagens para as mulheres...

- Sim. Não creio que exista muito material para mulheres ao nível do que Marc [Cherry] escreveu para esta série. É raro encontrar personagens femininas tão bem definidas e por isso têm de ser apreciadas sempre que são descobertas.

- A sua personagem parece a menos desesperada da série. Ainda vai revelar alguns segredos?

- Não sei. Nunca pensei em comparar o grau de desespero das personagens. E nem sei nada do que o autor vai fazer nesse aspecto.

- O que há em comum entre Teri Hatcher e Susan, a personagem?

- Tal como a Susan, chego a ser patética no amor. Identifico-me com os problemas da Susan nos seus encontros amorosos e com a dor por que ela passa para encontrar um homem simpático. E é também a primeira vez que tenho a oportunidade de interpretar uma personagem que não é agressivamente sexy, mas sim uma pessoa normal, com os problemas das pessoas normais. Dizem que a Susan parece a menos desesperada, mas não sabem o que é ser mãe sozinha, sem encontros amorosos.

- Estava a brincar quando disse que tinha medo de voltar ao trabalho?

- Não, não estava a brincar. Quero clarificar isso, pois estamos sempre ansiosos por ter trabalho, mas só até certos limites. É difícil conseguir um papel que nos apaixone, principalmente em televisão. E quando me encontrei com os responsáveis da série, disse logo que era a melhor coisa que lera nos últimos cinco anos.

- Recusaria entrar em algumas séries?

- Admito que sim. Não vejo muita televisão e por isso não seria justo enumerar títulos. Mas assumo que não faria um trabalho qualquer.

- Há competição entre as actrizes de ‘Donas de Casa Desesperadas’, para tentar ser a protagonista da série?

- Isso é uma das mais-valias desta série. Não há protagonista. E cada personagem é tão bem escrita e tão bem definida nos seus contornos e comportamentos, que há espaço para todas.

- A sua personagem parece a mais leve...

- Os autores dizem-me que a comédia romântica vai ser uma particularidade da minha personagem. Não sei se é algo físico ou emocional, mas sei que estão a trabalhar nesse plano.

- Aprecia a oportunidade de fazer comédia?

- Dêem-me um bom papel numa boa série! Acho que não podemos estar mais orgulhosos do que quando fazemos parte de uma boa série, por isso tanto faz se a minha personagem é ou não divertida.

- Encontra algo de extraordinário nos pais que educam sozinhos os filhos?

- Definitivamente há uma dinâmica diferente entre a situação da Susan e a minha. Mas costumo pensar na maternidade em geral e digo aos meus amigos que, para não enlouquecer, temos que ter muita paciência e saber lidar com determinadas situações. Temos que deixar as coisas correr e reconhecer apenas o quão difícil pode ser realizar várias tarefas. Já vi amigas minhas, que são mães fabulosas, chegarem ao limite.

- O que faz esta série parecer tão real?

- Acho que grande parte dos sentimentos destas personagens têm suporte na escrita, nascem logo no argumento. O Marc Cherry definiu tudo muito bem, com grande subtileza. E alerta-nos para estarmos atentos a esse aspecto da escrita. É muito bom quando as coisas correm tão bem como acontece nesta série.

- Qual o segredo para que ‘Donas de Casa Desesperadas’ agrade tanto a homens como a mulheres?

- O segredo é conseguir mostrar um olhar único e peculiar de uma comunidade onde se incluem homens e mulheres. Por isso atinge os dois públicos. No início foi difícil levar os homens a ver a série, mas assim que começaram gostaram de imediato.

- Como é que se mantém tão lúcida?

- Quando se passa por muitos altos e baixos somos levados a apreciar apenas os momentos altos. Estou muito agradecida e envolvida neste projecto e por isso estou a dar estas entrevistas. Estou feliz por fazer parte desta série e não penso para além disso. É aparecer e fazer o nosso trabalho. Fazemos os possíveis por gostar das pessoas com quem trabalhamos e para que a série seja apreciada pelos telespectadores. Faz-se o melhor que se pode e depois esquece-se. O resto acontece.

- Encara a série ‘Lois & Clark’ como uma benção ou uma maldição?

- A vida é curta para que as coisas não sejam abençoadas. Podemos achar que um trabalho é horrível para a nossa carreira e outros podem entender que é bom, e adoram. Nós somos o que somos, fazemos o melhor possível e pronto. Não penso muito nisso. Sei que há muitos fãs dessa série.

SEMPRE JUNTAS: INSPIRADA NA VIDA REAL

Teri Hatcher é mãe de Emerson, de seis anos, fruto da sua relação com o actor Jon Tenney, de quem se separou em 2003. A actriz revela que “ser mãe em ‘Donas de Casa Desesperadas’” lhe permitiu passar para o ecrã toda a paixão e amor que tem pela filha.

Assegura ter passado “óptimos momentos” com a actriz que fez de sua filha na série, mas destaca: “Em caso algum teria uma relação que obrigasse a minha filha a agir como se fosse minha mãe. Isso é um elemento divertido na série, mas aí o papel de mãe e filha estão invertidos.”

A NOVA SÉRIE DE CULTO DEPOIS DE 'SEXO E A CIDADE'

Descrita como uma nova ‘Sexo e a Cidade’, ‘Donas de Casa Desesperadas’ substitui as quatro famosas nova-iorquinas por quatro domésticas suburbanas. A nova série bate recordes de audiência nos EUA e na Europa.

DONAS DE CASA DESESPERADAS

Canal: SIC

Dia: Domingos e terças

OS TROFÉUS DE TERI HATCHER

O papel de Susan Mayer, em ‘Donas de Casa Desesperadas’, valeu à actriz, de 39 anos, dois dos prémios mais cobiçados da televisão norte-americana. Hatcher recebeu o Globo de Ouro para melhor actriz em comédia e o prémio atribuído pelo Actor’s Guild, uma distinção feita pelos actores aos seus pares. A surpresa foi grande, tendo em conta que até aqui apenas participara em séries menores, como ‘Lois & Clark’ e ‘MacGyver’

PRÉMIOS E POPULARIDADE

‘Donas de Casa Desesperadas’ venceu os Globos de Ouro para série de comédia e melhor actriz. O sucesso foi tal, que o actor James Denton, teve de ser esconder, após a sua casa ter sido invadida por fãs. Para além do EUA e Reino Unido, a série é exibida em Portugal, Israel, Filipinas, Estónia e Espanha.

RETRATO DE PESSOAS NORMAIS

O mistério sobre o suicídio de Alice – amiga de Susan, Felicity, Bree e Gabrielle – só é desvendado no episódio final. Mas o êxito reside no facto de o autor, Marc Cherry, retratar o “lado negro do sonho americano” e mostrar os segredos escondidos atrás de vidas perfeitas. Cherry admitiu ter-se inspirado na própria mãe.

AUDIÊNCIAS DE UMA SÉRIE DE SUCESSO

22,8 MILHÕES DE ESPECTADORES

É o número médio de pessoas que viu cada episódio da série nos EUA. Com a exibição de ‘Donas de Casa Desesperadas’, o canal ABC aumentou em 180 por cento a audiência.

32% DE SHARE

É o ‘share’ da série quando é exibida aos domingos, na SIC. Nas noites de terça-feira (quando passa a repetição), o ‘share’ é de 28,4%

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