A edição de hoje
"Nos últimos tempos já dizia que se queria ir embora. Apesar de me deixar em baixo, sinto que ela partiu feliz.” Foi assim que Ruy de Carvalho falou ao CM dos últimos desejos da mulher, Rute de Carvalho, cujo velório decorreu ontem na Igreja de S. João de Deus, em Lisboa, e que contou com a presença de amigos e familiares.
Depois de 62 anos de vida em comum, o actor Ruy de Carvalho vê agora a mulher que sempre o acompanhou ser vencida pela doença. Rute morreu às 05h00 de domingo, no Hospital Pulido Valente, depois de na sexta-feira ter dado entrada de urgência naquela unidade hospitalar. Com 79 anos, a mulher do actor não resistiu a uma septicemia, infecção grave que rapidamente se espalha por todo o corpo. “O sofrimento era muito. Mesmo assim ainda me acenava com a mão”, diz Ruy de Carvalho, acrescentando que foi o espírito lutador de Rute que a levou a resistir a várias complicações de saúde nos últimos anos.
Desde 1999 que Rute sucumbiu a uma série de problemas que se viriam a agravar nos últimos dois anos, data em que saiu de casa para ser internada na Casa do Artista, em Lisboa.
Ruy de Carvalho lembra com saudade os momentos felizes que passou ao lado da mulher que conheceu no Conservatório Nacional, onde ele estudava teatro enquanto ela se dedicava à dança. “Não imaginam a bailarina extraordinária que a Rute era. Vou-me lembrar sempre do momento em que a conheci e dos dois filhos maravilhosos que me deu [João e Paula de Carvalho]. Fico triste, mas continuo inspirado”, disse o artista enquanto recebeu os vários amigos que ontem quiseram manifestar o seu pesar à família. Rodeado dos três netos, Ruy de Carvalho recebeu ainda a sua eterna companheira de palco – a actriz Eunice Munõz – assim como Rui Mendes, Sandra B e Artur Agostinho.
O funeral realiza-se hoje às 11h00 no Cemitério dos Olivais, antecedido de missa de corpo presente.
ARTUR AGOSTINHO
“Apesar da perda ser muito triste o Ruy já esperava o inevitável. É um homem forte.”
JOÃO DE CARVALHO
O filho, também actor, foi confortado por Ana Paula Reis.
PAULA DE CARVALHO
“Quando estive com a minha mãe pela última vez era como se já estivesse noutro sítio.”
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