A edição de hoje
Tornar a ciência acessível ao grande público é a aposta da SIC para os serões de sábado. Cláudia Semedo e Leonel Silva abrem, a partir de hoje, as portas do laboratório e explicam o ‘bê-a-bá’ das coisas mais simples… Tudo em ‘prime-time’ e sem esquecer as audiências...
No primeiro episódio de ‘Mega Ciência’, novo programa que a SIC transmite a partir da noite de hoje (sábado), Fátima Lopes mete-se num grande recipiente em que foi introduzido um produto que tem as mesmas características da areia movediça. Gravada na passada semana nos estúdios Cinemate, em Santo Antão do Tojal (Loures), a cena surpreendeu a apresentadora do ‘SIC 10 Horas’.
Ao pular sobre a massa esbranquiçada de amido de milho, os seus pés ficaram presos. Gritou, aflita. Apoiou-se nas mãos, que ficaram também presas naquela substância esquisita. Os elementos da banda de música do programa acorreram e retiraram-na em braços do recipiente. “Uf!”
As gravações desta produção ambiciosa de 13 episódios dirigida por Diogo Collares Pereira exigiram três dias de trabalho, envolvendo 90 pessoas. Um dos apresentadores, Leonel Silva, um licenciado em Química que está prestes a concluir o seu doutoramento e que se estreia em televisão, explica aos telespectadores que quando mais a pessoa se agita nas areias movediças mais se enterra, e se se deslocar vagarosamente é possível escapar. O amido de milho tem as mesmas características daquelas areias. É um tipo de material a que os cientistas chamam fluido newtoniano.
‘Mega Ciência’ transformou um laboratório num estúdio televisivo. Em cada episódio, cerca de 20 rubricas explicam com simplicidade e espectacularidade as razões dos fenómenos. E para lá do jovem Leonel, a SIC aposta em Claúdia Semedo, conhecida do grande público como repórter do magazine ‘Êxtase’ e actriz na novela ‘O Jogo’.
“Este programa é muito original no panorama televisivo português, porque se caracteriza por dar ao telespectador entretenimento com inteligência e qualidade”, explicou à Correio TV.
ENTRADA TRIUNFAL
A abertura da primeira emissão de ‘Mega Ciência’ é espectacular, mas os apresentadores e a equipa de produção tiveram que se esforçar muito para conseguir as imagens que desejavam. Leonel Silva entra no estúdio, sentado aos comandos dum ‘over-craft’ com um potente e ruidoso motor de locomoção de 180 cavalos. O público em estúdio levanta-se e aplaude-o.
A cena, que começou por ser concretizada com a entrada simultânea dos dois apresentadores, cada um no seu ‘over-craft’, só à quarta tentativa proporcionou resultados que o exigente realizador, Ricardo Espírito Santo (director do telefilme ‘Amo-te Teresa’), considerou aceitáveis.
Na primeira gravação, Cláudia Semedo, cujo motor era menos potente (40 cavalos), chocou com uma estrutura metálica do cenário e Leonel Silva foi travado a muito custo já em cima do sopé da grua. O estúdio encheu-se do fumo de escape dos motores e o público tossia e protegia o nariz com lenços. No segundo ensaio, realizado sete minutos depois, os apresentadores deram melhores provas de domínio de condução.
A tensão que exibiam nos seus rostos foi, no entanto, fatal aos propósitos de passar à cena seguinte. Além disso, a fibra de vidro que integra algumas peças do ‘over--craft’ provocou alergia a Cláudia Semedo. “Tive muita pena: adoro ‘kartings’ e todos estes engenhos, mas a alergia não me permitiu repetir a cena”, confessou Cláudia Semedo.
Na tentativa seguinte, a terceira, Leonel apareceu sozinho. Conduziu bem, mas o enquadramento das imagens foi deficiente. À quarta, foi de vez. Depois de cada um dos quatro ensaios, o responsável pelo estúdio ordenou a abertura do pesado portão do amplo estúdio da Cinemate, para que o público se recompusesse e o ar fosse renovado. Três quartos de hora haviam passado entre a primeira gravação e a definitiva. Profissional sofre…
CIÊNCIA DE PRIMEIRA
“A ciência tem sido sempre considerada entre nós como uma coisa de segunda, e com este programa abre-se uma janela para o grande público” explica à Correio TV Dias de Deus, professor do Instituto Superior Técnico e um dos seis elementos que constituem a Comissão Científica do ‘Mega Ciência’.
A ideia é partilhada por Carlos Fiolhais, professor de Física da Universidade de Coimbra, outro dos seis cientistas e, como o anterior, presente nas gravações do primeiro episódio do programa, cuja exibição terá uma hora de duração.
A Comissão Científica elaborou uma lista de cem temas sobre os quais poderiam ser realizadas experiências. O guião do programa, elaborado por especialistas, foi submetido a uma equipa de três licenciados em Física e Química, que analisaram e rectificaram os conceitos envolvidos. Carlos Fiolhais sublinha à Correio TV: “No programa, as pessoas são levadas, perante a prática, a pensar o porquê das coisas, a interrogar-se e a desejar aprender.”
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