São rostos da televisão e estão na idade de começar a pensar na reforma, mas a verdade é que ainda não se debruçaram sobre este assunto. Henrique Garcia, Mário Crespo, Ana Zanatti, Júlio Isidro, Márcia Breia, Dina Aguiar, Ana Bola e Maria João Avillez estão longe de imaginar um dia sem horários e com pouco espaço para a vida pessoal ou social.
É que, apesar do ritmo acelerado das suas vidas profissionais, eles não querem pensar num dia sem adrenalina. Alguns admitem mesmo que com uma reforma não conseguiam ter o nível de vida que têm hoje. "Não estou a pensar minimamente em reformar-me. Como não sei fazer mais nada a não ser trabalhar, ainda não pensei nisso. Faltam para aí uns 20 anos para me reformar", diz Henrique Garcia, de 64 anos. O jornalista da TVI revela ainda à Correio TV que o seu desejo é ter uma vida longa de trabalho. "Tenciono fazer como o Fernando Pessa [reformou-se com 93 anos, faleceu aos 100]", diz em tom de brincadeira. "Tenho-me portado bem... Faço uma alimentação racional", justifica. Ainda assim, insistimos: mas o que faria se se reformasse hoje? "Não morria de tédio. Há tanta coisa que ainda não fiz e que gostava de fazer. Adoro tirar fotografias... gosto de viajar. Mas também sei cavar batatas". Por ora, o que realmente ocupa a mente do jornalista da TVI é o seu trabalho no canal, bem como um outro projecto que está a produzir para deixar pronto para a direcção de Informação antes de entrar de férias. "Estou a fazer uma série de entrevistas, de conversas soltas com gente conhecida e desconhecida".
Também Mário Crespo, 65 anos, confessa que nem sequer fez cálculos para a reforma, mas conta: "É algo que contemplo com algum agrado". E porquê? "Tenho aquele grande sonho de tentar um projecto literário significativo. Como o José Rodrigues dos Santos e o Miguel Sousa Tavares. Pelo menos tentar". De resto, queria encontrar um jornal que aceitasse manter uma crónica regular e pretende continuar a dar aulas na Universidade Autónoma de Lisboa. Talvez dedicar-se mais à docência. "Não gosto de dizer que dou aulas, gosto mais de dizer que são conferências semanais com alunos do último ano de Comunicação. Na área afecta ao Jornalismo talvez seja o que me vejo a fazer", explica. Sobre o livro a escrever, revela que seria sobre uma "visão muito franca e muito modesta destes cinquenta e tal anos". O jornalista da SIC quer dar a conhecer as peripécias que viveu nos Estados Unidos, África do Sul e Portugal. Mas deixa bem claro: "Ainda não dei por encerrada a minha carreira no Jornalismo". Mas se se reformasse, diria que "continuaria a andar à vela, que é a minha ocupação espiritual".
A actriz e escritora Ana Zanatti, 64 anos, afirma: "Não faz parte dos meus projectos deixar de trabalhar. Posso dedicar-me mais a um dos ramos das minhas actividades do que a outros, mas enquanto tiver saúde não estou a pensar deixar de trabalhar, além de que as reformas em Portugal são muito baixas. Não dava para manter o nível de vida que estou habituada a ter, embora não seja muito gastadora".
Já o grande rosto do entretenimento televisivo Júlio Isidro, 67 anos, é peremptório: "Quero mesmo levar a minha actividade de comunicação social até ao limite da minha capacidade intelectual. Nunca fui funcionário da RTP, mas sou de mim próprio e, portanto, funciono naquela base: quem não trabalha não come. O que faz com que me estimule todos os dias, com a capacidade de ganhar a vida e de estar vivo todos os dias". Isidro é apresentador, autor e produtor de três projectos que tem na estação pública e diz que só parará se "for colocado na rua por quererem gente nova". Mas aí, diz o apresentador, socorrer-se-á de Verdi, "que compôs algumas das duas maiores obras após os 70 anos". E diz que, em termos práticos, se se reformasse, continuaria a trabalhar, porque a sua "actividade criativa" continua em alta.
A actriz Ana Bola, 60 anos, acredita que "quando chegar à idade da reforma, daqui a cinco anos, já não há reforma", portanto, "significa que não posso parar de trabalhar, senão no dia em que me der o badagaio final! Que eu espero que seja tarde", ironiza a humorista que, no programa ‘5 Para a Meia-Noite’ (RTP 1), partilhou a sua preocupação com Miguel Relvas. O ministro dos Assuntos Parlamentares ofereceu--se para lhe fazer uma simulação... mas não cumpriu. "Foi tudo uma brincadeira", defende Ana Bola, que espera "ter uma linda carreira até aos 90 anos". "Não tenho dúvida alguma de que não poderei deixar de trabalhar", conclui. Uma ideia partilhada pela actriz Márcia Breia, 68 anos, que se reformou do Teatro da Cornucópia há três anos. Mas o amor pela representação impediu-a de parar. Já para não dizer que a reforma é pouca. Pelo que os traba-lhos temporários em televisão sempre ajudam no orçamento. Apesar de trabalhar a recibos verdes. "Não pensei reformar-me para terminar a minha carreira, por isso considero-me uma privilegiada por continuar a ser convidada para trabalhar", explica. Actualmente na novela ‘Louco Amor’, TVI, confessa que, após a reforma, ficou com mais tempo para abraçar projectos diferentes. Ficar parada é que não. Até porque sente "um vazio enorme" entre projectos. Ainda assim, a actriz confessa que a mais-valia da reforma é "ter fins-de-semana e não trabalhar à noite". "Chega a ser estranho", brinca Márcia Breia.
Maria João Avillez, 67 anos, jornalista e escritora, nem quer falar do assunto. Parar está fora de questão! "Gosto do meu ofício, porque hei-de descansar dele?", afirma. Figura habitual na SIC, como comentadora ou entrevistadora, tem em mãos a sua próxima obra literária para ser lançada. Mas recusa falar do livro, por ser "supersticiosa".
Dina Aguiar, 59 anos, está a seis anos da reforma e admite: "Já ponderei as propostas de pré-reforma avançadas pela RTP em vários momentos, mas nenhuma delas foi aliciante para mim... Até porque gosto de trabalhar". A jornalista da RTP também fala em privilégio por "poder fazer o que gosta". Mas se tivesse de se reformar, planos não faltam. "Tenho muito trabalho à espera. Desde a pintura à agricultura... no Douro. Por agora é o meu pai, com 85 anos, que toma conta de tudo, mas vai chegar o dia em que eu e os meus irmãos [tenho dois] temos de dar continuidade ao trabalho de gestão da quinta e da produção dos vinhos, azeite, amêndoa...", explica. Dina Aguiar confessa que não gosta de antecipações. "O único ‘presente’ que a vida me dá [a mim e a todos] é o presente e eu não vou desperdiçar essa dádiva com divagações e futurologia. Só quero viver bem a minha experiência de vida, dia-a-dia. Mas gosto de me dar aos outros. Talvez um dia intensifique essa minha faceta, ajudando mais, pois faço parte de uma ONG – Coração Sem Fronteiras – e nessa área há cada vez mais trabalho a fazer", revela.
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