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Estudo indica que futuro dos media passa por inovação, foco na qualidade e expansão multiplataforma

Expansão multiplataforma corresponde à "presença estratégica em todos os pontos de contacto com a audiência, desde 'streaming' a redes sociais".

25 de outubro de 2025 às 11:12

Os pilares de futuro dos media assentam em investimento em inovação, foco na qualidade e expansão multiplataforma, de acordo com um estudo da UHY sobre "Tendências: Riscos & Oportunidades" do setor, que aponta a adoção de inteligência artificial (IA).

"O sucesso no panorama mediático atual exige coragem para transformar, capacidade de inovação e determinação para preservar os valores que definem a excelência jornalística", refere a UHY, que atua em auditoria, fiscalidade, consultoria e estratégia.

Sobre o investimento em inovação, o estudo refere a "adoção estratégica de IA, automação e ferramentas de personalização para criar experiências únicas", enquanto o foco na qualidade assenta na "diferenciação da excelência editorial, 'fact- checking' e transparência como pilares da confiança".

Já a expansão multiplataforma corresponde à "presença estratégica em todos os pontos de contacto com a audiência, desde 'streaming' a redes sociais", adianta o estudo.

Questionado sobre se a adoção da IA pelos grupos de media é uma inevitabilidade para sobreviver a um mercado que cada vez mais assenta na tecnologia, o 'managing partner' da UHY Portugal refere que "as empresas do setor (...) estão a comprar empresas de IA".

A inteligência artificial, salienta Paulo André, produz conteúdos, executa tarefas.

"Hoje um jornalista investe tempo a preparar uma entrevista, a decidir que perguntas vai fazer. Daqui a 25 anos, a IA irá sugerir perguntas e explicar o porquê das mesmas, passa-se o mesmo em muitas outras indústrias, não é exclusivo dos media", argumentou.

O estudo elenca nove tendências dos media: IA generativa e automação; consolidação via M&A [fusões & aquisições]; novas métricas de sucesso; monetização diversificada; privacidade e regulação; convergência e multiplataforma; confiança e integridade digital; contexto regulatório; e foco no digital.

Relativamente às oportunidades para M&A em Portugal, o estudo refere que o país tem "grupos, marcas, títulos e equipas consolidadas e com 'track-record", contudo "o mercado é pequeno e proporcionalmente diminuiu à medida que a escala ganha maior relevância".

Questionado sobre que mercados podem ser atrativos para os media português, Paulo André aponta que há "três mercados possíveis", o de língua portuguesa, o europeu e o global.

Quanto ao de língua portuguesa, "já vai ser difícil de liderar pois os 'players' brasileiros têm um mercado grande, são grupos desenvolvidos e têm o mercado LATAM [América Latina] mesmo ao lado", refere.

No caso europeu, em que seria em "associação com um grande 'player' europeu", Paulo André dá três alternativas: "nórdico; eixo central - Aglo-Duch; e latino".

Já no cenário global, "só vejo duas alternativas", diz. Um parceiro dos Estados Unidos que tenha interesse em entrar na Europa, o que considera "menos provável", ou um parceiro asiático, que "seria disruptivo".

Paulo André refere que a China continua interessada na Europa, tal como a Índia.

"A Índia investe crescentemente em Portugal, diretamente e através de capitais de risco (tem uma indústria de media muito desenvolvida)", refere.

Mas "uma coisa é certa: Os media são das indústrias onde a escala é fundamental", não só para o acesso a conteúdos, mas também para otimizar custos, ter escala de audiência.

Sobre se os media portugueses estão preparados para apostar na transformação, o responsável salienta que "é um setor que exige investimento -- equipamento, tecnologia, formação (muita IA)".

Mas "os media portugueses não têm forte capacidade de investimento, é um setor onde o 'upskill' dos colaboradores é fundamental", sublinha.

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