Não há dúvidas! A novela ‘Morangos com Açúcar’ é o fenómeno do ano televisivo. Pensada para o fim da tarde, a série de longa duração assentou arraiais à noite, em horário nobre, e bateu toda a concorrência. Caras bonitas, actores ainda jovens, histórias simples do dia-a-dia, realização rápida. Eis a receita dos mais saborosos morangos de José Eduardo Moniz…
No final de Agosto, quando chamou os jornalistas aos estúdios da Fealmar, em Bucelas, o director-geral da TVI foi peremptório: “Vai ser uma bomba!” E, de facto, seis meses depois, ‘Morangos com Açúcar’ é o grande fenómeno televisivo do momento. Começou por ‘minar’ a superioridade da SIC ao fim da tarde e acabou por conquistar o coração dos portugueses à noite. Desde que Moniz transferiu ‘Morangos’ para o horário nobre, a TVI fugiu e não há dia em que a 'série de longa duração' não se coloque entre os três programas mais vistos do dia.
‘New Wave’ à portuguesa, ou não, o que é certo é que é este, há largas semanas, o programa mais visto em Portugal. Não é uma narrativa ‘à Tozé Martinho’, autor de alguns dos maiores sucessos da ficção portuguesa da estação. O elenco, apesar de alguns nomes sonantes, vive da juventude dos seus actores. Os textos são simples, corridos, sem grandes floreados.
Na Casa da Criação, Patrícia Muller, Vasco Domingos, Ricardo Leitão, Lígia Dias e Elisabete Moreira constituem a equipa, liderada por Durval Lucena, que idealiza e escreve, todos os dias, as histórias que dão vida a ‘Morangos com Açúcar’.
Confrontado com o enorme sucesso da série, Durval Lucena explica que é impossível prever o êxito ou o fracasso de um produto: “O público é demasiado flexível e as razões de fidelização são sempre subjectivas”, sublinha.
Certo é que quando TVI, NBP e Casa da Criação se sentaram à mesa para decidir que produto fazer, o público-alvo foi definido e bem caracterizado: “Por mútuo acordo, endereçámos sempre os ‘Morangos com Açúcar’ para um formato juvenil e desde então temo-nos preocupado em manter uma coerência”, esclarece o guionista Durval Lucena.
ESTILO CINEMATOGRÁFICO
Na realização de ‘Morangos com Açúcar’ está uma das razões do sucesso da série. O ritmo ágil, bem ao estilo cinematográfico, com muitos movimentos de câmara, ‘travellings’ e planos diferenciados têm a autoria e a experiência acumulada do realizador Atíllio Riccó.
Aos 62 anos, e com mais de mais de 40 de novelas no currículo, Atillío Riccó cita o maior desafio do seu trabalho: “A grande matéria-prima desta produção são os miúdos. Uns estreantes, outros com um pouco de experiência. Poder trabalhar cada um deles e tirar o que de melhor eles podem dar à série é um grande desafio para mim”, conta ao Correio TV.
Citando a escola brasileira, Atillío Riccó sublinha: “É preciso trabalhar o actor para que possa dar o seu melhor à personagem que interpreta e maximizar, assim, a sua prestação em frente às câmaras.”
Coadjuvado por Hugo Sousa e Jorge Cardoso, realizador de exteriores, Atíllio Riccó não hesita em dizer que ‘Morangos com Açúcar’ merece ocupar horário nobre: “Não são apenas as crianças que assistem à série. Os adultos também gostam de a ver”, garante.
MONTAGEM INOVADORA
Helena Isabel, que interpreta o papel de ‘Teresa’, confessa que o sucesso da série a apanhou de surpresa: “No começo das gravações, achei que a série ia resultar porque tinha gente nova no elenco e uma montagem inovadora. Mas nunca pensei que ao fim de alguns meses se tornasse nesta loucura!”, admite. Acerca do jovem elenco com quem trabalha, a conhecida actriz não se poupa a elogios: “Evoluíram muito. Trabalhamos muito. Esta profissão não é fácil e eles têm-se revelado verdadeiros profissionais. Diria mesmo que o profissionalismo é, por vezes, tão importante quanto o talento.”
Mais cauteloso, Diogo Amaral, no papel de ‘Ricardo’, o vilão da história, conta: “No começo, achei que os telespectadores não iam acreditar no projecto, porque envolvia muita gente em começo de carreira. Agora estou feliz por ver que o nosso esforço está a ser recompensado”, confessa à nossa reportagem.
Para o sucesso desta produção, o jovem actor aponta “a grande cumplicidade entre o elenco” e isso “nota-se no trabalho final”. “A história está cheia de acontecimentos e problemáticas renovadas como a droga, ou a anorexia; e a edição está muito bem feita”, sublinha Diogo, um dos estreantes do elenco.
Por seu turno, Joana Solnado, que veste a pele de ‘Catarina’, confessa que tinha “expectativas zero” quando começou este trabalho. Confrontada agora com as audiências, avança com uma explicação: “As pessoas quando chegam a casa estão cansadas e querem descontrair. Ora, os ‘Morangos com Açúcar’ vão ao encontro delas porque a edição é muito rápida e as cenas curtas.“
TRIUNFO DO FORMATO
No papel do professor ‘Eduardo’, o actor Almeno Gonçalves elogia o sentido de responsabilidade dos seus colegas de elenco mais jovens e comenta: “‘Morangos com Açúcar’ é uma produção que merece estar em horário nobre, porque aí se encontra o público juvenil, que é uma parte do destinatário desta produção.” O elenco, a equipa de realização e o talento dos que trabalham na Casa da Criação asseguram, conta Almeno Gonçalves, o triunfo da série.
Também Teresa Tavares, de 21 anos, que interpreta o papel de ‘Mónica’, acha que no formato da série reside grande parte do seu sucesso: “Haverá qualquer coisa que todos desconhecemos e que se prende com o segredo da receita para os êxitos televisivos. Mas o sucesso tem que ver certamente com o formato.”
“’Morangos com Açúcar’ é uma história com muitas histórias, todas simples e comuns ao dia-a-dia de qualquer pessoa, independentemente das situações e das faixas etárias. É esta simplicidade que conduz à proximidade com os telespectadores e à identificação”, acrescenta a jovem actriz, que aponta ainda a forte banda sonora como uma das razões para o êxito.
Jovens com menos de 24 anos, mulheres de um estrato social mais baixo e residentes no Sul e Interior do país. Eis o retrato robô dos espectadores de ‘Morangos com Açúcar’, a série líder de audiência em Portugal. De acordo com a análise segmentada de audiências, elaborada pela Marktest, a novela tem mais penetração junto dos jovens entre os 4 e os 14 anos (49,8 por cento de 'share'), seguido da classe etária 15/24 (44,4 por cento).
A novela consegue uma quota de mercado mais elevada nos espectadores da classe média baixa e baixa (C1, C2 e C3), sempre na casa dos 40 por cento, enquanto os níveis mais altos (A/B) não vai além dos 33 por cento. É no Sul do País (44,6 por cento) e no interior (41,1) que a novela é mais facilmente aceite, em contraponto com a Grande Lisboa (36,8), onde consegue os resultados mais modestos. Entre as donas de casa, ‘Morangos com Açúcar’ consegue 42 pontos de quota de mercado, sendo assistida maioritariamente por mulheres (43,3 por cento).
RENOVAÇÃO DO ELENCO
A novela ‘Morangos com Açúcar’ foi anunciada como uma série de longa duração, à semelhança da sua ‘musa inspiradora’ a brasileira ‘New Wave’. A longevidade da produção vai obrigar a produtora à renovação do elenco. Ainda na semana passada, a revista ‘TV Guia’ dava conta da previsível saída do elenco de Benedita Pereira e João Catarré, que dão corpo ao casal de protagonistas ‘Joana’ e ‘Pipo’. Na Fealmar, ninguém confirma a notícia, mas também não há desmentidos.
A actriz Helena Isabel acredita que “ao fim de sete meses de gravações não faz sentido renovar o elenco, porque não se registou quebra de audiências”. Também Teresa Tavares considera “inevitável” essa realidade. “A história envolve uma escola e este é um espaço dinâmico, onde os jovens entram e saem, porque terminam os anos.”
PORTAS SEMPRE FECHADAS
O trabalho que hoje publicamos sobre a série ‘Morangos com Açúcar’ foi idealizado há um mês. O sucesso da novela da TVI, a popularidade dos seus principais actores e o impacto da sua exibição no horário nobre da estação justificam a decisão. No dia 10 de Fevereiro, a jornalista Eugénia Ribeiro solicitou junto da assessoria de imprensa da NBP autorização para efectuar a reportagem dos bastidores da série, nos estúdios Valverde, em Bucelas. No dia seguinte, formalizou o pedido por escrito. Daí até 3 de Março, o Correio TV não obteve qualquer resposta formal. Apesar de várias insistências.
Goradas as tentativas, procurámos o apoio da TVI, junto do Gabinete de Relações Exteriores, no dia 19 de Fevereiro. Nem assim as portas da NBP se abriram, num inexplicável silêncio. Ainda assim, e por respeito aos nossos leitores, avançámos com o trabalho possível. Um respeito que a produtora, lamentavelmente, não soube merecer.
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