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SIC ADMITE CRISE

A direcção da SIC confirmou ao CM a necessidade de reduzir o número de trabalhadores da estação. Alcides Vieira, director de Informação, disse que “há um convite da administração a todas as pessoas, não só da redacção, mas a todos os trabalhadores da SIC generalista, da SIC Online e da SIC Notícias para rescindirem voluntariamente os seus contratos”.

06 de novembro de 2002 às 00:46

A redacção reúne hoje em plenário, com a presença de elementos do Sindicato de Jornalistas.

De acordo com a Lusa, a administração da estação quer reduzir cinco milhões de euros nos custos operacionais para o ano de 2003. As rescisões de contrato são apenas o primeiro passo. Fonte da estação confirmou ao CM que os accionistas estão a exercer alguma pressão depois da SIC ter apresentado resultados com prejuízos avultados em dois anos consecutivos.

“O que se está a passar na SIC é o que se está a passar em todo o sector da comunicação. Não há nenhuma agitação”, frisou Alcides Vieira. “A empresa tem que ser racionalizada em função do mercado. Tem feito ao longo deste ano um esforço, mas o mercado não reagiu de forma positiva e, no momento em que estão a ser preparados os orçamentos para o próximo ano, é natural que, tendo em conta as previsões das receitas para 2003, se corte ainda mais nos custos. Até porque o mercado publicitário não reagiu como se previa”.

Mas o clima de instabilidade reina na estação. Paulo Camacho, em representação da Direcção de Informação da SIC, disse à Lusa que “a situação é muito clara: ou há candidatos à rescisão amigável ou estaremos perante uma realidade muito dolorosa, a da figura do despedimento colectivo”.

Questionado sobre esta ameaça, Alcides Vieira argumentou: “Foi dito às pessoas que foi reactivado um processo que já tem um ano e que têm agora a possibilidade de rescindir amigavelmente os seus contratos. A empresa paga 1,7 por cento por cada ano de trabalho”.

O director de informação declarou ainda que “só depois de se fazer o balanço desta primeira fase é que se pensa noutros processos. E tanto pode ser despedimento colectivo como cortar na grelha... Neste momento, tendo em conta a situação do mercado e a necessidade de racionalizar a gestão, estão abertas as negociações aos interessados que queiram sair voluntariamente. É dado um prazo de 15 dias”.

De acordo com aquele responsável, a negociação está aberta a todos os trabalhadores, “sem excepção”. Por sua vez, Paulo Camacho garantiu que “depois de todos os cortes operacionais que têm sido feitos, não há outra alternativa senão cortar no pessoal. Não é possível haver mais cortes sob pena de qualquer dia termos um ‘negro’ no ecrã”, disse à Lusa.

Resultados negativos

Sem os cortes no pessoal, a SIC não consegue contornar os prejuízos. As receitas dos primeiros nove meses do ano foram de 90,29 milhões de euros, o que significa que a estação sofreu um decréscimo de 11, 7 por cento face ao mesmo período do ano anterior. E os prejuízos são avultados, tendo em conta que houve um notório decréscimo na receita publicitária.

Alcides Vieira confirmou que “os resultados de 2002 acabam por ser negativos, embora se situem entre os resultados propostos para este ano. Como o mercado publicitário não reagiu é necessário fazer esta contenção”.

Fazendo questão de afirmar que “nunca foi oficialmente discutida a ideia de unificar as direcções”, apesar de admitir que algumas pessoas possam ter essa vontade, Alcides Vieira referiu: “O que existe é uma sinergia entre as redacções, e pretende-se potenciar ainda mais as sinergias. Há grelhas e objectivos diferenciados e direcções que falam umas com as outras, não é propriamente a fusão”.

Aquele responsável adiantou que “há uma discussão permanente sobre a melhor forma de tirar partido do trabalho das pessoas e do equipamento instalado e há uma intenção de aproximar”, referindo que isso não significa uma fusão”.

A necessidade da SIC reduzir custos com pessoal já era antiga, mas acabou por ser contornada com a saída do antigo director-geral Emídio Rangel. Ao integrar a direcção da RTP, Rangel levou consigo um séquito de alguns dos jornalistas mais bem pagos de Carnaxide, o que ajudou a empresa a aliviar a carga salarial. No entanto, essa diminuição não foi suficiente para fazer face à situação. Neste momento, a SIC admite mesmo a redução dos ordenados de alguns dos funcionários com salários mais caros, medida que também foi anunciada pela actual administração da RTP e levou à transferência de Júlia Pinheiro para a TVI.

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