Irmãs de Carlos Castro partem hoje para os EUA
Amélia e Fernanda Castro e o amigo Cláudio Montez embarcam às 12h00. Objectivo é cremar o corpo e deitar as cinzas sobre Nova Iorque.
Depois de três dias de angústia em Portugal à espera de luz verde das autoridades norte-americanas, a família de Carlos Castro viaja esta manhã para os EUA. As irmãs Amélia e Fernanda e o amigo Cláudio Montez embarcam no voo do meio-dia com destino a Nova Iorque, devendo aterrar em solo norte-americano cerca das 21h00 (16h00 locais).
Revoltados com a morte trágica e hedionda que envolveu o cronista social, Amélia e Fernanda Castro, bem como o amigo de longa data Cláudio Montez, a quem o cronista chamava "irmão", só querem agora cumprir a última vontade de Carlos Castro, a de ser cremado em Nova Iorque.
Em livro, Carlos Castro escreveu que queria que as suas cinzas fossem deitadas na zona de Times Square, e é com essa ideia que, hoje, as irmãs partem para os EUA. Ao que o CM apurou, a cremação poderá acontecer na quinta ou sexta-feira, podendo as cinzas ser lançadas sobre a cidade já na próxima sexta ou sábado.
"Não há mais nada que se possa fazer neste momento. Deitar as cinzas do Carlos em Nova Iorque é o nosso grande objectivo", diz Cláudio Montez, que tem sido um dos grandes suportes das irmãs de Carlos Castro desde que no sábado de manhã a notícia da morte do jornalista começou a ser divulgada pelas rádios e televisões.
No sábado, Fernanda Castro desabafava ao nosso jornal que os dias são de "terror" e que ainda não acredita no que sucedeu.
"Foi uma malvadez e uma monstruosidade aquilo que fizeram. O meu irmão tinha um coração enorme e gostava de ajudar toda a gente", diz Fernanda Castro, que revela que apenas viu Renato Seabra uma vez em casa do irmão. "Estive muito pouco tempo com ele e a ideia com que fiquei é que era uma pessoa muito calada."
Por saber continuam as razões que terão levado o jovem manequim a cometer um acto de tamanha violência.
Cláudio Montez garante que, de todas as relações que conheceu de Carlos Castro, esta era a que menos o preocupava. "Eu até dizia que ele era um betinho, que bebia leite branco com sumo de laranja ao pequeno-almoço", afirma.
"Isto é uma coisa para os psicólogos e para os psiquiatras explicarem. Eu acho que devia haver qualquer coisa mal resolvida com o rapaz", acrescenta Cláudio Montez, lembrando que depois do crime, à porta do quarto, o jovem até colocou o aviso: "Não incomodar."
"NÃO HÁ NADA PARA LHE APONTAR POIS NUNCA CAUSOU CONFLITOS"
Na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física (FCDEF) em Coimbra, os estudantes continuam em estado de choque com a história do colega Renato Seabra.
"Ficámos todos surpreendidos. O Renato é uma pessoa pacata, reservada, mas estava bem integrado na vida académica. Participava nas festas da academia e tinha um grupo de pessoas amigas. Uma pessoa completamente normal, um estudante como os outros", referiu ontem ao CM João Fonseca, presidente do Núcleo de Estudantes da FCDEF.
Renato Seabra é finalista em Ciências do Desporto e nos últimos tempos conciliava a carreira de modelo com os estudos. "Após o concurso televisivo, pareceu-me estar na mesma. Fui colega dele nos primeiros anos de curso e, mais recentemente, após o programa, encontrei-o na faculdade. Falámos um pouco e pareceu-me na mesma uma pessoa simples", refere, concluindo: "Ao longo destes anos não há nada a apontar. Nunca causou qualquer conflito."
PENA PODE CHEGAR A PRISÃO PERPÉTUA
Renato enfrenta uma pena que pode ir de 25 anos a prisão perpétua, sem direito a liberdade condicional. A extradição é pouco provável. "A extradição do condenado nestes casos é muito rara no estado de Nova Iorque", explicou ao CM o advogado criminal Paul Da Silva. Um dos argumentos que podem ser utilizados pela defesa, para redução da pena, é o de insanidade temporária na altura do crime. "Se for provado que havia uma relação amorosa entre os dois, é mais fácil que este seja aceite", diz Da Silva.
Quanto à liberdade condicional, o facto de não ser cidadão norte-americano e de haver perigo de fuga limitam esta hipótese. "As autoridades de imigração não deixariam que um condenado que está com estatuto de turista e não tem documentação legal possa ficar nos Estados Unidos em liberdade condicional", explicou Da Silva. Há, contudo, possibilidade de Renato ficar em liberdade sob caução antes do julgamento, mas "a fiança será muito elevada (cerca de 700 mil euros) devido ao grande risco de fuga".
Entretanto, a mãe do modelo esteve ontem no Consulado Geral de Portugal em Nova Iorque. À saída, Odília Pereirinha não prestou declarações.
REACÇÕES
"FOI CHOCANTE" (Ana Salazar)
Nem queria acreditar no que tinha acontecido. É lamentável esta perda. Não há dúvida de que foi chocante. Um caso macabro.
"FIQUEI CONSTERNADA" (Alexandra Fernandes)
Soube de tudo através de uma mensagem no telemóvel. Era sua amiga e só tenho a lamentar. Fiquei consternada.
"JÁ TENHO SAUDADES" (José Castelo Branco)
É muito complicado falar de uma coisa tão trágica. Gostava muito do Carlos e já tenho as maiores saudades dele.
"É UM PESADELO" (António Calvário)
É um pesadelo. Era um dos meus grandes amigos e fui a todos os seus aniversários. Guardo as melhores recordações.
"É SURREAL" (Fiona)
Toda esta história me deixou em choque e maldisposta. Conhecia bem o Carlos e também privei com o Renato. É surreal.
NOTÍCIAS NO MUNDO
ACUSADO
O ‘Washington Times' põe o foco da sua notícia em Renato Seabra, dando conta de que o jovem de 21 anos foi acusado de homicídio em 2.º grau.
CONFISSÃO
O jornal britânico ‘Daily Mail' destaca a confissão de Renato dizendo queo modelo admitiu que tinha castrado o cronista parao curar de vírus.
CASTRAÇÃO
O ‘New York Post' voltou a dar grande destaque ao caso, noticiando também a confissão de Renato Seabra e uma frase: "Eu não sou gay."
MODELO
Nem os blogues passam ao lado do caso. O Gothamist fala na morte de um jornalista num crime "horrendo" para afastar "demónios e vírus".
‘DEMÓNIOS'
A confissão de Renato Seabra tem grande destaque na imprensa espanhola. Os "demónios" são também falados pelo ‘El Mundo'.
Vídeo: Renato confessa crime
População de Cantanhede incrédula
Vídeo: Reacção da imprensa à morte de Carlos Castro
Vídeo: Carlos Castro 1945-2011
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