Joe Berardo: "Eu sei que estou a ser crucificado”
Joe Berardo é bilionário e colecciona arte. Não passou fome mas andou lá perto. Natural da Madeira, fez fortuna na África do Sul e veio para Portugal
Joe Berardo é bilionário e colecciona arte. Não passou fome mas andou lá perto. Natural da Madeira, fez fortuna na África do Sul e veio para Portugal atrás de um sonho. Enriquecer os pobres e não empobrecer os ricos é o seu desafio. Apesar do discurso político, o poder não o seduz.
– Acaba de patrocinar um evento a favor de crianças com doença crónica. Porquê?
– Todos temos de nos ajudar uns aos outros. Só quem passa por elas é que sabe e eu tenho um neto que foi operado e está bem mas só tem um rim. As coisas que se vêem num hospital com crianças marcam.
– Está envolvido no programa da recuperação da Madeira?
– Estou a apoiar como posso e não apenas em grande escala financeira mas também em causas individuais. Mas eu não gosto de falar sobre o que ando a fazer porque depois chovem pedidos e também não posso ajudar toda a gente.
– Diria que é um homem com consciência social?
– Nunca passei fome mas sei o que é não ter dinheiro. Lembro-me de ser pequeno e ficar à porta de um museu porque a entrada custava cinco escudos que eu não tinha. Por isso, no Museu Berardo e no Jardim dos Budas ou no Aliança Underground Museum, que inauguro no sábado em Sangalhos, a entrada é livre.
– É por isso que se bate tanto pela restauração de uma classe média em vias de extinção?
– Refere-se à minha posição no BCP... Disse e repito, o Jardim Gonçalves recebeu em 2004, só de prémios, quase 38 milhões de euros: são dez anos dos salários de todo o conselho de administração.
– Temos político embrionário?
– Trabalho melhor do lado de fora. Nem dos conselhos de administração faço parte. Eu sei que estou a ser crucificado, mas minha ideia não é empobrecer os ricos, é enriquecer os pobres. Vim para Portugal pelo sonho do mercado comum, moeda única, melhores condições de trabalho... Ainda não consegui passar a mensagem.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt