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Leão XIV: o 'yankee latino' que nasceu nos subúrbios de Chicago e fala... português

Filho de um oficial da marinha e de uma bibliotecária, novo chefe da Igreja fala cinco línguas e foge dos holofotes.

08 de maio de 2025 às 21:16

É tido como uma pessoa afável, moderada e reservada. Robert Francis Prevost, o cardeal escolhido para ocupar o lugar de sumo pontífice da Igreja católica - sucedendo ao papa Francisco - cresceu numa casa modesta nos subúrbios de Chicago com pouco mais de 100 metros quadrados, mas por ter vivido em missão durante vários anos no Perú (onde chegou a naturalizar-se), era conhecido como "o pastor das duas pátrias". Em Roma também era chamado de "yankee latino", mas em tempos mais idos houve mesmo quem o tivesse tratado por 'padre Bob'.  Escolheu agora o nome de Leão XIV, cumprindo uma velha tradição da Igreja (no imaginário cristão o leão representa Cristo ressuscitado, forte e vitorioso).

Diz quem o conhece que evita os holofotes e raramente dá entrevistas, mas é considerado por muitos como um reformista. Robert Prevost, de 69 anos, é filho de um antigo oficial da marinha (Louis Prevost) que serviu na segunda guerra mundial e foi depois diretor de uma escola primária. A mãe, Mildred Martinez Prevost, de ascendência espanhola, era bibliotecária e com uma excelente mão para a cozinha. Era católica praticante e emprestava a sua voz aos coros da igreja local. 

Com formação sólida em teologia e considerado um profundo conhecedor da lei canónica, que rege a Igreja Católica, é, de acordo com a imprensa norte-americana, um excelente conhecedor de línguas, falando fluentemente inglês, Italiano, espanhol, francês e português, sabendo ainda ler latim e alemão. O jornal italiano 'La Repubblica' já o considerou mesmo "o menos americano dos americanos"

Nascido a 14 de setembro de 1955, em Chicago, nos EUA, no Mercy Hospital, assim como os seus dois irmãos mais velhos, Robert Prevost, entrou para a vida religiosa aos 22 anos, tendo-se formado em teologia na União Teológica Católica de Chicago e, aos 27, viajou para Roma para estudar direito canónico na Universidade de São Tomás de Aquino. Foi ordenado padre em 1982 e, dois anos depois, iniciou a sua atuação missionária no Perú, primeiro em Piura, depois em Trujillo, onde permaneceu por dez anos, inclusive durante o governo autoritário de Alberto Fujimori. Prevost chegou mesmo a exigir desculpas públicas pelas injustiças cometidas naquele período.

Do seu currículo, há uma polémica que ameaça persegui-lo. Em 2023, três mulheres acusaram Prevost de encobrir casos de abuso sexual cometidos por dois padres no Peru, quando elas ainda eram crianças. Uma das vítimas terá mesmo telefonado para Prevost em 2020.

O agora Papa terá reencaminhado os casos para o Vaticano (um dos padres foi afastado preventivamente e o outro já não exercia funções por motivos de saúde), mas a diocese peruana nega qualquer encobrimento do caso por parte de Prevost, garantindo que este cumpriu os trâmites exigidos pela legislação da Igreja Católica (a investigação ainda decorre). 

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