De sucesso em sucesso, o ator está a ter um 2024 em cheio. Aos 49 anos, está em todas as frentes.
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É presença permanente no pequeno ecrã, com incursões cada vez mais frequentes no cinema e em teatro. Aos 49 anos, sente-se no auge da sua carreira?
Nada! Eu gosto é de trabalhar. Não me deixo deslumbrar. Gosto de estar ocupado e de fazer aquilo que mais amo. Isso é que é importante para mim.
Foi um dos atores que reabriu, em outubro, o Teatro Variedades, que estava fechado há tanto tempo. É um marco no seu percurso profissional?
É uma honra. É duplamente uma honra: reabrir um teatro como o Variedades e fazer de António Silva numa peça que põe em cena atores que tanto brilharam no Parque Mayer [Lisboa]. A Beatriz Costa, feita pela Sissi Martins, a Maria Matos, da Sílvia Rizzo, e o Vasco Santana, interpretado pelo Ivo Alexandre.
Não foi a primeira vez que fez de António Silva?
Não. Sempre gostei desta imitação – é das minhas preferidas, aliás. Fi-la para o Herman e fiquei fascinado. Pelos tempos de comédia que o António Silva tinha, pela maneira de colocar a voz, a sua fisicalidade... sai-me com facilidade.
Também não foi a primeira colaboração com o encenador, o Ricardo Neves-Neves? Antes, interpretou um dos maiores sucessos de público do teatro português dos últimos anos: a ‘Noite de Reis’, do Shakespeare?
Sim. Outro espetáculo que adorei fazer. E, pelos vistos, o Ricardo gostou de mim – tanto assim que me voltou a chamar. Espero que continue, porque gosto muito da linguagem dele. Gosto da loucura do Ricardo, da mistura do lado infantil, que evoca os desenhos animados, com os temas complexos, a crítica... tudo imbuído de um espírito surreal. Adoro.
Sempre quis ser ator?
Sim, sempre soube que este era o caminho. Durante um tempo pus esse objetivo de parte e entrei na Faculdade de Belas Artes para fazer Design de Comunicação. Porque também desenho e pinto. Mas quando saí de Setúbal e vim para Lisboa comecei logo a fazer workshops de teatro. A vontade de ser ator acabou por falar mais alto.
É fácil imaginá-lo como o palhaço da família, o palhaço da escola... era?
Era, sim (risos). Sempre que havia momentos tensos, na escola, acabava tudo à minha volta, a rir.
E engatava as miúdas fazendo-as rir?
Sim! Fazia-me valer do sentido de humor. E funciona muito bem. Às vezes até me surpreendia com as minhas próprias conquistas!
Chegou a acabar Belas-Artes?
Faltam-me duas cadeiras do quinto ano. Penso que já não vou acabar. Mas considero-me licenciado porque andei lá seis anos... Quando já estava no Herman ainda fiz uma cadeira que tinha atrasada do terceiro ano. Para, pelo menos, ficar com o bacharelato.
Não foi para o Conservatório?
Não pude ir para a Escola Superior de Teatro e Cinema porque queria acabar Belas Artes. E, entretanto, fui fazendo todas as formações que encontrei. Inclusivamente com professores que davam aulas no Conservatório. Tive aulas de corpo, de expressão dramática, fiz aulas de voz no São Carlos... Fiz formações na ACT – Escola de Actores, estive no Chapitô dois anos...
A sua estreia em televisão aconteceu no ‘Programa da Maria’?
Sim. Com a Rueff, em 2001. Um projeto ao qual cheguei por casting. Depois, o Herman José gostou do grupo – eu, o Nuno Lopes, a Mina Andala, a Sofia de Portugal – e foi-nos pondo em sketches nos seus especiais. Acabei por ficar no ‘Herman SIC’, o que foi maravilhoso.
Sente que chegou à profissão e rebentou logo?
Não foi logo. Enquanto andava nas Belas-Artes fui fazendo umas coisinhas. Apareci na série ‘Jornalistas’, da SIC, comecei a fazer dobragens... Fiz muitos castings e ouvi muitos “nãos”. Deparei-me com muitas portas fechadas. Senti esse período como um processo lento e nada fácil. O ‘Programa da Maria’ surgiu numa fase em que já estava há quatro ou cinco anos a tentar entrar no mercado de trabalho.
Mas depois do ‘Herman SIC’ foi sempre a subir. Agora trabalho não lhe falta?
É verdade. Gosto assim. Gosto de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Desde que goste dos projetos, que acredite naquilo que estou a fazer, não me importo nada de estar em várias frentes. Este ano já fiz três peças de teatro, estou com o Herman, faço rádio, fiz uma novela de grande sucesso...
‘Festa é Festa’ (da TVI) é um fenómeno. A novela mais longa da história da televisão portuguesa. E do ‘Portugalex’ – que faz com o António Machado na Antena 1 – nem se fala.
Está no ar há 18 anos. E é, neste momento, o podcast mais ouvido do grupo RTP.
Há alguma personagem que recorde com mais carinho?
É difícil. Já fiz tantas... há imitações que ficam comigo e que me saem, no dia a dia. Em drama, gostei particularmente de integrar o elenco da série ‘Crónica dos Bons Malandros’, da RTP. Foi uma criação muito interessante de fazer.
Sofre a construir as personagens?
Sofro muito. O António Silva, por exemplo, estreei-o nos Globos de Ouro, no palco do Coliseu dos Recreios, em direto. Estava nervosíssimo. Acho que nunca estive tão nervoso na vida. E fui obsessivo a estudá-lo, para que saísse bem.
Portanto, a leveza com que apresenta os seus trabalhos é só aparência?
Claro. Qualquer personagem que se faça, ainda mais se são a imitação de alguém que realmente existiu – ou existe ainda –, dá muito trabalho. Felizmente agora temos muitas ferramentas de apoio. Vai-se à internet e encontram-se os registos das pessoas. Temos material de pesquisa vasto e acessível.
Se ganhasse o Euromilhões, continuava a trabalhar?
Continuava. Se calhar, não faria tanta coisa quanto faço agora. Mas, absolutamente, sim. Continuaria a trabalhar.
Que relação tem com o dinheiro?
Sou poupado quanto baste. Do dinheiro que ganho, metade ou mais é para poupança. O que sobra é para gastar bem gasto. Não sou de excessos, mas gosto de viajar, por exemplo. Agora, ter um carro ou uma casa XPTO, isso não. Por essas coisas não me perco. E faz-me impressão que se dê por um relógio o que daria para comprar um carro. Não tenho nada contra quem o faz, claro, mas pessoalmente nunca o faria.
O que é o pior de ser ator?
Não sermos mais valorizados, creio.
E o melhor?
Ser artista. Poder brincar, criar...
Tenciona ter filhos com a Beatriz Barosa, a sua atual companheira?
Não sei, não penso nisso. Ser pai é maravilhoso e eu adoro. É um papel que me cai bem. Claro que a primeira filha foi mais difícil. Não sabíamos como ia ser e estávamos apreensivos. À segunda já não. Mudar fraldas? Embora lá! Avir outra, ainda vai ser mais fácil. Digo eu.
Projeta-se muito no futuro?
Até demais, acho. Sou um bocadinho maníaco do controlo, sempre a pensar no projeto que quero fazer a seguir.
Como se vê daqui a dez anos?
Vejo-me a trabalhar. Nesse aspeto, olho com respeito e admiração para o Ruy de Carvalho, que é o ator de teatro mais velho do Mundo ainda no ativo. Eu quero ser assim. Trabalhar sempre.
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