A edição de hoje
João Espírito Santo recordou a tragédia, não conteve as lágrimas e garantiu que agora sente "uma força interior especial". Médico mostrou desejo dde voltar à TV.
Cristina Ferreira esteve à conversa com João Espírito Santo, o médico dentista que protagonizava a rubrica 'Sr. Doutor' do programa 'A Tarde é Sua', na TVI. A apresentadora escolheu o rosto da TVI para integrar a nova edição da sua revista.
O médico sofreu um trágico acidente de viação, que o colocou em risco de vida, no final do ano de 2019. Após um almoço com colegas, bateu com o carro e capotou, tendo de ser desencarcerado. João relembrou agora todo o pesadelo.
João lembra-se de ter pensado: "Já fui", contou. "Lembro-me de ouvir: "Ele está morto". Lembro-me de ouvir isso...", desabafou, sobre o momento em que foi socorrido.
"Tenho noção do acidente. É difícil pensar no que poderia ter feito perante o acidente. Se calhar, muita coisa ou nada", continua. "Foi um milagre para mim e para todos. Quase ninguém acreditava. Safei-me por milagre", contou, sobre ter sobrevivido à tragédia.
João realça as preocupações que lhe passaram pela cabeça no momento em que estava preso debaixo do carro, durante meia hora ou mais, conforme revelou. "A minha preocupação foi pôr os pés ao contrário, que era sinal de que não estaria morto, e perceber se as pernas estavam a mexer e que não estava tetraplégico", confessou.
Socorrido, João foi para o hospital, onde ficou em coma induzido durante 13 dias.
O médico reforça a coragem da mulher a enfrentar a situação, com três filhos em comum a passarem pelo drama e o medo de o perder. "Sofreu, viveu, rezou, acreditou. A grande vantagem é estar casado com uma mulher que sabe muito bem o que quer. Também sei o quanto ela é importante e madura ao ponto de, perante a adversidade, saber reagir", afirmou, orgulhoso da companheira, que revela que lhe disse que não se conformava com o facto de poder ficar viúva, sem o pai dos filhos.
João acabou por acordar do coma no dia em que um dos filhos celebrava o 8ºaniversário. Emocionado, recorda o momento. "A pessoa que acreditou que eu não estava em coma foi a Mariana. Ela falava comigo, e eu, entubado, respondia-lhe assim (junta os lábios). Fazia beicinho", explicou, admitindo que depressa pediu para abandonar o hospital, mas os médicos impediram.
"Tinha vários pensos, estava completamente imobilizado", contou o médico, que continua a recuperar de algumas lesões graves que sofreu na cabeça, orelha, e também na mão.
"Não tenho como não dizer: "Filho desculpa". Acho que ele já me desculpou", desabafou, já em lágrimas, sobre o tempo que passou longe dos filhos, admitindo ainda que chorou quando regressou a casa e só quis que todos o perdoassem.
"Achas que a tua mente, a tua cabeça, te ajudaram a estar aqui com esta força toda?", questionou Cristina.
"Tenho noção de que sou uma pessoa com muitos objetivos e com uma força interior especial", respondeu João, que esteve até sem andar, e teve de enfrentar as limitações do corpo, inclusive da mão, que estava fragilizada e ainda hoje apresenta marcas por ter sido reconstruída. João explica como foi feita a reconstrução das marcas que ainda saltam à vista: "É um enxerto sintético e um bocado de coxa", disse, sobre a cirurgia para reconstruir a mão. "Depois, tiraram-me deste lado da perna para meter na cabeça e atrás", explicou.
Após o pesadelo que enfrentou, o rosto da TVI mostra ter-se agarrado à força de viver.
"Eu sei o que vou conseguir, não sei quanto tempo vou demorar, mas vou conseguir", disse.
Questionado sobre se pensou que poderia deixar de conseguir trabalhar, mostrou confiança. "Nunca deixei de ser médico. Posso ter outra profissão, mas nunca deixarei de ser médico", revelou, sem esconder o desejo de regressar à televisão, quando estiver totalmente recuperado do acidente que lhe abalou a vida. "Eu gosto muito do projeto Sr. Doutor", disse, manifestando também saudades dos colegas.
Atualmente, João Espírito Santo continua a ser acompanhado pelos médicos, com sessões de fisioterapia clínica, com o objetivo também de ter mais força na mão que quase perdeu.
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