Das obras à fama, o ator passou por muitos trabalhos. Com dois filhos, pensa no sustento das crianças e revela, também, que não supera a morte da irmã.
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Aos 41 anos, Nuno Janeiro regressou à televisão para dar vida a Bruno, na telenovela da CMTV ‘Alguém Perdeu’.
Amante da própria sogra, viu o filho morrer, afogado na piscina, enquanto estava no quarto com Madalena, a avó da criança. Um tipo de relação que o ator nunca pensou que houvesse, na vida real, mas que afinal pode acontecer e o surpreendeu.
O ator recorda, ainda, a morte da irmã e fala, entusiasmado, da sua relação quase umbilical com o filho, Dinis, de dois anos, fruto da sua relação com Rita Soares.
Nuno considera, ainda, como seu o filho da mulher, que já tem seis anos e, por isso, o casal não planeia repetir a experiência de ter um bebé.
Como é que se preparou para encarnar um homem como o Bruno?
Felizmente, tivemos muita sorte, no início desta produção, porque tivemos muito tempo para preparar as personagens, com o diretor de atores, os realizadores. Fomos preparando o arranque.
Sendo que o arranque foi muito violento, com a morte do Vicente, o seu filho na trama?
Toda a novela tem uma história complexa, dura, emotiva. A minha personagem, só se vem vem a saber mais tarde, mas ele está ali com uma razão, que é a vingança para com os irmãos. Começa uma relação com a sogra e tem aquele filho.
De repente, acontece a tragédia, ele estava lá mas não estava a cuidar da criança. É chocante.
Há certos assuntos que não pensamos muito neles. Como o caso de poder haver uma relação entre genro e sogra. Eu, pelo menos, nunca imaginei que houvesse, até me aperceber. Até que ouvi um psicólogo, na CMTV, a explicar que sim, que isso existe.
Sendo pai, como é que encarou esta história tão forte?
Foram gravações psicologicamente, muito duras. Era o chorar, o gritar... Temos que ir buscar emoções que já vivemos e, naquele momento, entristece pensar em certas situações para conseguir passar essas emoções.
No seu caso, viveu uma situação na sua vida que foi muito dura, a morte da sua irmã. É uma das situações em que pensa para ir buscar essa tristeza?
Com certeza que sim. Hoje já lido bem com a situação. Às vezes consigo ir buscar essas emoções, outras não consigo, porque também tenho sempre um polícia dentro de mim a tentar pôr-me na pele da personagem e pensar mesmo no caso ficcionado.
Por outro lado, no caso do Bruno, acaba por haver um comportamento estranho. O filho morre mas ele mostra uma certa frieza.
O Bruno é muito complexo, porque tem a morte do filho, tem um problema com a droga, tem a história da sogra e ainda tem a história da vivência com os Sarmento. À maneira dele, o Bruno chorou a morte do filho, dentro de tudo isto.
Acaba também por ser, ao mesmo tempo, uma personagem muito humana, no sentido de que ninguém é totalmente bom ou totalmente mau.
Além disso, as pessoas têm várias maneiras de sofrer. Sei de pessoas que não deitam uma lágrima, outras passam anos a chorar. Há ainda quem, com os nervos, lhe dê para rir.
Depois de fazer este papel, passou a ter mais cuidados como pai? Ficou mais alerta para este tipo de acidentes que podem acontecer?
O meu filho tem dois anos e está naquela idade em que é tudo muito rápido, tem de se estar sempre de olho. O primeiro episódio marcou-me muito, devido a esta história do afogamento acidental do Vicente. Com o meu filho, o Dinis, deixo-o estar à-vontade, mas não é à vontadinha. Gosto que ele brinque, se mexa, que tenha liberdade mas depois não facilito. Tem de estar debaixo de olho. Se ele se virar um segundo vou logo atrás dele, até porque está na idade da descoberta. Mas já era assim, não mudei por causa deste papel. A minha relação com o Dinis é muito forte, trato dele desde que nasceu. Assumi que tinha de o fazer.
Que tipo de criança é o seu filho?
Ele é muito teimoso! A minha Rita está sempre a dizer: ‘É teimoso, como o pai!’ É um miúdo muito observador e, às vezes, é preciso cuidado com as palavras porque ele ouve uma vez, não esquece e, no dia seguinte, vai dizer.
Já percebi que adora ser pai. Gostava de ter mais filhos?
Não, não penso nisso, até porque são dois. O outro já vai fazer seis anos e, infelizmente, é preciso ter mais dinheiro para ter filhos. Porque ter filhos implica pagar colégios, roupas, tudo o que eles precisam. Ter mais filhos só por ter e depois não conseguir acompanhar as necessidade deles, não. Acho que não vale a pena.
Ainda por cima a vida profissional, em qualquer área, está cada vez mais instável.
Temos que contar sempre com isso. Ao longo destes anos todos, tive a sorte de poder dar continuidade ao meu trabalho. De qualquer modo, hoje em dia só penso que não pode faltar nada aos miúdos.
Sempre quis ser ator?
Não! Quando saí da escola comecei a trabalhar nas obras, estive em fábricas, montei estores...
Fábricas de quê?
O meu pai era chefe de turno na Fisipe, no Barreiro. Era uma fábrica de têxteis, fibras. Trabalhei lá, fazia manutenção. Também trabalhei com uma marca de gelados, ia aos cafés perguntar se queriam encomendar alguma coisa... Entretanto, um amigo que é fotógrafo, o Gonçalo Claro, insistiu para eu ir para a moda. Já tinha 25 anos e dizia que não queria, que não gostava disso. Só que fui despedido e, curiosamente, apanhei o tempo das ‘vacas gordas’. Fiz muitos anúncios e ia fazendo castings para os ‘Morangos’. Ainda fiz alguns e, a dada altura, recebi um casting e pensei: ‘É o último a que vou!’. Fiquei!
E ficou porque gostou ou porque pensou que seria a porta para uma vida melhor?
Gostei. E gosto quando as pessoas me abordam, me falam dos problemas que nós tratamos nas novelas.
A sua irmã era maquilhadora. Foi o Nuno que a incentivou a também escolher o mundo artístico?
Não, não. Ela desde pequenina que adorava fazer fios e vender. Tinha muita habilidade.
Ela morreu aos 32 anos, num acidente de viação. Como é que se supera uma morte assim?
Não se supera. Vive-se com a saudade e falta sempre qualquer coisa. É aprender a viver com uma falha.
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