Ana Sofia Varela dá a voz ao projecto ‘Fados de Amor e Pecado’, de João Gil e João Monge, que ontem foi apresentado no CCB, em Lisboa.
Ana Sofia Varela dá a voz ao projecto ‘Fados de Amor e Pecado’, de João Gil e João Monge, que ontem foi apresentado no CCB, em Lisboa.
- Não sendo ‘Fados de Amor e Pecado’ um disco a solo da Ana Sofia Varela, sente uma responsabilidade acrescida por estar a dar a cara e a voz por um projecto do João Gil e do João Monge, dois dos maiores nomes da música portuguesa?
- Não. No fundo, eu estou a encarar este projecto como se fosse a solo. É verdade que este é, de facto, um projecto a três mas eu vejo-o muito como meu.
- O João Gil diz que este disco tem potencial para dar três voltas ao Mundo. Pensa que este trabalho pode ajudar a projectar de outra forma o seu nome e a sua carreira?
- (risos) Eu já dei algumas voltas ao Mundo e espero dar muitas. Se for com este disco melhor ainda, porque estou muito satisfeita com ele. Sinceramente, julgo que vai correr muito bem.
- Foi fácil a sua relação com estas novas canções?
- Sim. Acima de tudo, gostei muito das letras. Eu já tinha ouvido dois dos fados do disco antes de conhecer o álbum na totalidade e, portanto, já havia uma certa familiaridade com a forma de o Gil e o Monge comporem, que não sendo muito tradicional tem muito a ver comigo.
- Há algum tema com que se tenha identificado mais?
- No fundo, eu encontro uma identificação com todos eles. É engraçado, porque apesar de estas canções terem sido escritas por um homem todas elas contam a história de várias mulheres. Portanto, o único trabalho que eu tive de fazer foi apenas o de interpretar as personagens como se fosse um filme.
- A Ana Sofia Varela começou a cantar fado muito nova. Porquê a opção pelo fado e não pela pop ou pelo rock?
- Eu sempre gostei de cantar. Cantava tudo, desde Luís Represas a Marco Paulo. Tudo o que chegava aos meus ouvidos eu acabava por tentar cantar. Só aos dez anos é que descobri o que era fado, através de um programa de televisão. Lembro-me de ter ouvido o Nuno da Câmara Pereira e de ter descoberto aquele universo musical, que era completamente novo para mim. Depois disso, os meus pais compraram-me o disco dele e da Amália Rodrigues. O meu irmão trabalhava numa rádio e foi graças a ele que comecei a ter mais contacto com o fado.
- E começou desde logo a cantar fado aos dez anos?
- Lembro-me de um dia ter descoberto que Serpa, que era onde eu morava, era uma terra de fadistas. Foi lá então que comecei a cantar, em tertúlias.
- Qual a memória mais remota que tem em relação ao fado?
- Lembro-me de em pequenina ouvir muito Maria Teresa de Noronha, mas o primeiro fado que eu cantei julgo que foi o ‘Saudade, Silêncio e Sombra’, da Teresa Tarouca.
- A Ana Sofia Varela nasceu em Lisboa mas foi para o Alentejo muito nova. Como foi a sua infância por lá?
- Foi muito boa. Foi no campo, a rebolar pelas ervas e a brincar com a terra e com os animais. Lembro-me de alguns verões maravilhosos.
- Por que motivo é que foi parar ao Alentejo?
- A minha mãe é alentejana e o meu pai era da Beira Baixa. Encontraram-se em Lisboa e um dia decidiram ir para o Alentejo. É esta a história (risos).
- E por viver lá nunca enveredou pela música tipicamente alentejana?
- Claro que sim. Aliás, eu comecei no canto alentejano, por brincadeira, com a família. A minha avó ensinava-me muitas coisas da altura dela.
- E, depois disso, quando é que regressou a Lisboa?
- Foi em 1998, depois de ter participado num espectáculo de fado e flamenco que se chamava ‘Sol à Lua’.
- Quando chegou a Lisboa, começou logo a cantar nas casas de fados?
- Sim. A primeira casa onde cantei e da qual guardo muitas recordações foi a Amália, em Cascais, onde também cantavam o Pedro Moutinho ou a Mafalda Arnaut. Só que, entretanto, fechou.
- Já disse – inclusive publicamente – que a Amália é uma grande influência na sua vida. Como é que se deu o primeiro contacto com ela?
- Cheguei a conhecê-la pessoalmente. Eu fui duas vezes a casa dela e estive sempre muito caladinha a admirá-la e a ouvi-la cantar.
- O fado ainda é hoje uma 'estranha forma de vida'?
- Penso que sim. É um universo diferente, porque, por exemplo, vivemos muito na noite e temos horários muito diferentes.
- O fado está na moda?
- Para mim, o fado sempre esteve na moda, mas admito que está a viver uma nova fase. Mesmo os estrangeiros estão muito mais predispostos para ouvir fado.
- Editou o seu único disco em 2002. Porque é nunca mais gravou em nome próprio?
- Porque depois engravidei e tive de parar. Até ao final da gravidez cantei sempre, e cheguei a fazer uma digressão por Inglaterra, mas depois tive mesmo de parar. Em 2006, conheci o José Peixoto e o Fernando Júdice, que me convidaram para participar no projecto ‘Sal’, em que foi a primeira vez que entrei num universo diferente do fado e tudo isso foi adiando a carreira a solo.
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