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Sara Prata: “Lido bem com as saudades”

Feliz a fazer o que mais gosta, teatro e televisão, a actriz está prestes a separar-se do namorado, João Rodrigues, que vai estudar para Roma.

21 de agosto de 2010 às 10:30

Feliz a fazer o que mais gosta, teatro e televisão, a actriz está prestes a separar-se do namorado, João Rodrigues, que vai estudar para Roma. Sem pudores, Sara Prata confessa que não pensa numa relação para o resto da vida.

- Como é que foi regressar ao teatro com a peça ‘As Muralhas de Elsinore', passados sete anos?

- Foi muito bom. No dia da estreia estava muito feliz, o sorriso não me saía da cara. É uma sensação muito boa voltar ao palco. Quando o pano abriu, foi uma descarga de adrenalina brutal e isso não acontece na televisão. Apesar de existirem outras situações e emoções, é no teatro, sem dúvida nenhuma, que se vive mesmo o amor intenso. É maravilhoso. Tinha muitas saudades.

- Se é uma paixão tão grande, porque é que ficou tanto tempo sem pisar o palco?

- Não surgiu a oportunidade. Hoje em dia, os jovens actores são um bocadinho descredibilizados. As grandes companhias têm um elenco fixo, não há grandes projectos onde se possam agarrar jovens, então fica difícil ir em busca. Além disso, a adaptação ao mundo da televisão também é difícil. São muitas horas de trabalho. Então, tem de haver uma margem para a pessoa se habituar. Até esta oportunidade surgir eu não me sentia com coragem de conciliar as duas coisas. A minha grande necessidade de voltar ao teatro foi superior ao medo de não aguentar em termos físicos e de horários.

- Como é que surgiu o convite?

- ‘As Muralhas de Elsinore' já estiveram em cena no Teatro de Oeiras com a actriz Laura Galvão. Entretanto, surgiu a oportunidade de ir para o Teatro Experimental de Cascais. Como a Laura não pôde continuar, surgiu a proposta. Fiquei radiante. Gosto muito do trabalho deles e sinto-me à vontade com todos.

- Quando surgiu o convite já estava na novela ‘Espírito Indomável'. Não pensou adiar o seu regresso ao teatro, mais uma vez?

- Nem pensar. Disse-lhes no imediato: "Contem comigo. Quero muito estar com vocês. Só por me terem convidado, o meu sim é garantido." Empenhei-me a 100%, como sempre, e está a saber-me muito bem esta entrega.

- Na peça, tem três personagens: uma prostituta, uma louca e uma rainha assassina. Qual delas deu mais gozo interpretar?

- Todas me deram gozo, mas todas me deram um trabalhão. É difícil separá-las. Mudar de uma para outra é uma grande correria. Na terceira mudança olhei ao espelho para trocar a maquilhagem e até me assustei, parecia um boneco assassino.

- E em termos emocionais, como é que se gere?

- Faz parte. Tem de se trabalhar a emoção. A partir do momento em que elas falam há um ‘click' e eu entro no seu universo.

- Antes da estreia houve muito nervosismo?

- Muito. Fui gravar nesse dia e no final todos me desejaram boa sorte. Aí entrei em pânico, só queria vomitar. Não estava a conseguir controlar a minha emoção. Depois, fui para casa, acalmei-me e fui para o teatro tranquila.

- Nesse dia, contou na plateia com inúmeros amigos e com o seu namorado, João Rodrigues...

- Sim, foi muito bom. Eles são muito meus amigos e estavam todos a torcer por mim. Soube-me muito bem a presença do João e de grandes amigos.

- Como é que faz para conciliar as gravações com a peça?

- Não há muito a fazer. As gravações são das 8h às 19h, o teatro das 22h às 23h30...

- Não se sente cansada?

- Há a ajuda de vitaminas e tento cuidar de mim, descansar o máximo de tempo possível. Tenho 26 anos, se não fizer isso agora não o vou fazer mais. Estava com muita vontade e vou conseguir conciliar.

- As gravações da novela continuam a correr bem?

- Muito bem. Estou numa fase muito feliz. Estou a conseguir fazer duas coisas de que gosto muito.

- A sua personagem quer roubar o namorado a outra rapariga...

- É verdade. Não se escolhe a paixão [risos].

- Já lhe aconteceu isso?

- Nunca me aconteceu, mas sei que essas situações existem.

- Neste momento, a sua vida privada está em segundo plano, portanto...

- A minha vida pessoal neste momento é o meu trabalho.

- Não sente que está a perder uma parte importante da sua vida?

- Não. Custa não poder ir à praia e não ir de férias com os meus amigos mas daqui a uns meses também posso.

- E há tempo para namorar?

- Não tenho namorado muito porque estou em Lisboa e o João está em Braga, ele está a trabalhar no ‘Pacha' de Ofir.

- Como é que fazem para estar juntos?

- Às vezes vou ter com ele, outras é ao contrário. Todos os momentos que conseguimos, estamos juntinhos. A nossa relação sempre foi vivida na base do trabalho. O João conhece-me e sabe que o trabalho tem uma grande importância para mim. Conciliamos as coisas muito bem e sabemos lidar com a distância. Eu já estive duas vezes no Brasil a trabalhar, já estive a estudar em Los Angeles, estamos habituados. Temos uma relação muito aberta.

- As saudades são muitas?

- Fazem parte, tornam as coisas mais especiais.

- O João vai estudar para Roma, vão estar ainda mais separados...

- Sim, a nossa relação é mesmo assim. Eu não o castro. Nunca vou dizer que não aos seus objectivos nem ele o fará com os meus. Temos 26 anos, somos pequeninos, estamos a crescer. Seria desumano haver uma limitação.

- Apesar de ser jovem, já imagina o João como o homem com quem vai ficar para sempre?

- Não penso nisso. Estou com ele agora, ponto.

- Não falam no futuro da vossa relação?

- Não. Para mim, o futuro é amanhã. O que importa é o meu presente. Não há nenhuma pressão, senão já vivíamos juntos.

- Entretanto, no ano passado, revelou que iria estudar para Madrid. Mudou de ideias?

- Não, surgiu a oportunidade de ir para Los Angeles e preferi ir. Juntei-me ao João Cajuda, à Helena Costa e à Mariana Monteiro. Juntei o mês que tinha livre para estudar e ter férias. Soube muito bem. Foi maravilhoso. Madrid está aqui ao lado, fica para a próxima.

- Já foi considerada por actores mais velhos como a grande promessa da sua geração. É uma grande responsabilidade?

- Sinto-me envergonhada porque sou muito pequenina ao lado deles.

- Mas a verdade é que desde que se estreou nos ‘Morangos com Açúcar', em 2005, nunca parou...

- Só tenho a agradecer por isso. Este meio é difícil, mas também é necessário ir em busca. Eu procuro certezas no meu trabalho. Gosto de receber parabéns, mas também gosto de dá-los a mim própria. Gosto de estar orgulhosa do meu trabalho e, para isso, tenho de me dedicar. Continuo à procura da evolução.

- Outra das implicações de ser actriz é mudar de visual de papel para papel.

- Acho o máximo. Não havia melhor forma de entrar na Becas [personagem de ‘Morangos com Açúcar'] se não tivesse crista e o bico na testa. Porque é que há dificuldade em aceitar-se um teste de imagem? É o que exteriormente aquela pessoa é!

- No final do ano passado fez uma operação estética às orelhas. Era mesmo uma necessidade?

- Sim. Quero ser actriz e seria muito horrível se tivesse de fazer uma tragédia com o cabelo apanhado. Durante todo o meu percurso tive de pedir para me taparem as orelhas. Era uma questão pessoal, o meu próprio espelho, mas também era profissional. Agora sinto uma liberdade incrível.

- A operação correu bem?

- Correu, apesar de ter sido dolorosa. Quero deixar claro que uma operação estética não deixa de ser uma intervenção cirúrgica. Cada vez mais as operações estão na moda e as pessoas lançam-se sem pensar duas vezes, tem contras, tem dores, medos...

- Neste momento sente-se a 100% com o seu corpo?

- Sim. Não mudaria mais nada em mim.

- Como lida com o mediatismo inerente à sua profissão?

- Lido bem, tento ter sempre um sorriso para as pessoas que me encontram na rua. Mas continuo a ser a Sara, se precisar de espaço, sem magoar, peço licença, porque acima de tudo somos humanos. Mas respeito muito o meu público.

- Como é a Sara fora dos ecrãs?

- Sou super predisposta, sou honesta com quem tenho de ser, sou Leão, amo aqueles que amo, odeio aqueles que odeio. Tenho medos, mas faço deles os meus objectivos. Tento transformar as coisas numa realidade. Dedico-me muito porque sei que se fizer hoje, amanhã vou colher.

- Como é a relação com a sua família?

- É maravilhosa. Saí de casa aos 15 anos para estudar teatro em Cascais. A minha mãe abraçou logo a ideia. O meu pai ainda tentou demover-me, mas quando percebeu que era mesmo o que queria, apoiou-me a 200%. Hoje em dia tenho a certeza de que eles estão orgulhosos.

- Hoje mora sozinha?

- Sim. É óptimo. Sempre vivi com amigos. Neste momento estou mesmo sozinha, posso deixar as meias para um lado, o copo para o outro e arrumar quando quiser. Descobri o meu porto de abrigo.

- E com as lides domésticas, tem uma boa relação?

- Muito boa [risos]. Sou o caos, mas ao mesmo tempo sou arrumadinha.

INTIMIDADES

- Quem gostaria de convidar para um jantar a dois?

- Combinava com o João [Rodrigues], depois ele enganava-se e entrava noutro restaurante e eu jantava com o Johnny Depp.

- Não consigo resistir a...

- ... gomas. Se pudesse, estava sempre a comê-las.

- Se pudesse, o que mudava em si, no corpo e no feitio?

- No corpo, já mudei as orelhas. No feitio, deixava de ser tão teimosa. Os meus amigos estão-me sempre a chamar a atenção.

- Sinto-me melhor quando...

- ... tenho a certeza de que estou a fazer aquilo que é certo.

- O que não suporta no sexo oposto?

- Cada vez são menos românticos. Estão sempre agarrados à Playstation.

- Qual é o seu pequeno crime diário?

- Quando o despertador toca, ponho sempre mais cinco minutos.

- O que seria capaz de fazer por amor?

- Ir a Braga três vezes numa semana só para ver o João.

- Complete. A minha vida é...

- ... uma maravilha. É tudo o que eu quero. Sou muito feliz.

PERFIL

Sara Prata tem 26 anos e integra o elenco da novela da TVI ‘Espírito Indomável'. Até dia 29, está em cena no Teatro Experimental de Cascais com a peça ‘As Muralhas de Elsinore'. Estudou teatro e estreou-se em televisão em 2005 com a série ‘Morangos com Açúcar'.

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