‘Companheiros de Aventura’ é o novo álbum a solo de Tim. Um disco com vários convidados e que esconde muitas histórias.
‘Companheiros de Aventura’ é o novo álbum a solo de tim. Um disco com vários convidados e que esconde muitas histórias.
- Rui Veloso, Vitorino e Celeste Rodrigues são alguns dos nomes que participam no seu novo disco. Comecemos pelo Rui... Que capricho do destino foi este que levou um ‘tripeiro’ [Rui Veloso] e um alentejano a encontrar-se em Lisboa?
- Essa é uma das condições do País, que não é muito grande (risos).
- Mas como foi esse primeiro encontro entre vocês?
- O nosso primeiro encontro deu-se por alturas de Rio Grande. Nós já nos tínhamos encontrado pontualmente em algumas ocasiões sociais mas daí não tinha resultado nada de especial. Às vezes, se não for por motivos profissionais, é difícil os músicos encontrarem-se. E com o Rui foi assim, encontrámo-nos no Rio Grande porque houve um convite de trabalho.
- É verdade que sonhava em tocar baixo tão bem como o Rui Veloso toca guitarra?
- É mais ou menos isso (risos). Achava, e acho, que o Rui é um grande guitarrista e que reúne à sua volta alguns dos melhores músicos do País. Ora, eu achava que só teria o atestado de melhor baixista no dia em que conseguisse tocar com o Rui. Até lá poderia ser um óptimo baixista mas não seria, certamente, o melhor (risos).
- Alguma vez lhe disse isso?
- Não, mas escrevi isso neste disco – e espero que ele o venha a ler.
- O Tim e a Celeste Rodrigues (irmã de Amália Rodrigues) é uma daquelas parcerias improváveis deste disco. Imaginar o cantor dos Xutos & Pontapés a frequentar a casa de uma Rodrigues não deixa de ser uma surpresa. Como é que isso começou?
- Aconteceu muito naturalmente. Quando os Xutos começaram, em 1979, o Zé Pedro namorava com a filha mais nova da Celeste, e então, cada vez que vinha a Lisboa ter com eles, acabávamos a passar a tarde em casa da Celeste. Mas eu conhecia a Celeste assim de raspão (risos). Quando entrávamos em casa dela era a hora a que ela saía para o trabalho. É engraçado, porque sempre falámos muito de música – mas nunca tínhamos tido a oportunidade de trabalhar juntos.
- Ela surpreendeu-se com o convite?
- Sim. No início, ela disse ‘ó filho, se queres que vá cantar, eu vou’. Mas, no dia em que fomos para o estúdio, ela chamou-me à parte, pegou-me num braço e perguntou-me: "Ó Tim, mas isto é para quê?"
- Escreve no ‘booklet’ do disco que "a obra e o rigor de Vitorino são um exemplo de como é possível realizar coisas que outros acham fora do nosso alcance". Houve muita gente a duvidar de que alguma vez o Tim pudesse vir a trabalhar com o Vitorino?
- Houve, inclusive eu próprio. Quando comecei a comprar discos do Vitorino mal podia adivinhar que um dia pudesse vir a conhecê-lo. O Vitorino também apareceu por altura do [projecto] Rio Grande e é uma pessoa que admiro muito.
- "O Vitorino ensinou-me que a partir dos 40 só se devem usar coisas de boa qualidade. O corpo já não aguenta a trabalheira que dá eliminar a porcaria." Portava-se muito mal antes dos 40?
- Não é propriamente portar mal... É antes aproveitar a vida (risos). Mas o Vitorino ensinou-nos muita coisa. Quando entrámos na digressão do Rio Grande aprendemos com o Vitorino que mais valia escolher um bom vinho do que beber o primeiro que aparecesse à frente. Essa exigência acabou por passar para a comida e curiosamente para a música.
- Há também o Fernando Júdice. Como é que começou essa cumplicidade?
- Conheci o Fernando na altura da Resistência, em que ele era o baixista, só que depois ele passou para os Madredeus e deixou de ter tempo para outras coisas. Mais tarde voltámos a trabalhar, por altura do convite que tive para fazer um tema de homenagem ao Adriano Correia de Oliveira, que era ‘Tejo que Levas as Águas’, e a partir de então começámos a trabalhar juntos com regularidade.
- Há ainda o Fred, o filho do Kalu, "o primeiro bebé a nascer entre os Xutos", como o Tim escreve. Isso fá-lo sentir velho?
- Não. Sinto-me muito satisfeito por poder estar a partilhar a música com ele. Mas o meu filho Sebastião também já tocou comigo, nomeadamente em alguns dos espectáculos que dei recentemente no Museu do Oriente.
- "Nesta vida todos são um pouco vagabundos." Se não tivesse seguido esta vida vagabunda o que acha que estaria a fazer hoje?
- Como estudei em Agronomia, possivelmente andava por aí a fazer qualquer coisa nessa área, a tratar das regas ou qualquer coisa. Ou então estava ligado às viagens, porque não conseguia estar parado no mesmo sítio.
- Mas costuma dizer que o início da música não foi fácil...
- Quando comecei a tocar, ser músico era quase um estigma social. Estava-se condenado ao fracasso. O meu pai sempre teve um grande receio em relação ao meu futuro. Só a partir de ‘Circo de Feras’ é que consegui ganhar a independência financeira em relação aos meus pais.
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