Filipa Lemos fala pela primeira vez sobre a morte do irmão, Tony Lemos, numa altura em que o grupo lança uma canção de homenagem
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Menos de um mês depois da morte do seu irmão [Tony Lemos], os Santamaria lançam uma nova canção em sua homenagem, ‘Amar, Querer, Acreditar’, que ainda tinha sido trabalhada por ele. Já pensou no dia em que terá de interpretá-la ao vivo pela primeira vez?
Não vai ser nada fácil, mas era uma obrigação da minha parte e da parte da banda lançá-la porque sei que era uma canção especial para ele, até pelas palavras. Vai ser muito complicado cantá-la mas eu costumo dizer que nós músicos somos um bocadinho como os palhaços porque, mesmo com vontade de chorar, a nossa obrigação é fazer o nosso papel. E esta é a homenagem perpétua que lhe fazemos. A canção não estava para sair agora, mas tivemos de antecipá-la porque, depois da morte do meu irmão, as pessoas começaram a fazer muitas perguntas se a banda ia ou não terminar.
Mas afinal que canção é esta?
É uma canção que o meu irmão fez com muito cuidado há cerca de três anos mas que ainda não tinha mostrado ao grupo. É especial por isso e porque, pela primeira vez, tem a minha filha de 16 anos a cantar. Foi o meu irmão que, quando um dia a ouviu, me disse logo: ‘Tu ainda não percebeste o talento que tens em casa’. Foi ele que quis que ela gravasse e essa é uma das grandes novidades deste tema.
Chegou a pensar em acabar com os Santamaria depois de tudo o que aconteceu?
Não. Quando eu viajei para Portugal por causa da morte do meu irmão tive o cuidado de reunir com a banda e a decisão foi unânime em relação à continuidade. O meu irmão só este verão, por exemplo, dedicou muitas horas ao trabalho de estúdio dos Santamaria e seria até desrespeitoso não dar continuidade àquilo que ele fez.
E como é que vai ser agora?
Tudo vai ser diferente, especialmente para mim porque esta caminhada nas artes com o meu irmão já é muito longa. A minha carreira com ele já tinha 36 anos. Sempre estive habituada à sua presença e a trocar opiniões com ele e vice-versa. Agora ele não está. Eu sei que a primeira vez que subirmos ao palco sem ele vai ser muito duro. Vai ser uma falha muito difícil de colmatar.
Como dizia o Tim, quando morreu o Zé Pedro, dos Xutos, o lugar dele no palco vai ficar para sempre!
Sim, essa parte vai ser muito dura, porque eu e o meu irmão tínhamos uma grande cumplicidade em palco. Quantas vezes ríamos e falávamos mesmo durante os espetáculos. Essa cumplicidade era muito nossa e disso vou sentir muita falta.
Apesar de serem irmãos, vocês eram pessoas bem diferentes!
Sim, eu e o meu irmão éramos pessoas muito opostas. Eu sempre fui muito extrovertida, com muita garra e mais positiva e ele sempre foi mais tímido e resguardado. Não era muito de expressar sentimentos ou de dizer o que pensava, mas às vezes bastava olhar para a cara dele para perceber o que queria dizer.
Mas terá sido pelo facto de ser uma pessoa tímida e reservada que ninguém conseguiu prever o que veio a acontecer?
Sim, eu não estava nada à espera daquilo que aconteceu, até porque eu falava muito com o meu irmão e éramos os dois muito confidentes das nossas vidas pessoais e daquilo que nos assolava. Por isso, isto apanhou-me de surpresa. Foi um choque e um duro golpe na minha vida e na da minha família. Vai ficar para a vida toda. É uma saudade que aperta todos os dias. É inexplicável.
A Filipa vive atualmente no México. O que é que a levou a mudar?
O meu marido trabalha no México há quatro anos e eu acabei por vir ter com ele há cerca de um ano e meio. A nossa filha já tem 16 anos e no ano passado, em setembro, depois de terminarmos a digressão dos Santamaria, decidimos mudar, embora eu passe o tempo em viagens entre o México e Portugal.
Mas como é que uma banda funciona com a sua vocalista tão longe?
Eu controlo as coisas todas daqui. Sou eu que tenho os contactos e vou gerindo as coisas. Quando é preciso eu desloco-me. Atualmente, com a pandemia, é que as coisas mudaram um bocadinho.
E como é que está aí no México a situação da pandemia?
Eles aqui são bastante mais rigorosos. As pessoas podem ter uma ideia contrária, por ser um país da América Latina, mas eles estão mais habituados a seguirem protocolos. Aqui, por exemplo, desde o início da pandemia que é proibido sair à rua sem máscara, as empresas estão todas em teletrabalho e a escola continua a funcionar à distância. As coisas aqui estão bastante mais controladas e estabilizadas do que em Portugal.
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