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Brasil vai pedir explicações aos EUA por tratamento degradante dado a brasileiros deportados com correntes nos pés

Homens e mulheres de todas as idades chegaram a Manaus todos algemados e com correntes nos pés para que não pudessem caminhar.

26 de janeiro de 2025 às 15:56

O governo brasileiro vai pedir explicações ao novo governo dos EUA, comandado desde segunda-feira passada por Donald Trump, sobre o tratamento desumano e degradante dado por agentes norte-americanos a brasileiros deportados para o Brasil esta sexta-feira. Os 158 deportados, sendo 88 brasileiros e 70 estrangeiros de várias nacionalidades, chegaram ao Brasil algemados e com correntes nos pés como se fossem criminosos altamente perigosos e não simplesmente trabalhadores ilegais por não terem visto de residência.

A decisão foi tomada pelo Itamaraty (o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Brasil) após uma reunião de emergência entre o ministro Mauro Vieira, o chefe da Polícia Federal no Amazonas, Sávio Pinzón, e com o major-brigadeiro Rodrigo Pinheiro, chefe do Comando Aéreo do Amazonas. Na reunião, que decorreu na noite deste sábado em Manaus, capital do estado brasileiro do Amazonas, o ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro ouviu relatos chocantes sobre a forma como os brasileiros deportados para o Brasil chegaram àquela cidade, onde o avião militar dos EUA, descrito como “a cair aos pedaços”, teve de fazer uma aterragem devido a problemas técnicos.  

Os deportados, homens e mulheres de todas as idades, chegaram a Manaus numa situação humilhante, todos algemados, com correntes nos pés para que não pudessem caminhar, alguns estavam mesmo presos a partes do velho avião, e vários deles denunciaram terem sido espancados e torturados por militares norte-americanos sem motivo algum durante a longa viagem de milhares de quilómetros. A tripulação dos EUA tentou manter os brasileiros dentro do avião, sem ar condicionado e sem acesso à casa de banho, até que um novo avião chegasse dos Estados Unidos, o que poderia demorar um ou dois dias, e completasse a viagem até Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, a 3964 km de Manaus, ponto de destino inicialmente previsto, mas a Polícia Federal não permitiu.

Enfrentando a resistência e a hostilidade dos militares norte-americanos, agentes federais brasileiros tiraram todos os 158 passageiros do avião pela rampa de emergência, e retiraram as algemas e as correntes que os aprisionavam. Mauro Vieira, que estava nas Caraíbas em visita oficial, ao saber da situação voou imediatamente para Manaus, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que já tinha ordenado que todos os deportados fossem libertados, enviou na noite deste sábado um avião da Força Aérea Brasileira para resgatar tanto os brasileiros quanto os estrangeiros expulsos dos EUA e levá-los para Belo Horizonte.

Inicialmente, de acordo com fontes do Itamaraty, o governo brasileiro fará somente um pedido de explicações aos EUA, lembrando que existem acordos para tratamento digno a cidadãos dos dois países e que esses entendimentos não foram cumpridos, sujeitando os deportados a condições ultrajantes à vida e à dignidade humana. Mas, dependendo da resposta do governo de Donald Trump, que anunciou querer expulsar mais de 11 milhões de estrangeiros que entraram ilegalmente nos EUA e a quem considera criminosos, haverá um protesto formal.

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