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Todas as vítimas de Tondela morreram esmagadas

Autópsias revelam que pânico ditou mortes.

16 de janeiro de 2018 às 01:37
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Todas as vítimas de Tondela morreram esmagadas

Pânico, muito pânico, decisões erradas na hora de saída. Os primeiros a escolherem a porta lateral foram traídos pelo fumo e pela falta de luz. Caíram nas escadas, atropelaram-se, foram esmagados uns pelos outros.Nenhum dos oito mortos foi vítima direta do incêndio na salamandra e libertação de gases. Seis acabaram sufocados pelos corpos que se amontoavam e os outros dois morreram com fraturas ao nível do pescoço, face à violência que foi empregue quando tentavam fugir todos da associação recreativa de Vila Nova da Rainha, em Tondela, no sábado à noite.

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As autópsias, na Medicina Legal, não deixam dúvidas. Não há vítimas diretas das chamas. As oito mortes decorreram da fuga desenfreada do primeiro andar, onde estava a salamandra, cujo tubo se incendiou e alastrou ao tecto falso em esferovite. E da impossibilidade de se abrir a porta, que permitisse a saída de dezenas que se acumulavam. Salvaram-se, com traumatismos, os que ficaram por cima, na montanha de corpos. Outros, que ficaram para o fim, escaparam com queimaduras ou intoxicados. São os 38 feridos, alguns internados em estado grave.

Os testemunhos apontam no mesmo sentido. Corpos espalhados, esmagados. "Quando conseguimos rebentar a porta, vi dezenas de pessoas em cima umas das outras. Tirei mais de 40. Espalhei-os pelo chão, enquanto esperávamos os bombeiros", diz António Costa, morador da zona.

"Voltei atrás para ir buscar o casaco. E foi o que me salvou. Ainda fiquei presa nos corpos, mas fiquei por cima", recorda Olga, que estava a jogar à sueca, no torneio que decorria no primeiro piso, com uma das oito vítimas mortais.

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"Agora temos de recuperar. Apoiar as famílias e tratar dos vivos. Não podemos deixar morrer a nossa terra", conclui António Costa.

Nove dos 38 feridos  ainda em estado grave 

Nove dos 38 feridos que resultaram do incêndio na Associação Recreativa e Humanitária de Vila Nova da Rainha continuam em estado considerado grave, nos Cuidados Intensivos. No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, estão internados dois homens, de 58 e 59 anos, que, segundo fonte hospitalar, estão "com queimaduras nas vias respiratórias", sendo que um deles "inspira mais cuidados". Ambos se "encontram estáveis, mas com prognóstico reservado". No Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, estão dois homens, de 70 e 51 anos, "estáveis e internados na Unidade de Cuidados Intensivos".

Em Coimbra também está um ferido, "a ser ventilado, com prognóstico reservado. Das seis vítimas que foram transportadas para unidades hospitalares do Porto, duas mantêm-se com "prognóstico reservado" e quatro estão "clinicamente estabilizadas", disseram ao CM fontes hospitalares. Estes feridos foram na madrugada de domingo transferidos do Hospital S. Teotónio, de Viseu, onde ontem à tarde estavam internadas doze pessoas - duas continuam nos Cuidados Intensivos.

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