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#AdoroOsMeusOlhos: perceba o que é a degenerescência macular da idade

A propósito da Semana da Visão, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) lança a campanha #AdoroOsMeusOlhos, em parceria com várias entidades relacionadas com a visão. Manuel Falcão, médico oftalmologista e membro da Direção da SPO, fala-nos da forma mais comum de perda de visão em idade mais avançada.

10 de outubro de 2022 às 11:02

A degenerescência macular da idade (DMI) é a forma mais comum de perda visual central nas pessoas com idade avançada. A sua designação pode variar, sendo possível encontrar denominações como degenerescência macular "ligada" à idade (DMLI) ou "relacionada" com a idade (DMRI).

Tem um nome complexo, mas de fácil entendimento, se soubermos que a mácula é a zona central da retina. Relembro que a retina é a estrutura nervosa do olho responsável por transformar a luz que entra no olho numa imagem que podemos ver. Chama-se mácula porque tem uma coloração diferente da retina circundante. A retina central é a área da retina que, pela sua especial composição celular, nos permite ter a visão de pormenor (permite ler e reconhecer pessoas) e das cores. Ou seja, é uma doença que leva a uma degenerescência da zona central da retina em pessoas com idade avançada.

A doença pode surgir a partir dos 55 anos, no entanto, é rara nesta idade. O risco de a ter vai aumentando progressivamente ao ritmo do envelhecimento. Por exemplo, aos 70 anos poderá não ter a doença, mas ela pode surgir mais tarde.

As formas iniciais da doença são assintomáticas, ou seja, não alteram a visão da pessoa. Consistem no aparecimento de drusas (ou "drusen") na região macular, que são facilmente identificáveis por uma consulta com o seu oftalmologista. A doença inicial poderá depois evoluir para as duas formas avançadas: 1) a atrofia macular ou 2) a neovascularização com edema e hemorragias. Em ambas as formas ocorre a perda da visão central. Normalmente, a doença é bilateral não sendo simétrica. Isto quer dizer que um olho poderá estar numa fase mais adiantada da doença do que o outro.

Na forma atrófica, ocorre a morte de algumas das células centrais da retina de um modo progressivo e lento. Atualmente, esta forma não tem ainda tratamentos eficazes. No entanto, a ciência oftalmológica começa a dar passos para travar a sua progressão. Na forma neovascular, surgem na mácula novos vasos sanguíneos que levam a edema e hemorragias com perdas rápidas da visão. Esta segunda manifestação é mais dramática e rápida, mas existem tratamentos muito eficazes que permitem preservar a visão das pessoas desde que iniciem os tratamentos atempadamente.

Prof. Manuel Falcão

Professor e médico oftalmologista, membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia

A doença não leva à cegueira total. A visão periférica não é afetada, o que quer dizer que, mesmo as pessoas com DMI grave nos dois olhos, conseguem deambular por casa, pela rua e podem até nem aparentar nestas atividades limitações visuais. Porém, o compromisso central pode ser dramático. No início da forma neovascular, o edema retiniano altera a forma da mácula, e por isso, o doente percebe os objetos como estando tortos ou desfigurados. Se não se tratar o doente nesta fase, a alteração visual progride em meses para uma zona central escurecida que não permite identificar pormenores ou cores... Perde-se a capacidade de identificar as letras de um livro ou jornal, ou reconhecer uma cara amiga. Chegados a este estado, os tratamentos disponíveis não permitem a restituição da visão. Esta perda central irreversível é o que acontece também na forma atrófica.

Pode tentar prevenir esta doença. Sabemos que o tabagismo é um fator de risco e sabemos que a dieta rica em vegetais e fruta também pode diminuir o risco. Se consultar o seu oftalmologista regularmente, ele pode identificar as lesões iniciais e, se necessário, prescrever antioxidantes em comprimidos que irão atrasar a progressão da doença. Pode também explicar as primeiras manifestações da doença neovascular, a forma da doença com tratamento eficaz, quando diagnosticada atempadamente. Se souber que tem um risco aumentado da doença e souber as suas manifestações, pode procurar apoio mais rapidamente e melhorar o seu prognóstico. Não posso deixar de reforçar que o diagnóstico e o início de tratamento da forma neovascular vão condicionar o resultado visual final. De um modo geral, os tratamentos permitem manter a visão do paciente. Se for diagnosticado já com uma visão baixa, os tratamentos poderão não restituir a visão perdida.

O tratamento consiste em injeções intraoculares de fármacos. São eficazes a controlar a doença, mas não a curam. Acabando o efeito da injeção, é necessário voltar a injetar. O intervalo entre os tratamentos varia de doente para doente. Porém, na maioria dos casos perpetuam-se ao longo da vida. É este o motivo para as pessoas fazerem este tipo de tratamento cronicamente... mas graças aos tratamentos ainda conseguem uma ótima qualidade de vida.

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