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Diabetes já é a principal causa de morte nos doentes renais

A diabetes é a principal causa de mortalidade entre doentes com Doença Renal Crónica (DRC). Em Portugal, a prevalência da diabetes aumentou 21% nos últimos 15 anos, sobretudo em adultos entre os 20 e os 79 anos. João Ramos, médico de família na USF Carnide Quer, ULS Santa Maria, aconselha a controlar o peso, a pressão arterial, o açúcar no sangue e o colesterol LDL

21 de novembro de 2025 às 09:00

A situação é alarmante: em 2017 existiam 697,5 milhões de pessoas com Doença Renal Crónica (DRC) em todo o mundo, uma prevalência global de 9,1%. E quase um quarto da incapacidade causada pela doença está diretamente ligado à diabetes tipo 2, a mais comum na população. Em Portugal, o cenário não é mais animador. A prevalência da diabetes aumentou 21% nos últimos 15 anos, atingindo sobretudo os adultos entre os 20 e os 79 anos. Esta subida tem impacto direto nos rins: a DRC é uma complicação frequente da diabetes e uma das causas mais silenciosas de perda de qualidade de vida. Na diabetes tipo 1, por exemplo, a DRC afeta 30% dos doentes e continua a crescer a nível global.

É de importância crucial “o aumento de sensibilização para o problema” e “manter um bom controlo sobre os parâmetros que sabemos serem fatores de risco”, como alerta João Ramos, médico de família na USF Carnide Quer, ULS Santa Maria. Anote a melhor receita para a prevenção da DRC: “Controlar o peso e o perímetro da cintura, controlar a pressão arterial, controlar os níveis de açúcar e de colesterol LDL – o chamado ‘colesterol mau’.” Depois, acrescenta o clínico, “há que atentar em algumas queixas relacionadas com as complicações da diabetes, e que podem anteceder ou coexistir com problemas renais: cansaço fácil, falta de ar, dores musculares nas caminhadas, formigueiros, alterações na visão, são os exemplos mais comuns”. Mas, atenção, que “a ausência de sintomas não é, por si só, sinónimo de ausência de complicações renais. Pelo contrário, o mais comum na DRC é não haver sintomas.”

Um terço dos diabéticos atingido

A DRC é uma condição em que o rim sofre um dano progressivo por fatores agressores, e com isso vai perdendo a capacidade de executar as suas funções, como explica o médico João Ramos. “Estimamos que cerca de um terço das pessoas com diabetes desenvolve esta complicação, e isso acontece sem se aperceberem porque se trata de uma doença silenciosa, que só dá sintomas em fases muito avançadas.” A perda média da função renal em pessoas com DRC e diabetes tipo 2 pode conduzir rapidamente à necessidade de diálise ou transplante. Além disso, quem apresenta DRC e insuficiência cardíaca enfrenta um risco muito elevado de mortalidade. O impacto económico também é preocupante. Só em Portugal, a progressão da doença renal diabética pode custar 1,7 mil milhões de euros, sobretudo devido a hospitalizações, tratamentos complexos e perda de autonomia.

Tratamentos inovadores

Apesar do cenário desafiante, existem hoje avanços importantes no tratamento. “Temos, de facto, novas moléculas inovadoras, os inibidores da SGLT2 e a finerenona, com critérios para a sua utilização, com resultados muito favoráveis, e que vêm abrir perspetivas otimistas sobre a gestão e a evolução da DRC, pelo aspeto de proteção renal que conferem”, salienta o médico João Ramos. “Esta melhoria dos parâmetros do rim traduz-se depois numa diminuição marcada de complicações cardiovasculares, e na diminuição de probabilidade de vir a precisar de hemodiálise.”

Os especialistas são claros: o sucesso depende de uma gestão de fatores, combinando controlo da glicemia, pressão arterial, lípidos e acompanhamento regular. A DRC é uma doença que exige trabalho em equipa entre endocrinologistas, nefrologistas, cardiologistas e médicos de família. O médico de família na USF Carnide Quer, ULS Santa Maria acredita que será possível “inverter a tendência” de subida de casos com “o aumento da sensibilização para o problema, a capacidade para deteção mais precoce da DRC, através de análises simples, e, acima de tudo, as perspetivas abertas por novas classes de medicamentos que são protetores do rim”.

A chave, como insiste João Ramos, “será um estilo de vida que combata o aparecimento da diabetes, um diagnóstico precoce desta diabetes e das suas complicações, nomeadamente DRC, e uma otimização da terapêutica, com recurso aos novos fármacos que modificam o prognóstico”.

A receita do médico João Ramos

Reduza o sal e os hidratos de carbono; Adeque o consumo de proteína quando indicado pelo seu médico;

Beba água; Não fume

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