O cancro da próstata, o mais comum entre os homens com mais de 50 anos, mata dois mil portugueses por ano, numa média superior a cinco mortes por dia. José Santos Dias, diretor clínico do Instituto da Próstata, sublinha a importância do diagnóstico precoce e dos tratamentos inovadores e pouco invasivos que existem hoje
05 de novembro de 2025 às 09:00Todos os anos surgem cinco a seis mil novos casos de cancro da próstata no País. Mais de 110 000 homens portugueses com mais de 50 anos vivem com esta doença. Novembro é o mês dedicado à prevenção das doenças da próstata com iniciativas como a campanha Novembro Azul (Movember, a nível global). Mas, como sublinha José Santos Dias, diretor clínico do Instituto da Próstata, “não devia ser apenas uma vez por ano que os homens se lembram deste tema”. O urologista realça que o tabu em torno da saúde masculina ainda é forte – muitos evitam ir ao médico ou falar abertamente sobre o assunto –, mas lembra que a informação e o rastreio salvam vidas.
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VÍDEO: CStudio
“Esta oportunidade para falar abertamente sobre o tema das doenças da próstata é muito importante para se dar visibilidade ao mesmo, que continua a ser um tabu para muitas pessoas, que têm dificuldade em abordá-lo. No entanto, não é suficiente; deve ser debatido durante todo o ano, porque as doenças da próstata são muito frequentes.” Em média, o número de novos casos por ano, no nosso país, é da ordem dos seis mil, o de doentes falecidos por esta doença, por ano, é de cerca de dois mil, números referidos por José Santos Dias e que se traduzem numa média de mais de cinco mortes por dia (5,47). É por isso que há que vencer os tabus: o diagnóstico precoce é fundamental! “O número de homens afetados é esmagador. É um dos cancros mais frequentes do homem e uma das principais causas de mortalidade. Por isso é tão importante o diagnóstico em fases iniciais da doença, para se poder tratar da forma mais eficaz e o menos agressiva possível.”
Este especialista recorda que o cancro da próstata é silencioso – muitas vezes não dá sintomas –, e por isso todos os homens devem fazer exames regulares a partir dos 50 anos, ou dos 45, se tiverem familiares diretos afetados. Uma simples análise ao sangue (PSA) pode ser o primeiro passo para a deteção precoce. “É como o colesterol ou a glicemia”, diz o médico. “É um exame simples, que pode salvar a vida de um homem.” Aumento benigno considerável “Além do cancro, também o aumento benigno da próstata é muito relevante, porque afeta mais de 50% dos homens acima dos 50 anos – e tem consequências muito negativas para o bem-estar e a saúde global destas pessoas”, destaca o diretor clínico do Instituto da Próstata. Queixas como urinar muitas vezes, ter um jato fraco, urinar de noite ou a sensação de não esvaziar completamente a bexiga são sinais que não devem ser ignorados.
Instituto pioneiro em tratamentos
Com mais de 17 anos de atividade, o Instituto da Próstata é referência em tratamentos minimamente invasivos. A equipa foi pioneira em técnicas como a braquiterapia, crioterapia, enucleação prostática e biópsias de fusão, e continua a introduzir novas tecnologias que reduzem a agressividade dos tratamentos e aceleram a recuperação. Entre os avanços mais recentes destacam- se a braquiterapia 4D e guiada por ressonância magnética, a crioterapia de 4.ª geração e a terapia focal por ultrassons de alta intensidade, que permitem tratar o cancro de forma precisa e segura, com um único tratamento, com menos de um dia de internamento. Para os casos de aumento benigno da próstata, surgem também técnicas como a Aquablation e a enucleação endoscópica, igualmente muito eficazes e pouco invasivas. Quando é necessária cirurgia, o Instituto recorre a sistemas robóticos de última geração, que aumentam a precisão e reduzem as cicatrizes e o tempo de recuperação. “As técnicas minimamente invasivas têm como objetivo, justamente, tratar o cancro e o aumento benigno da próstata de forma eficaz, mas mantendo, ao mesmo tempo, as funções fisiológicas inalteradas, nomeadamente a nível sexual e de continência. Permitem manter a qualidade de vida em relação à ereção, ejaculação e continência, mas melhorando muitíssimo essa mesma qualidade de vida em relação às queixas urinárias”, sublinha José Santos Dias.
A mensagem que deixa, neste mês dedicado à prevenção, é simples: “O diagnóstico precoce salva vidas, pelo que não se devem ignorar os sinais destas doenças. Os tratamentos atuais permitem viver normalmente. Por isso, se já foi feito o diagnóstico de uma destas doenças, o importante é procurar ajuda em centros especializados e beneficiar das novas técnicas menos invasivas.
Números para refletir: 6000 novos casos de cancro da próstata por ano em Portugal • 2000 mortes anuais associadas à doença • Mais de 110 000 homens portugueses com mais de 50 anos vivem com cancro da próstata • 50% dos homens acima dos 50 anos têm aumento benigno da próstata • Rastreio recomendado: a partir dos 50 anos (ou 45 se houver histórico familiar)