Manuel Bastos aderiu ao projeto Radar sem a mínima hesitação.
26 de agosto de 2021 às 12:32Manuel Bastos, do café ‘Lugar do Bairro’, tem 60 anos e está há 50 na zona de Alcântara, onde se orgulha de conhecer "toda a gente" e de ser conhecido por todos. Muitos dos seus clientes habituais confinam-lhe as próprias chaves de casa – confiança que lhe rendeu, em 2017, uma boa ação.
"Tive uma situação com a D. Amélia, que é uma senhora de mais de 80 anos que mora aqui por cima e que é minha cliente há muito tempo. Vem cá todos os dias", recorda o comerciante. "Certa manhã não apareceu. Fui lá a casa e encontrei-a caída no chão, incapaz de se levantar. Ergui-a e liguei imediatamente ao filho, que largou o trabalho e veio ver o que se passava."
Manuel Bastos diz que, caso não tivesse tido o cuidado de ir ver o que se passava, a D. Amélia arriscaria a ficar no chão até o filho voltar do emprego, no final do dia. É por isso que, quando foi contactado pela equipa do Radar, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, aderiu, sem hesitações. "É um projeto ótimo e chegou em boa hora, porque o bairro está envelhecido, com muitos idosos a viverem Manuel Bastos aderiu ao projeto Radar sem a mínima hesitação sozinhos, sem ninguém que olhe por eles", observa.
A iniciativa veio reforçar os laços de solidariedade já existentes entre algumas pessoas e aumentar a consciência coletiva para um problema que é de todos.
"Estou sempre atento. Se o senhor Zé não aparece, vou lá tocar à campainha. Eu e outros, envolvidos neste programa. É uma grande mais-valia para as pessoas de idade", acrescenta Manuel Bastos, que exibe, com orgulho, um panfleto do projeto Radar que colou na mesa do café. "Ninguém pode dizer que não sabe o que se passa", observa. "Estes panfletos estão espalhados por todo o bairro."