PME distinguidas no Prémio SME EnterPRIZE em Portugal revelam que a sustentabilidade está a tornar-se decisiva para a competitividade.
20 de novembro de 2025 às 16:50A transição sustentável está a avançar, mas enfrenta desafios. Um estudo europeu promovido pelo Grupo Generali e desenvolvido pela SDA Bocconi revela um ecossistema empresarial em movimento: quase metade das PME — 44% — já integrou práticas de sustentabilidade ou prepara-se para fazê-lo, um crescimento expressivo face aos 34% registados em 2020.
Ao mesmo tempo, o estudo mostra também o outro lado da moeda: burocracia excessiva, incentivos e financiamento insuficiente continuam a travar o ritmo da mudança, sobretudo nas empresas de menor dimensão. Em Portugal, o retrato é semelhante: a adoção de estratégias de sustentabilidade cresce nas PME, mas enfrenta o mesmo tipo de desafios. É neste cenário de avanços e desafios que surgem as histórias de PME distinguidas, em Portugal, com o Prémio Europeu de Sustentabilidade para PME – SME EnterPRIZE — exemplos concretos de como a sustentabilidade pode gerar valor, apesar dos desafios.
Transição exigente
Na Promecel, uma PME do setor metalomecânico distinguida com uma menção honrosa em 2022, a transição continua a ser exigente. “O maior desafio continua a ser conciliar o investimento em sustentabilidade com as exigências do mercado e a pressão sobre os custos,” afirma Eliana Lopes, diretora de Qualidade e Ambiente da empresa. “Tecnologias mais limpas exigem planeamento e recursos — o que nem sempre é simples para uma PME”, recorda. A rápida evolução das normas ambientais acrescenta complexidade: “O mercado muda cada vez mais depressa, especialmente em cadeias de fornecimento internacionais.” Ainda assim, a empresa mantém o compromisso: para a Promecel, a adaptação contínua é hoje uma condição essencial para manter competitividade.
O maior desafio continua a ser conciliar o investimento em sustentabilidade com as exigências do mercado e a pressão sobre os custos
Diretora de Qualidade e Ambiente da Promecel
Ter bons profissionais
No setor do turismo, os desafios assumem outra forma. Pedro Teixeira, diretor de Qualidade, Ambiente e Segurança da NEYA Hotels, distinguida em 2023, sublinha que a sustentabilidade exige pessoas — e essas faltam. “Hoje é difícil captar e reter profissionais qualificados e alinhados com o propósito da empresa”, conta. A falta de recursos humanos torna mais difícil implementar práticas novas: “Há resistência a novos paradigmas. E sem equipas envolvidas, é muito difícil avançar.” O responsável também aponta a complexidade legislativa. “A legislação é exaustiva e, por vezes, incoerente. Se não houver incentivos claros, torna-se um desafio”, avisa. Apesar disso, a NEYA não recua. “Ser sustentável garante resultados positivos a todos os níveis. Mas é um caminho que exige consistência, transparência e objetividade”, afirma.
Ser sustentável garante resultados positivos a todos os níveis, mas é um caminho que exige consistência, transparência e objetividade.
Diretor de Qualidade, Ambiente e Segurança da NEYA Hotels
Crescer sem comprometer
Na ALGAplus, distinguida em 2022, o desafio é equilibrar crescimento económico com práticas ambientais exigentes. “É um esforço constante e, por vezes, mais oneroso do que outros modelos de produção,” explica Margarida Martins, innovation coordinator da empresa de produção biológica de algas. “A ausência de políticas específicas para setores emergentes, como a economia azul, obriga-nos a ser criativos e persistentes”, explica. Ainda assim, a responsável reforça que a sustentabilidade não é negociável! “É um investimento a médio e longo prazo. Não pode ser apenas marketing — tem de estar no centro da estratégia”, conclui.
A sustentabilidade é um investimento a médio e longo prazo — não pode ser apenas marketing, tem de estar no centro da estratégia.
Innovation Coordinator da ALGAplus
E, porém, as PME avançam
O estudo do Grupo Generali ajuda a explicar a persistência destas empresas: 83% das PME mais sustentáveis reportam melhorias ambientais e sociais significativas, mas é no impacto financeiro que a mudança se torna estrutural. Além de melhores condições de crédito e seguros, as empresas identificam ganhos claros de eficiência, reputação e cultura interna. Mas todas sublinham que o caminho exige mais apoio. O estudo quantifica essa necessidade: 78% das PME defendem mais incentivos fiscais e 76% pedem mais fundos públicos para financiar a transição.
Entretanto, a sustentabilidade deixou de ser apenas uma aspiração ética para se tornar uma condição de competitividade, inovação e resiliência. As PME distinguidas pelo SME EnterPRIZE mostram que os benefícios existem — e são reais. Mas mostram também que o caminho não é linear: exige investimento, talento, clareza regulatória e apoio financeiro.
Numa Europa onde 44% das PME já iniciou a caminhada, o desafio agora é ajudar as restantes a dar o primeiro passo — e criar as condições para que não fiquem para trás. E este é um dos grande objetivos da iniciativa Generali Tranquilidade, apoiar as empresas no caminho da sustentabilidade.
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