Falta de combustível originou falha do motor de avião no "Portugal Air Summit"

Piloto americano teve de aterrar de emergência num campo agrícola, em Ponte de Sôr.

25 de janeiro de 2019 às 17:45
Piloto americano aterrou de emergência em campo agrícola de Ponte de Sôr Foto: Pedro Catarino
Piloto americano aterrou de emergência em campo agrícola de Ponte de Sôr Foto: Pedro Catarino
Piloto americano aterrou de emergência em campo agrícola de Ponte de Sôr Foto: Pedro Catarino
Piloto americano aterrou de emergência em campo agrícola de Ponte de Sôr Foto: Pedro Catarino

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A falta de combustível esteve na origem da falha do motor e consequente aterragem de emergência do avião de acrobacias durante o festival aéreo "Portugal Air Summit", em Ponte de Sor, Portalegre, no ano passado, concluiu a investigação.

"O motor perdeu potência por falta de combustível. [houve] Uma deficiente gestão de combustível pelo piloto, motivado pelo tipo de evento e envolvente operacional, que terá levado o piloto a não efetuar uma verificação física da quantidade de combustível antes e durante cada voo", frisa o relatório final do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), a que a agência Lusa teve hoje acesso.

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A 27 de maio, poucos minutos após descolar para uma demonstração de acrobacia, inserida no evento "Portugal Air Summit 2018", no Aeródromo de Ponte de Sor, o motor do 'XtremeAir XA42' parou, e o piloto, de nacionalidade norte-americana, de 42 anos, declarou emergência no ar e aterrou num terreno agrícola.

"O piloto executou uma aproximação a planar até ao terreno agrícola e, durante a aterragem, a aeronave aterrou em terreno macio (que estava a ser preparado para plantação) e derrapou cerca de 21m (metros) antes de ficar imobilizado na posição invertida", explica o relatório.

O piloto, que estava sentado no banco traseiro, não sofreu ferimentos e saiu da aeronave pelos seus próprios meios, enquanto o passageiro, de nacionalidade portuguesa, de 36 anos, ficou com escoriações e abandonou o bilugar com o auxílio de um trator agrícola que levantou a asa direita da aeronave.

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"No decorrer da recolha de evidências e preparação de remoção dos destroços foi aferido que não existia combustível no acrotank [tanque principal] (tanto no filtro de combustível como no divisor de combustível) e apenas uma quantidade insignificante nos tanques das asas", constataram os investigadores.

O GPIAAF concluiu que, "dadas as evidências de ausência de combustível no acrotank e, tendo em consideração a queda do valor da pressão de combustível, seguida da queda no valor das rotações do motor, é provável que o motor tenha parado devido a falta de combustível".

"O planeamento de combustível antes do voo pode ser precipitado por constrangimentos de tempo, alterações meteorológicas, carga inexata e complacência por parte dos pilotos em ceder a eventuais pressões por parte das organizações de eventos. Permitir que outras pessoas ou eventos possam contribuir como uma distração, pode levar a que o piloto fique focado nesse aspeto particular e pode originar que deixe de prestar atenção a outros aspetos importantes do voo -- como gestão de combustível", alerta o GPIAAF.

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O relatório refere que a aeronave "terá sido abastecida até à sua capacidade máxima com 33 litros" de combustível antes dos voos de dia 26 de maio e com mais 36 litros de combustível no final desse dia", enquanto no dia seguinte, no dia do acidente, "não foram efetuados abastecimentos".

O dia 27 foi o único em que os voos se realizaram da parte da manhã e o voo do acidente foi o único com um passageiro a bordo da aeronave.

O "Portugal Air Summit 2018" decorreu no Aeródromo de Ponte de Sor, entre 24 e 27 de maio, reuniu das personalidades mais relevantes da indústria, infraestruturas e serviços, e teve milhares de espetadores a assistir aos voos acrobáticos.

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Em termos de espetáculo aéreo, o "Portugal Air Summit 2018" possuía várias demonstrações de acrobacia aérea e a corrida ARC (Air Race Championship). O piloto envolvido no acidente estava inscrito para participar em ambas.

Dos documentos fornecidos aos investigadores do GPIAAF, foi possível verificar que o piloto tinha, à data do acidente, um total de 12.481 horas de voo como piloto.

Contudo, "não foi possível apurar as horas de voo" que o piloto tinha no modelo da aeronave acidentada", mas o relatório ressalva que o piloto foi dono de um 'XtremeAir XA42', igual ao avião acidentado, e que, desde 2015, que participa em competições com este modelo de aeronave.

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