Fernando Crespo diz que a Câmara de Ourém lhe deve 500 mil euros.
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O escultor de um coração gigante que foi inaugurado em Fátima há um ano disse esta sexta-feira à agência Lusa que a Câmara de Ourém lhe deve 500 mil euros, valor que a autarquia não reconhece.
À Lusa, o escultor Fernando Crespo explicou que, após ter a ideia para a criação de uma peça urbana para perpetuar o Centenário das Aparições e a visita do papa Francisco, contactou o presidente da Câmara de Ourém, à data Paulo Fonseca (PS).
Segundo Fernando Crespo, o ex-autarca garantiu que iria arranjar uma entidade para financiar a peça, porque era impossível lançar o procedimento concursal, dada a proximidade de maio de 2017.
"Era uma empresa mecenas que me pagaria, mas o mecenas nunca cumpriu e quando começou a não cumprir eu informei o ex-presidente da câmara", declarou o escultor, assumindo não ter feito nenhum contrato com o município sobre a peça, mas lembrando que existe "abundante documentação que vinculam a autarquia neste projeto".
Fernando Crespo acusou o atual presidente do município, o social-democrata Luís Albuquerque, de que, "tendo consciência de que não recebeu um centavo, tentar tirar partido da situação, escudando-se num parecer encomendado em que se propõe pagar um valor ridículo pela peça".
"Nunca recebi nada, nem eu, nem quem fez os serviços complementares para a instalação da peça", declarou, referindo que o objetivo era de que "a peça ficaria para a câmara" depois de lhe ser paga.
O escultor adiantou que chegou a sugerir ao atual presidente da câmara "de que poderia lançar um concurso para a concessão da exploração do coração gigante em termos de 'merchandising', dado o enorme potencial da escultura", "para ultrapassar esta situação".
"Não há um único gesto do atual presidente de querer resolver este problema", considerou Crespo, acrescentando ser obrigado a encetar uma ação judicial, porque tem "entidades credoras, além de ter tido um prejuízo elevadíssimo".
À Lusa, Luís Albuquerque referiu que, "efetivamente, o executivo anterior teria informado de que iria arranjar uma empresa mecenas".
"Os vereadores da coligação PSD/CDS-PP [oposição à data e de que fazia parte Luís Albuquerque] questionaram o presidente do município sobre o mecenas, porque constataram que esta empresa não tinha tido atividade nos últimos anos, pelo que estranharam a situação", adiantou.
Luís Albuquerque explicou que a 27 de fevereiro de 2017 o escultor envia um 'email' à câmara indicando que o seu trabalho seria apoiado por um mecenas, "portanto, sem investimento municipal", mas Fernando Crespo contrapõe que lhe foi enviada uma minuta para remeter à câmara, minuta que é o conteúdo do email.
"Em 04 de abril seguinte envia novo 'email' a dizer que assumiria os custos da instalação da sapata que iria suportar a peça, dado os prazos estarem a ficar apertados", continuou o autarca, notando que a autarquia tinha deliberado assumir este trabalho.
O escultor garantiu de novo que o conteúdo deste 'email' foi-lhe remetido pelo ex-presidente de câmara.
Três dias depois, de acordo com a ata da reunião de câmara de 07 de abril, os eleitos do PSD/CDS-PP advertem que "continua sem ser apresentado qualquer documento onde esteja plasmado o custo da peça, bem como a cedência ao município da sua propriedade", notando que "a bem do rigor" o autor "deverá assumir por escrito o custo total da obra perante o município".
Na reunião de câmara de 29 de setembro de 2017, véspera de eleições autárquicas, o então presidente manifesta o desejo de resolver o assunto que, contudo, é remetido para uma outra reunião, pois o único vereador da oposição presente, do Move, informou que sairia se o assunto fosse votado, pelo que não haveria quórum.
Ainda assim, na ata está explanado que o escultor sugeriu ao município para que este fizesse "a aquisição formal da estrutura física por 60 mil euros mais IVA".
"O anterior presidente, face à premência de efetuar pagamentos relativos à peça, sugeriu pagar este valor por conta de alguns materiais, sendo que os restantes ficariam para o novo mandato, situação de que o atual presidente tinha conhecimento", garantiu Fernando Crespo, acusando o atual executivo de "grande falta de sensibilidade por parte do atual executivo sobre a arte pública e a sua importância".
Admitindo que esta é "uma questão que não é de fácil resolução", Luís Albuquerque adiantou esta sexta-feira que o município pediu um parecer que "dá origem à proposta que lhe foi apresentada de a câmara pagar um determinado valor pela escultura, mas muito longe dos 500 mil euros".
"Aguardamos uma resposta, para poder tomar uma decisão final", acrescentou, frisando de que o que teve conhecimento sobre este processo foi o que se passou em reuniões do executivo.
O coração gigante chamado Francisco, vermelho e com uma cruz de cada um dos lados, foi inaugurado em 10 de maio, numa homenagem ao líder da Igreja Católica. A escultura, de cerca de 12 metros de altura e 12 de largura, intitulada "Francisco, o maior coração do mundo", tem dois segmentos, que juntos representam um coração.
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