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Inquérito internacional acusa Israel por ataque à sede da AFP em Gaza

Ataque com um carro de combate terminou sem vítimas porque todas as pessoas foram entretanto retiradas com antecedência.

25 de junho de 2024 às 12:30

Uma investigação realizada por um consórcio de 'media' internacionais esta terça-feira divulgada atribuiu ao exército israelita o ataque de 2 de novembro de 2023 contra a sede da France-Presse na Faixa de Gaza.

O ataque com um carro de combate, lembrou a agência noticiosa EupoliticaropaPress, terminou sem vítimas porque todas as pessoas foram entretanto retiradas com antecedência.

A investigação foi levada a cabo pela France-Presse e por outros meios de comunicação social internacionais, liderado pela Forbidden Stories (Notícias Proibidas), e inclui a pesquisa de imagens de uma câmara instalada no terraço do escritório, que sofreu graves danos materiais, bem como as do rescaldo do ataque e imagens de satélite.

O ataque, realizado menos de um mês após o início da ofensiva militar israelita contra Gaza, na sequência dos atentados de 7 de outubro perpetrados pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), foi concretizado com um projétil de um tanque, uma arma que só Israel possui no contexto do conflito no enclave palestiniano.

O exército israelita declarou na altura que o edifício, situado no bairro de Rimal, na cidade de Gaza, não tinha sido atacado "de forma alguma", mas mais tarde afirmou que o incidente estava a ser investigado, não tendo ainda publicado os resultados das suas averiguações.

A equipa da AFP tinha sido retirada do local a 13 de outubro, na sequência do pedido de Israel para que todos os civis abandonassem a cidade, mas a câmara instalada na varanda do décimo andar continuou a gravar, chegando mesmo a transmitir em direto o ataque por volta do meio-dia de 02 de novembro. Uma segunda câmara, instalada num andar abaixo, continuou a gravar depois do acontecimento.

O Forbidden Stories também afirmou durante o dia que os militares israelitas estavam a utilizar 'drones' (aeronaves não tripuladas) para realizar ataques contra jornalistas e a empregar "múltiplos sistemas de inteligência artificial para gerar alvos", incluindo o "Lavender", "utilizado para criar uma lista de morte de mais de 37.000 pessoas".

Khalil Dewan, advogado e investigador sobre a guerra dos 'drones', afirmou que o exército israelita "ataca alvos com um elevado grau de conhecimento sobre quem está a matar".

"Na guerra dos drones, os telemóveis, os cartões SIM, a utilização de certas aplicações das redes sociais com localização ativada e as transmissões em direto expõem uma pessoa ao mapeamento de alvos", explicou, afirmando que "os 'drones' operam num ecossistema de sinais de inteligência e infraestruturas de comunicação".

Cerca de 50 jornalistas de 13 organizações de comunicação social de todo o mundo estão a trabalhar no projeto de Gaza, que também cobre as operações de Israel na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

"É a nossa forma de dar nova vida a histórias que lhes custaram a vida e a liberdade. Matar jornalistas não vai acabar com a história", afirmou Forbidden Stories.

O exército israelita lançou a sua ofensiva contra a Faixa de Gaza na sequência dos referidos atentados de 07 de outubro, que causaram cerca de 1 200 mortos e levaram ao sequestro de quase 240 pessoas.

Desde então, as autoridades de Gaza, controladas pelo grupo islamita, registaram mais de 37.600 mortos, a que se juntam mais de 520 palestinianos mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental pelas forças israelitas ou em ataques de colonos.

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