Joana Emídio Marques diz que Manuel Alberto Valente tentou beijá-la e relatou episódio nas redes sociais.
Numa publicação reveladora, Joana Emídio Marques, na altura jornalista do Diário de Notícias, procurava um furo jornalístico de que a Porto Editora iria comprar a Assírio e Alvim. Refere que já era "amiga" no Facebook de Manuel Alberto Valente e que este lhe enviava mensagens "pseudo-sexutoras", tendo aceitado um jantar com o então diretor editorial da Porto Editora para discutir a compra da Assírio.
"Ele, cavalheiro, a ajudar-me a despir o casaco, a puxar a cadeira para eu me sentar. Estava eu a ficar bem impressionada, quando ele tira do bolso uma caixinha de comprimidos que espalhou na palma da mão e aproximou do meu rosto e lançou: 'Estás a ver? Não tenho aqui nenhum comprido azul.' Eu, que acabara de conhecer o homem e não queria parecer burra, forcei o meu cérebro a tentar entender a 'piada' mas não consegui. 'Oh', soltou ele, 'não te faças de sonsa'. Assim, logo a tratar-me por tu e a insultar-me de forma velada. Nesse momento eu entendi (se nasces mulher aprendes cedo a descodificar alusões sexuais): o homem estava a mostrar-me, a dizer-me que não tomava Viagra. E aquilo que era para mim um jantar de trabalho tornou-se logo ali uma humilhação", revela.
A jornalista aponta que não se lembra do que foi falado naquele jantar e que não conseguiu saber nada de concreto sobre o negócio da Porto Editora: "Por essa altura já tinham sido medidas as forças. Ele já tinha percebido que não me ia levar para a cama e eu já tinha percebido que sem isso não havia estória. Só história."
O ex-diretor editorial terá então oferecido boleia a Joana Emídio Marques até ao seu carro: "Ele ofereceu-se para me dar boleia até lá. Aceitei. Erro meu. Quando parou o carro e ia dar-lhe os tradicionais 2 beijos de despedida, o Manuel Alberto Valente ainda achou por bem começar a tentar beijar-me na boca, com uma descontração que mostrava que ele deve ter feito isto centenas de vezes. Eu afastei-me e sai do carro. Em silêncio chamei-o de velho porco, em silêncio humilhado chorei até Setubal."
Alberto Valente, de 76 anos, é uma figura de referência da literatura em Portugal, tendo sido durante dez anos diretor editorial das Publicações Dom Quixote, entre 1981 e 1991, e diretor-geral das Edições Asa entre 1991 e 2008, assumindo em 2008 o cargo de diretor editorial da Porto Editora até 2020, de onde saiu reformado. Atualmente escreve uma coluna de opinião no
Alberto Valente, de 76 anos, é uma figura de referência da literatura em Portugal, tendo sido durante dez anos diretor editorial das Publicações Dom Quixote, entre 1981 e 1991, e diretor-geral das Edições Asa entre 1991 e 2008, assumindo em 2008 o cargo de diretor editorial da Porto Editora até 2020, de onde saiu reformado. Atualmente escreve uma coluna de opinião no Expresso. É casado com a conhecida editora Maria do Rosário Pedreira.
Na sua publicação, a também escritora Joana Emídio Marques revela também que contou o episódio a vários amigos e que se queixou, na altura, ao assessor de imprensa da Porto Editora, Rui Couceiro, que reconheceu "haver esse problema", "como quem aceita que pode chover num dia de sol".
A jornalista refere ainda que, há poucas semanas, sofreu assédios ao sair à rua de calções: "Gostava que os jornais mostrassem o rosto das miúdas da província que eu fui, das miúdas dos subúrbios. De todas aquelas que são assediadas só pelo facto de nascerem mulheres e não apenas as 'famosas' que foram vagamente assediadas".
"Gostava que os jornais falassem (também) dos casos de assédio que se passam dentro das redações, nos meios onde, supostamente, reina a liberdade e o humanismo como o meio literário e, se querem imitar as americanas, digam os nomes desses homens, porque a coragem é cousa que não tem limites", escreveu, indicando que o assédio não é uma questão geracional, mas sim uma "questão de perceção da mulher como objeto e não como gente".
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