Presidente fala ao Congresso sobre o Estado da União.
O presidente norte-americano, Barack Obama, fez esta quarta-feira de madrugada [hora de Portugal continental] o seu sexto discurso do State of the Union (Estado da União), uma tradição política iniciada por George Washington que tem sofrido várias alterações ao longo dos séculos.
O primeiro discurso foi proferido pelo primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington, a 8 de janeiro de 1790, diante do Congresso em Nova Iorque, então capital provisória do país.
Em 1801, Thomas Jefferson decidiu descontinuar a apresentação presencial do discurso, por considerar que esta prática tinha características muito associadas ao regime monárquico. Jefferson decretou então que o discurso seria enviado por escrito para o Congresso, medida que vigorou até 1913, ano em que Woodrow Wilson decidiu recuperar o discurso anual ao vivo.
"Ao lado das vítimas do terrorismo"
Barack Obama disse em Washington estar ao lado das vítimas do terrorismo em todo o mundo e pediu ao Congresso novos poderes para enfrentar os militantes islâmicos no Iraque e na Síria.
"Mantemo-nos unidos ao lado das pessoas em todo o mundo que já foram alvo dos terroristas - desde a escola no Paquistão às ruas de Paris", afirmou o presidente norte-americano no discurso anual sobre o Estado da União.
"Vamos continuar a perseguir terroristas e a desmantelar as suas redes", acrescentou.
"Nova era económica"
O presidente norte-americano destacou a entrada dos Estados Unidos numa nova era económica. "Esta noite vamos virar a página" de uma "recessão violenta".
Obama propôs um aumento da carga fiscal sobre as famílias mais ricas, afirmando que iria fornecer detalhes ao Congresso em duas semanas. "Será que vamos aceitar uma economia em que só alguns estão a ter resultados espetaculares?"
O líder norte-americano pediu também para fazer avançar os acordos de livre comércio com a União Europeia e a região da Ásia-Pacífico, solicitando ao Congresso a adoção de um "procedimento acelerado" de negociação.
Embargo sobre Cuba
Barack Obama pediu ao Congresso para levantar o embargo económico contra Cuba, no quadro da reaproximação histórica entre os dois países.
"Este ano, o Congresso deverá começar a trabalhar para acabar com o embargo" que Washington impôs a Havana há mais de meio século, insistiu.
"Potências não podem intimidar"
"Defendemos o princípio de que as grandes potências não podem intimidar os pequenos países e opomo-nos à agressão russa, apoiando a democracia na Ucrânia e tranquilizando os nossos aliados da NATO".
"No ano passado, quando estávamos a trabalhar bastante para impor sanções com nossos aliados, alguns sugeriram que a agressão (do Presidente russo) Vladimir Putin era uma demonstração magistral de estratégia e de força", continuou Barack Obama.
O presidente norte-americano sublinhou que "hoje são os EUA que estão fortes e unidos com os seus aliados, enquanto a Rússia está isolada e a sua economia está a desmoronar-se".
"País de imigrantes"
O presidente pediu ao Congresso a aprovação de uma lei que confirme a tradição dos Estados Unidos como "país de imigrantes".
"Todos podemos reconhecer algo de nós mesmos num estudante perseverante e concordar que ninguém ganha quando se separa uma mãe trabalhadora do seu filho", disse Obama no seu penúltimo discurso sobre o Estado da União perante as duas câmaras do Congresso norte-americano.
Obama voltou a pedir uma reforma migratória e manteve a posição que defendeu em novembro, quando anunciou medidas para beneficiar cinco dos mais de 11 milhões de indocumentados que vivem no país.
"Alterações climáticas"
Obama disse no seu discurso que não há "maior ameaça para as gerações futuras do que as alterações climáticas".
O líder dos EUA afirmou que não vai permitir aos deputados que "ponham em perigo a saúde das crianças ao atrasarem o relógio" no âmbito do combate às alterações climáticas.
"2014 foi o ano mais quente do planeta desde que há registos. (...) Ouvi dizer que algumas pessoas querem ignorar a evidência afirmando que não somos cientistas, que não dispomos de informação suficiente para atuar. Bem, eu também não sou cientista, mas conheço muitos, muito bons", afirmou.
"Igualdade salarial"
O presidente norte-americano instou o Congresso a aprovar uma lei que garanta a igualdade salarial entre homens e mulheres e comprometeu-se a agir para a tomada de medidas sobre as licenças de maternidade e baixa por doença.
"Nada ajuda melhor as famílias a fazer face às despesas do que um melhor salário. É por isso que o Congresso deve aprovar uma lei que garanta que o salário da mulher seja igual ao do homem sempre que desempenhar as mesmas funções", afirmou Barack Obama no seu discurso sobre o Estado da União.
"Estamos em 2015. Este é o momento", acrescentou.
"Encerrar Guantánamo"
Obama disse não desistir dos seus esforços para encerrar a prisão situada na base norte-americana de Guantánamo, em Cuba, conforme prometeu no início do seu mandato.
"É tempo de acabar o trabalho. Estou decidido e não vou desistir até encerramos a prisão", disse Obama durante o seu discurso sobre o Estado da União no Congresso em Washington.
Segundo a agência Efe, atualmente permanecem 122 presos no centro prisional de Guantánamo, aberto pela administração de George W. Bush após os atentados de 11 de setembro de 2011 nos Estados Unidos e que foi destinado a albergar detidos suspeitos de terrorismo.
Contra antissemitismo
O presidente dos EUA denunciou o ressurgimento do antissemitismo em "certas partes do mundo" e condenou os "estereótipos" contra os muçulmanos, no seu discurso sobre o Estado da União.
"Como americanos, nós respeitamos a dignidade humana (...). É por isso que nos expressamos contra o deplorável ressurgimento do antissemitismo em algumas partes do mundo. É por isso que continuamos a rejeitar estereótipos insultantes contra os muçulmanos, cuja grande maioria partilha o nosso compromisso para com a paz ", disse Obama perante o Congresso.
O atual discurso sobre o Estado da União é proferido poucos dias depois do ataque a 0 de janeiro contra o jornal satírico francês Charlie Hebdo. Este ataque esteve na origem de manifestações em defesa da liberdade de imprensa, seguidas de protestos e atos de violência em vários países muçulmanos após a publicação de uma nova caricatura do profeta Maomé no Charlie Hebdo.
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