Até final de julho, a cereja empresta cor às encostas da serra da Gardunha.
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O tempo da cereja já chegou e, salvo alguma calamidade meteorológica, os produtores do Fundão preparam-se para uma das melhores campanhas dos últimos anos.
A apanha começa na segunda metade deste mês com as variedades mais precoces que, por serem novidade, chegam a ser comercializadas a 10 euros o quilo, e deverá prolongar-se até final de julho.
Na Cerfundão, que recolhe, trata, embala e comercializa a cereja de mais de meia centena de produtores, a expectativa, avança Luís Pinto, diretor-geral da instituição, "é processar, no mínimo, 800 toneladas e conseguir um volume de negócios entre os 3,5 e os 4 milhões de euros".
"Números conservadores", admite o responsável, que revela alguma cautela em relação à mudança das condições climatéricas. Até porque, recorda Luís Pinto, "devido ao mau tempo em 2018, ficaram nos pomares dos associados da Cerfundão mais de 350 toneladas de cereja estragada, que tinha como destino a exportação".
Este pequeno concelho da Beira Baixa é hoje responsável por quase 50 por cento da cereja produzida em Portugal. "São mais de dois mil hectares de pomares a produzir qualquer coisa como sete mil toneladas de cereja cada vez com maior qualidade", afirma Paulo Fernandes, presidente da câmara municipal que há quase 10 anos vem investindo na divulgação da marca Cereja do Fundão.
Para este ano, o investimento do município é de 50 mil euros. Um valor irrisório, diz o autarca, "tendo em conta que a fileira da cereja representa para o concelho mais de 20 milhões de euros".
Cultura da cereja atrai cem mil visitas ao Fundão
A campanha da cereja decorre, tradicionalmente, entre maio e meados do mês de julho.
Durante dois meses e meio, as encostas da serra da Gardunha, onde se situam a maior parte dos pomares, são invadidas por cerca de 1500 trabalhadores sazonais que, diariamente, tentam repor nos supermercados ou nas barraquinhas de beira de estrada a fruta que o mercado vai absorvendo a um ritmo alucinante. Mas o valor deste ‘ouro vermelho’ não se limita ao que é vendido em banca. A cereja começa a render para a economia local três meses antes de poder ser consumida.
A partir de março, em plena época da floração, milhares de turistas rumam ao Fundão para desfrutarem de caminhadas, maratonas fotográficas e passeios de bicicleta, de comboio e até de balão pelos pomares da região.
Já durante a campanha, há quem pague para ter a experiência de apanhar cereja ou apadrinhar uma cerejeira. Um programa da responsabilidade da autarquia que, em alguns anos, chega a atingir as quatro mil inscrições.
Por fim, no ponto alto da campanha, a Festa da Cereja de Alcongosta, que este ano decorre entre os dias 7 e 10 de junho, tem mobilizado uma média de 50 mil visitantes e 150 excursões nas últimas edições.
Durante os dias do evento, os hotéis, pousadas, albergues e unidades de turismo rural da região costumam esgotar a lotação.
Entre março e julho, a autarquia estima que o concelho receba cerca de 100 mil visitas relacionadas com a cultura da cereja. A componente turística, afirma Paulo Fernandes, presidente da Câmara Municipal do Fundão, "é um complemento fundamental à produção e comercialização do fruto e acaba por envolver e dinamizar todos os outros setores de atividade no concelho, como a restauração e a hotelaria".
Segundo o autarca, "as unidades hoteleiras do Fundão registaram no último ano mais de 100 mil dormidas e a maior parte estará relacionada com as atividades organizadas em função do calendário agrícola do concelho, em que a cereja se destaca sobre o queijo, os míscaros, a castanha, o vinho e o azeite".
Mundo para descobrir entre Estrela e o Tejo
em tempo de cereja é obrigatória a visita à serra da Gardunha e às localidades de Alcongosta, Donas, Vale de Prazeres, Castelo Novo, Alpedrinha ou Aldeia Nova do Cabo, onde se situam grande parte dos pomares. Mas para quem quiser variar, há muito por onde escolher: entre os parques naturais da serra da Estrela e do Tejo Internacional há rotas por Aldeias Históricas, Aldeias de Montanha, e pelas Aldeias do Xisto que valem a pena experimentar.
A oferta de alojamento também é variada e vai do conforto dos hotéis clássicos ao requinte rural do qual o Cerca Design House, na aldeia de Chãos, é um dos melhores exemplos.
Para apreciar a gastronomia local a escolha é ainda maior, mas entre o Mário e o Alambique d’Ouro, os visitantes ficarão bem servidos.
CURIOSIDADES
Vinte milhões
A fileira da cereja no concelho do Fundão vale mais de 20 milhões de euros, num município com uma população de 28 mil pessoas.
Certificação
A cereja do Fundão tem, a partir deste ano, Certificação de Indicação Geográfica. "Para manter a qualidade e evitar fraudes", defende o autarca Paulo Fernandes.
Fibras e vitamina C
Fruto rico e tem uma quantidade generosa de fibras e de vitamina C. Têm baixo valor calórico e são ricas em compostos bioativos.
Ajudam a dormir
São uma fonte de melatonina. Estudo de 2010 revela que as pessoas que bebiam sumo de cereja adormeciam mais cedo e dormiam durante mais tempo.
Antioxidante
Contribuem para uma recuperação pós-treino devido às suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Expressões
‘Conversas são como as cerejas’, ‘Cereja no topo do bolo’. Duas expressões que fazem parte do nosso dia a dia.
Conservação
Conservadas no frigorífico, sem serem lavadas ou tapadas, aguentam cerca de uma semana.
Produtores
Os maiores produtores de cereja do Mundo são, em ordem decrescente, a Turquia, os EUA, Irão, Itália e Espanha.
RECEITAS
Compota de Cereja
Ingredientes:
2 kg de cerejas bem lavadas
800 g de açúcar
150 ml de Vinho do Porto
Preparação:
Retire os pedúnculos às cerejas e, com a ajuda de um descaroçador, retire o caroço.
Coloque as cerejas numa panela. Junte o açúcar e o vinho do Porto. Mexa com uma colher. Leve ao lume e coloque a tampa, sem tapar totalmente.
Deixe cozinhar em lume médio até que levante fervura.
Quando começar a ferver, baixe o lume e deixe cozinhar em lume brando durante 1 hora.
Mexa de vez em quando para que não agarre ao fundo.
Com a ajuda de uma escumadeira, retire metade das cerejas para uma tigela. Passe muito bem com a varinha mágica a metade que ficou na panela. Ao doce, misture as cerejas que reservou e mexa bem. Deixe cozinhar em lume brando, aproximadamente mais 10 minutos até que fique no ponto pérola.
Distribua a compota por frascos esterilizados. Feche bem e vire-os ao contrário até que a compota arrefeça.
Semifrio de cerejas
Ingredientes:
500 g de cerejas sem caroço
200 g de queijo mascarpone
200 g de bolachas simples de chocolate
200 g de manteiga amolecida
2 dl de natas
1 lata de leite condensado
6 folhas de gelatina
Para a cobertura:
5 dl de sumo de cereja 7 folhas de gelatina
Preparação:
Triture as bolachas de chocolate até ficarem tipo pão ralado, deite para uma tigela, junte a manteiga amolecida e misture. Deite no fundo de uma forma de abrir, espalhe, pressione bem com a ajuda de uma colher e leve ao frio. Ponha as folhas de gelatina a demolhar em água fria durante 5 minutos, depois escorra-as e leve-as a derreter em banho-maria ou no micro-ondas sem deixar ferver.
Bata as natas em chantilly espesso, adicione o queijo mascarpone e bata mais um pouco. Junte depois o leite condensado, misture bem, adicione a gelatina derretida e mexa bem. Deite dentro da forma, espalhe em cima as cerejas sem caroço e leve ao frio até solidificar.
Prepare a cobertura: ponha a gelatina a demolhar em água durante 5 minutos, depois escorra-a e deite-a para um tacho. Junte 1 dl do sumo de cereja e leve ao lume, mexendo sempre até ficar bem derretida.
Retire do lume, adicione ao resto do sumo, mexa bem, deite em cima da mistura já solidificada na forma e leve de novo ao frio até ficar firme. Antes de servir, passe a ponta de uma faca pelos rebordos da forma, desenforme e sirva.
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