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Passos e Cristas muito críticos da atuação do Governo no caso de Tancos

Líder do PSP fala de "tiques de autoritarismo", Cristas pede cabeça de Azeredo. BE quer "esclarecimento cabal".

23 de setembro de 2017 às 14:02

O líder do PSD acusa o Governo de "tiques de autoritarismo" por ocultar ao parlamento informações sobre o furto de material de guerra em Tancos e questionou se o Presidente da República está a par do relatório divulgado este sábado.

À margem de um almoço de apoio ao candidato do partido à Câmara Municipal de Marco de Canaveses, José Mota, Pedro Passos Coelho referiu-se ao relatório dos serviços de informações militares noticiado pelo Expresso sobre o furto de armas em Tancos que, segundo o jornal, "arrasa ministro e militares".

"Não sei se o senhor Presidente da República está a par do que se passa, mas o parlamento não sabe de nada, temos de comprar o Expresso ao sábado para saber o que se passa com o Orçamento, para saber o que passa com os paióis militares, para termos as notícias que o Governo tem a obrigação de prestar ao parlamento?", questionou.

Passos Coelho lembrou que também já pediu publicamente ao governo a divulgação do relatório do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras sobre a alteração à lei da imigração, até agora sem resposta.

"Viram-no? Eu ainda não vi. Este Governo tem tiques de autoritarismo, é este o nome que temos de dar a estes comportamentos", acusou, defendendo que o Governo tem de prestar informação ao parlamento sobre matérias graves como as que citou.

Para o líder social-democrata, "o Governo, a começar no primeiro-ministro e a acabar nos ministros, ocultam informação que têm e pelos vistos ainda dão ralhetes" a deputados no parlamento, referindo-se a uma parte da notícia do Expresso, segundo a qual António Costa teria admoestado os deputados socialistas da Comissão de Defesa por não terem defendido o ministro Azeredo Lopes.

A este propósito, Passos Coelho lamentou que os partidos que apoiam o Governo "se ouçam tão fininho".

"Se tivesse acontecido num governo PSD teria havido uma gritaria enorme. Que diferença, que diferença", lamentou.

Passos Coelho salientou que o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, já deu entrevistas, já foi ao parlamento, mas ainda não esclareceu o que se passou com o furto de material de guerra em Tancos há mais de dois meses.

"Numa coisa grave para a segurança do país, da Europa, o ministro ou desconversa ou não diz nada", criticou Passos Coelho, estendendo ao resto do Governo a acusação de "desrespeitar" a Assembleia da República e contrapondo que, quando era ele próprio primeiro-ministro, "ia ao parlamento prestar contas".

Passos Coelho lembrou que a Presidência da República é "um órgão de soberania com um papel relevante em matéria de defesa nacional", questionando se Marcelo Rebelo de Sousa está a par do relatório que deixa "graves acusações quer ao poder político, quer à própria instituição".

Cristas volta a pedir a cabeça do ministro da Defesa

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, disse este sábado que o ministro da Defesa "não esteve à altura das suas responsabilidades" e "do cargo que desempenha" no caso do desaparecimento de armas de guerra em Tancos.

"Este relatório vem confirmar aquilo que foi sempre a preocupação e a linha do CDS, quando afirmou que o ministro da Defesa não esteve à altura do seu lugar e das suas responsabilidades", afirmou aos jornalistas Assunção Cristas, adiantando que o partido "não mudou de opinião" quanto à demissão de Azeredo Lopes, que "naturalmente tem de ser responsabilizado por esta situação".

O relatório refere que o ministro atuou com grande "ligeireza, quase imprudente", sendo-lhe apontadas "declarações arriscadas e de intenções duvidosas" e uma "atitude de arrogância cínica" na condução de todo o processo.

"Este relatório parece confirmar que este caso foi tratado com uma imensa ligeireza, com uma grande falta de responsabilidade e com uma grande incapacidade de reação ao nível que seria exigível e desejável para um estado de direito que é Portugal", sustentou Assunção Cristas.

Para a presidente do CDS-PP, este episódio "é muito grave", foi "profundamente desvalorizado" e precisa de um apuramento das responsabilidades a todos os níveis, nomeadamente ao nível político.

Bloco de esquerda pede "esclarecimento cabal"

A coordenadora do BE, Catarina Martins, afirmou este sábado que continua "a aguardar esclarecimentos cabais do Governo" sobre o furto de armas em Tancos, mas escusou-se a comentar o relatório dos serviços informações militares sobre o caso.

"Como compreende eu não posso comentar um relatório que não conheço. O relatório é secreto, é dos serviços de informações, há notícias sobre o relatório, mas nós não conhecemos o relatório. Sobre essa matéria não posso dizer absolutamente nada", respondeu Catarina Martins aos jornalistas durante uma ação de campanha autárquica em Amarante, distrito do Porto.

O BE continua, de acordo com a líder, "a aguardar esclarecimentos cabais do Governo" e insiste que "todas as consequências devem ser retiradas", até porque "ainda está muito por esclarecer".

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