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Uso regular de aspirina reduz risco de alguns cancros

Em particular do trato gastrointestinal.

03 de março de 2016 às 16:00

O uso regular de doses reduzidas de aspirina reduz o risco de alguns cancros, em particular do trato gastrointestinal, segundo um estudo esta quinta-feira publicado pela revista científica JAMA Oncology.

A investigação, liderada por Andrew T. Chan, do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, resulta da análise de dois grandes estudos epidemiológicos que envolveram 135.965 mulheres e homens nos EUA. Os autores documentaram 20.414 cancros em 88.084 mulheres e 7.571 cancros em 47.881 homens ao longo de 32 anos.

O uso de aspirina duas ou mais vezes por semana foi associado a uma redução do risco de cancro em três por cento, valor que sobe para 15 por cento no caso dos cancros do trato gastrointestinal e para 19% nos cancros do cólon e do reto, revelam os resultados.

No entanto, não foi registada qualquer associação entre o uso de aspirina e o risco de outros tumores de grande incidência, como o cancro da mama, da próstata ou do pulmão.

O efeito protetor da aspirina foi registado ao fim de cinco anos de uso continuado e com dosagens de entre meio comprimido e comprimido e meio por semana ou um comprimido diário de dosagem reduzida (usado para a prevenção de doenças cardiovasculares).

Ao nível da população em geral, os autores admitem que o uso da aspirina possa prevenir 17% dos cancros colo-retais entre aqueles que não realizam colonoscopias e 8,5% dos tumores entre os que são submetidos àquele exame de diagnóstico. Os investigadores acreditam que o uso regular de aspirina poderia prevenir até 30.000 tumores do trato gastrointestinal por ano nos EUA.

Resultados não são definitivos

Os autores do estudo sugerem que, no caso do trato gastrointestinal, a aspirina poderá influenciar mecanismos adicionais importantes na formação do cancro, o que explicaria a associação mais forte com o uso de aspirina e os cancros gastrointestinais.

Os cientistas admitem que os resultados de um estudo desta natureza não são tão definitivos como os de um ensaio clínico aleatório, mas sugerem que a aspirina poderá ser "uma potencial alternativa de baixo custo aos rastreios do cancro colo-retal por colonoscopia em ambientes de recursos limitados ou um complemento" em lugares onde estes programas já existem, mas onde a adesão aos rastreios não é a melhor.

No entanto, o investigador sublinha que os pacientes teriam de ser bem informados sobre os potenciais efeitos secundários do uso regular de aspirina e que deveriam continuar a fazer os seus exames de rastreio regulares.

Segundo o relatório Globocan 2012, da Organização Mundial de Saúde, o cancro colo-rectal é a terceira causa de morte por cancro em todo o mundo, com cerca de 1,4 milhões de novos casos por ano.

De acordo com o relatório sobre doenças oncológicas em Portugal divulgado hoje, o cancro do cólon matou 2.687 pessoas em 2014, enquanto o cancro do reto foi responsável por 1.073 óbitos. Estes dados colocam Portugal no pior quartil da Europa em termos de cancro colo-retal.

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