“A Guerra dos Trigos. Uma História Geopolítica dos Cereais”, do historiador Scott Reynolds Nelson, revela como os cereais foram sempre um agente silencioso de revoltas e revoluções.
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O tema não podia ser mais oportuno. O livro foi escrito antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, mas a escalada da guerra trouxe novamente os cereais para o primeiro plano das preocupações mundiais e a discussão do livro para cima da mesa. Na verdade, o tema vem bem de trás; por todo o mundo, Reis, rainhas, aristocratas, sultões e czares tiveram sempre nos cereais a alavanca para o poder, usando-o em seu benefício para controlar a população. Hoje, como no passado, o controlo do pão continua a determinar guerras, como um bem básico e essencial que é: "O trigo é um alimento da fome" diz o autor. "É a última coisa que as pessoas vão parar de consumir".
A situação atual é apenas mais um episódio numa já longa e dramática história. Não por acaso, este livro começa em Odessa, Ucrânia, o ponto nevrálgico da distribuição de cereais na Europa. O livro revela como conspiradores e chefes de Estado, trabalhadores e empresários, filósofos e economistas, transformaram a disputa humana pelo pão de cada dia em guerras e impérios, revoluções e conquistas, banquetes e fomes. Esta obra conduz os leitores desde os celeiros e as antigas rotas comerciais da Europa até à Guerra Civil dos EUA e ao fim da escravatura, à fundação de impérios, aos massacres da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa e, finalmente, ao mundo contemporâneo.
No dia 11 de fevereiro às 16h, quase um ano após o início da guerra na Ucrânia, o Museu do Pão apresenta no seu espaço do bar-biblioteca o livro "A Guerra dos Trigos. Uma História Geopolítica dos Cereais", com moderação de Carlos Vaz Marques, editor do livro, tradutor e jornalista, apresentação de Carlos Faísca, historiador e economista que se dedica ao estudo dos sistemas agrários de sequeiro em perspetiva histórica e Tiago Espinhaço Gomes, economista e consultor em temas ligados a estratégia, finanças e políticas públicas. A sessão conta ainda com um depoimento gravado de Scott Reynolds Nelson, o autor do livro.
O evento é de entrada livre e participação gratuita, mas a pré-inscrição é recomendada. Inscreva-se através do email museu@museudopao.pt
Sobre o autor
Scott Reynolds Nelson é historiador e especialista em domínios que vão da história americana do século XIX à história económica internacional, passando por temas como a circulação global de matérias-primas ou os desastres financeiros a nível mundial. Foi bolseiro de investigação de instituições prestigiadas como a Universidade de Harvard, a École des Hautes Études en Sciences Sociales, de Paris, ou a Fundação Guggenheim. É professor na Universidade da Geórgia.
Sobre os oradores
Tiago Espinhaço Gomes tem +10 anos de experiência profissional em posições de aconselhamento a decisores do setor público e privado. Trabalhou em 8 países diferentes, principalmente em temas ligados a estratégia, finanças e políticas públicas. Atualmente é Diretor de Estratégia e Analítica no Departamento de Recursos Humanos da MC Sonae. Anteriormente foi Consultor de gestão na Oliver Wyman e na Mckinsey. Foi ainda Assessor do Ministro das Finanças (durante o programa de ajustamento FMI-BCE-CE) e Economista no Conselho das Finanças Públicas. É Licenciado em Economia pela Universidade do Porto (FEP) e fez o seu programa Erasmus na Universidade de Tampere (Finlândia).
Carlos Manuel Faísca é Licenciado em História (FCSH/UNL) e Doutorado em Economia (U. Extremadura) com uma tese sobre o desenvolvimento do setor corticeiro no Alentejo. Atualmente, além de Professor Auxiliar Convidado na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, é investigador no Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra (CEIS20). Neste centro de investigação, colaborando com os projetos ReSEED e DryMed, dedica-se sobretudo ao estudo dos sistemas agrários de sequeiro em perspetiva histórica de longo prazo, muito embora também tenha interesse em problemáticas que se relacionam com os fatores de localização da atividade económica.
Carlos Vaz Marques (1964) é editor, tradutor e jornalista. Criou em 2022 a editora Livros Zigurate, dedicada à não-ficção e vocacionada para temas de grande actualidade tratados de forma aprofundada. É autor premiado de programas de rádio e de televisão. Foi, até 2018, o director da revista literária Granta Portugal, publicada pelas Edições Tinta-da-china desde 2013. Dirige, também na editora Tinta-da-china, a Colecção de Literatura de Viagens, já com mais de meia centena de títulos publicados. Traduziu mais de uma dezena de obras literárias e tem quatro livros de entrevistas publicados, um deles no Brasil.
Sobre o Museu do Pão
O Museu do Pão oferece uma experiência multissensorial através da visita às quatro salas temáticas do museu, um bar-biblioteca, uma mercearia tradicional e um restaurante. Recolhe continuamente, preserva e exibe objetos e património do pão português nas suas vertentes etnográfica, política, social, histórica, religiosa e artística. A transversalidade do tema "Pão" faz deste espaço um verdadeiro ícone independente de idade, género, raça ou credo.
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