BD perde mestre Moebius

Era francês, tinha ar franzino e postura de intelectual, mas vivia e trabalhava para o sonho. Fosse o das paisagens áridas do Oeste americano ou o dos mundos paralelos da ficção científica. Artista multifacetado, Jean Giraud morreu ontem, aos 73 anos, em Paris, vítima de doença prolongada. Reconhecido dos Estados Unidos ao Japão, Moebius – pseudónimo que usou em muitas obras – deixou os fãs de banda desenhada de luto.

11 de março de 2012 às 01:00
artista, frança, blueberry, Jean Giraud, óbito, banda desenhada, marvel Foto: d.r.
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A sua principal criação, o tenente ‘Blueberry', tornou-se fenómeno de culto desde que foi lançado, em 1963. Herói atípico, o protagonista deu nas vistas por se distanciar da imagem de ‘cowboy' que se assumia como justiceiro errante nos westerns americanos. A arte de Giraud estava na profundidade das personagens - como os índios que não eram ilustrados como meros vilões, mas antes seres humanos com direitos - e no traço claro sem sombras, alvo de elogios à semelhança de ‘Corto Maltese', do colega italiano Hugo Pratt.

Nascido em Paris, no ano de 1938, Giraud estudou ilustração e começou por trabalhar em publicidade logo aos 18 anos. Depois do êxito de ‘Blueberry', assumiu aquela a que chamava a sua "segunda personalidade": já como Moebius, assinou diversos trabalhos de ficção científica, seja os seis volumes de ‘Incal' ou até a co-produção de uma aventura de ‘O Surfista Prateado', de Stan Lee, para a Marvel.

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"Tenho dois pólos, dois gestos", disse um dia, em entrevista, sobre si e o pseudónimo, Moebius. Talvez por isso, ontem, o ministro da Cultura francês, Frédéric Mitterrand, tenha dito que o país - e a banda desenhada mundial - perderam num só dia "dois grandes artistas".

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