Morna chora a morte de Celina Pereira

Vivia em Portugal desde 1970 mas sempre assumiu o compromisso de honrar a música de Cabo Verde.

18 de dezembro de 2020 às 08:20
Celina Pereira Foto: Tiago Sousa Dias
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Deixou Cabo Verde em 1970 para estudar em Portugal mas “razões do coração”, como disse um dia, acabaram por lhe trocar as voltas e por cá ficou. Celina Pereira era uma das maiores representantes da morna, mas não só. A cantora que dizia que tinha descoberto “um Cabo Verde em Portugal onde podia exercer a sua cidadania”, a mulher que carregava nos olhos o verde da sua terra e dizia precisar da “música do mar”, morreu esta quinta-feira aos 75 anos de idade num lar na Almada, vítima de doença prolongada. Quis o destino que partisse no mesmo dia em que a diva maior da música de Cabo Verde, Cesária Évora, também deixou a morna de luto, em 2011.

Natural da ilha da Boa Vista, Celina Pereira herdou da família a veia artística. O seu avô paterno, por exemplo, pai de 17 filhos e padre católico, era filólogo, poeta, músico e pintor.

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Preocupada com as questões da preservação da memória coletiva do povo cabo-verdiano, vinha cumprindo, nos seus discos, o compromisso de tentar recuperar a riqueza e diversidade da cultura musical da sua terra, recuperado mazurcas, cantigas de casamento e mornas, cantigas de roda, lunduns, choros, lengalengas e toadas rurais. Em 2003, o então Presidente da República, Jorge Sampaio, condecorou-a com a Medalha de Mérito (grau comendadora) pelo seu trabalho na educação e cultura cabo-verdianas, mas viria a comentar: “Não me deem prémios mas cheques para pagar as contas.”

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