Prémio Nobel da Literatura atribuído a László Krasznahorkai
Prémio foi anunciado esta quinta-feira pela Real Academia Sueca.
O Prémio Nobel da Literatura foi atribuído ao autor húngaro László Krasznahorkai "pela sua obra convincente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte", anunciou, esta quinta-feira, a Real Academia Sueca, em Estocolmo.
Este é o quarto dos Nobel desde ano a ser anunciado, depois do da Fisiologia ou Medicina, do da Física e do da Química, ficando a faltar o galardão da Paz. O equiparado Prémio das Ciências Económicas ou Economia, criado em homenagem a Alfred Nobel e atribuído desde 1969, é anunciado a 13 de outubro, segunda-feira.
Segundo a academia, László Krasznahorkai "é um grande escritor épico na tradição da Europa Central, que se estende de Kafka a Thomas Bernhard, e é caracterizada pelo absurdo e pelo exagero grotesco. Mas ele também olha para o Oriente adotando um tom mais contemplativo e cuidadosamente calibrado. O resultado é uma série de trabalhos inspirados pelas impressões profundas deixadas pelas suas viagens à China e ao Japão".
O escritor húngaro, que liderava a preferência nas casas de apostas do Prémio Nobel da Literatura, é autor de romance, ficção breve e guiões, colaborador do realizador Béla Tarr e tem publicado em Portugal apenas o seu primeiro romance, "O Tango de Satanás", editado pela Antígona, mas que se prepara para lançar o "Herscht 07769", pela Cavalo de Ferro, e estará presente no Festival Fólio, em Óbidos.
László Krasznahorkai nasceu em 1954 na pequena cidade de Gyula, no sudeste da Hungria, perto da fronteira romena, localidade que serviu precisamente de inspiração para criar a zona rural remota que serve de cenário para "O Tango de Satanás", de 1985, que foi uma sensação literária na Hungria e o trabalho que impulsionou o autor.
O romance retrata, em termos poderosamente sugestivos, um grupo pobre de residentes numa pequena comunidade isolada e ao abandono na planície húngara, batida pelo vento e pela chuva incessante, que se confronta com o regresso do misterioso Irimiás - demónio ou messias, trapaceiro ou salvador -, que se julgava morto e que dividirá para conquistar.
Esta obra, uma meditação sobre a crença em falsos profetas no rescaldo de utopias falhadas, deu origem a um filme de culto homónimo, realizado por Béla Tarr, em 1994.
A crítica americana Susan Sontag definiu-o como o "mestre do apocalipse" da literatura contemporânea, julgamento a que chegou depois de ter lido o seu segundo livro da autora "Az ellenálás melankóliája" ("A Melancolia da Resistência", em tradução livre).
László Krasznahorkai tornou-se hoje o 122.º segundo escritor a ganhar o Prémio Nobel da Literatura, galardão instituído em 1901 pela Academia Sueca para distinguir autores que fizeram notáveis contribuições ao campo da literatura, com um valor pecuniário superior a 900 mil euros.
Até hoje foram distinguidos 104 homens e 18 mulheres.
As apostas para o prémio davam o escritor húngaro como favorito, seguindo do escritor indiano Amitav Ghosh, do japonês Haruki Murakami e da chinesa Can Xue.
No ano passado, o Prémio Nobel da Literatura foi atribuído a Han Kang, "pela sua prosa poética intensa que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana". Segundo a Academia, "a grande revelação internacional de Han Kang deu-se com o romance "A vegetariana", 2015.
Os prémios Nobel, criados em 1895 pelo químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel (inventor da dinamite), foram atribuídos pela primeira vez em 1901.
A cerimónia de entrega dos prémios será no dia 10 de dezembro, quando se assinala o aniversário da morte de Alfred Nobel, que morreu em 1896.
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