Santa Comba Dão vai ter um museu do Estado Novo dedicado ao regime de Salazar
Historiadores temem que se transforme em local de romaria para apoiantes do fascismo.
O Centro Interpretativo do Estado Novo, dedicado ao regime liderado por António Oliveira Salazar, vai abrir depois do verão.
A localização é a freguesia do Vimieiro, em Santa Comba Dão, onde o ditador português nasceu. "As obras começam dentro de duas ou três semanas e a abertura de portas está prevista para daqui a três meses", revelou o presidente da autarquia local, Leonel Gouveia, ao Expresso. De início, a entrada no espaço, localizado na antiga Escola-Cantina Salazar, será gratuita.
Segundo o presidente da Câmara de Santa Comba Dão, numa primeira fase, o espaço terá duas salas de exposições temporárias com mais conteúdos multimédia e interativos do que objetos pessoais de Salazar, Mais tarde, confessou, uma parte da memorabilia do antigo Presidente do Conselho ficará disponível ao público. Após polémica com o sobrinho-neto do ditador Rui Salazar de Melo, a autarquia passou a deter a totalidade do espólio, a casa onde nasceu Salazar, a adega e a quinta do ditador.
"O meu antecessor trabalhou muito mal este projeto, tendo causado muita celeuma, a favor e contra o Centro Interpretativo. Mas este será um local para o estudo da história do Estado Novo. Não um santuário destinado a nacionalistas, nem um museu onde se vai diabolizar o estadista de Santa Comba Dão", garante o autarca.
Ainda assim, Fernando Rosas, historiador especialista em Estado Novo, teme que Santa Comba Dão acabe por se transforme num centro de "romagem dos saudosos do fascimos", como acontece com Predappio. A pequena localidade italiana é o local onde nasceu e está sepultado o ditador Benito Mussolini. Para Irene Pimentel, perceber o salazarismo é "fundamental" para perceber Portugal, mas é preciso cuidado. "O problema é quem o faz e como é feito", disse a historiadora ao semanário, defendendo a necessidade de que tudo seja contextualizado historicamente.
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